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"A fórmula "Estado de direito" sugere que entre o comando de quem exerce a soberania e a norma subsista uma estreita relação. Se quisermos dar à expressão "Estado de direito" um significado forte, impressivo, convém pensar numa relação empenhada entre o direito e o poder soberano: uma relação em consequência da qual a vontade soberana encontra limites não só formais mas substanciais.
O "Estado de direito" é um Estado submetido ao direito: um poder submetido à lei. E a lei e o direito não podem ser formas vazias de conteúdo ou um conjunto regulamentar de interesses contingentes de que hoje nos servimos e amanhã se deitam fora como quaisquer lenços de papel. O direito condensa, em si, valores, expectativas, visões socialmente partilhadas num determinado contexto histórico.
O poder judicial independente, num "Estado de direito", não é uma benesse do poder executivo ou do poder legislativo aos "governados". É uma exigência dos cidadãos em democracia.
Um poder judicial independente constitui uma garantia de que a lei e o direito não são meras formulações abstractas e de que nem uma nem outro são instrumentos ao serviço dos mais fortes.
Um poder judicial independente, mais do que garantir que a lei é igual para todos, tem de garantir que todos são iguais perante a lei."
Sem veleidades jurídicas, queria aqui colocar algumas questões:
1 - O RJFD é constitucional? Já foi apreciado pelo TC, ou estará para apreciação? Que instituição (ou instituições, ou entidades) tem competência para o enviar ao TC para apreciação?
2 - O RJFD é ou não uma intromissão do Estado no livre associativismo?
3 - Num Estado de Direiro deve ser a AG de uma federação a eleger o CD e o CJ?
4 - A representação numa AG de uma modalidade profissional terá de ser semelhante à representação numa AG de uma modalidade não-profissional?
5 - Das sessenta e tal federações que adaptaram os seus estatutos, nenhuma o fez contornando a lei?
Isto porque, segundo a minha modesta opinião, a lei serve para quatro coisas: (1) para ser cumprida; (2) para ser violada e aplicadas as respectivas sanções; (3) para ser contornada e (4) para ser modificada.
Francisco Vieira, em http://aladerei.e-xadrez.com escreveu o que passo a transcrever com a devida vénia:
ResponderEliminar"O Prof. José Manuel Meirim tem estado quase isolado nessa luta pela denúncia da inconstitucionalidade e ilegalidade de determinados preceitos do novo Regime Jurídico das Federações Desportivas. E, os principais interessados na sua revogação ou pelo menos na correcção das ilegalidades são precisamente quem defende o seu cumprimento sem hesitações. Masoquismo ou algo mais?
Se os argumentos mais ouvidos a muitos dirigentes do xadrez forem dominantes nas outras modalidades, percebe-se bem ao estado de servilismo a que chegámos. Provavelmente não teremos chegado a tanto, mas não deixa de ser sintomático.
«Não façam ondas», quando não mesmo o silêncio de quem não se quer comprometer, é o sentimento e das frases mais ouvidas nos corredores e mesmo nas próprias assembleias, sobre esta matéria, como já me foi respondido por um director federativo, (com o peregrino argumento e medo(?) de que) não fosse o IDP fechar a torneira… (o subsídio anual vitalicio).
Antes da crise era esta a forma de pensar, Com a crise instalada, se a forma de pensar não se alterou, terá aumentado o medo da perca do rendimento mínimo.
As questões colocadas não vão ficar sem resposta da minha parte."
Obrigado Francisco!
Com a ajuda preciosa do Prof. Meirim, adiciono o seguinte para se fazer luz:
ResponderEliminar1º - Existem 7 processos a correr termos nos tribunais administrativos e em todos são colocados questões de constitucionalidade. Quando haja decisão do tribunal administrativo, das duas uma: ou ele aplica a norma ou desaplica-a por ser inconstitucional. Em ambas situações haverá sempre recurso para o TC;
2º Há uma entidade que pode enviar o RJFD para o TC: o Provedor de Justiça. O PGR e mais uns quantos, podem requer a declaração de incostitucionalidade dos diplomas. O que geralmente sucede é os cidadãos ou as suas associações apresentarem uma exposição a tais entidades. A entidade abre um processo administrativo, estuda a coisa e, caso entenda que sim, avança para o TC. Caso contrário, fica por ali.
3º - Algumas associações de futebol apresentaram a questão ao Provedor de Justiça, no final do ano, para esse fim.