O MODELO REPRESENTATIVO IDEAL
Pretendemos agora apresentar, numa visão pessoal, aquilo que deveria ser na opinião do autor, o modelo representativo ideal para o Karaté a nível nacional.
Começaríamos por defender o centro de prática (o dojo) como o principal associado ordinário da Federação. Implicaria uma representação universal de todos os praticantes através do seu treinador e economicamente revelar-se-ia uma situação mais viável para cada um deles tal como para a Federação – bastava que a quotização anual de cada um fosse 15% do salário mínimo nacional. O dojo pagaria consideravelmente menos do que paga actualmente uma associação e a verba a entrar na Federação seria substancialmente maior (actual - 70 associações a 500€ são 35.000€; hipotético - 700 dojos a 70€ são 49.000€).
Repare-se que o centro de prática continua a ser a célula central de todo o processo – temos um campeonato nacional de clubes, mas não um campeonato nacional de associações...
Mas o já citado Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de Dezembro, impõe-nos Assembleias-Gerais com um máximo de 120 elementos, dos quais 70% dos delegados que representam clubes ou suas organizações e por 30% dos delegados que representam os praticantes, treinadores, juízes e árbitros, dirigentes e outros agentes desportivos.
O que quer dizer que num total de 120, estariam representadas 84 organizações (dojos, clubes) e 36 representantes dos agentes desportivos. Em relação a estes últimos, temos uma associação de classe de treinadores e uma outra de técnicos de arbitragem, mas haveria que definir quem seriam e quem representariam os restantes 34 delegados...
Mas este Decreto-Lei, apesar da última AG da FNK-P ter entendido que não, também nos empurra para uma regionalização, pois estão há muito definidas as áreas geográficas em que decorrem os campeonatos regionais. O número 1 do artigo 31º do referido Decreto-Lei especifica que os clubes participantes em quadros competitivos de âmbito territorial específico se agrupam em associações de clubes organizadas de acordo com a área geográfica em que decorram as respectivas competições.
O que mais uma vez vem reforçar a ideia que de facto os associados da Federação deveriam ser os centros de prática... e assim deveríamos ter a par do dojo (associado ordinário) a associação regional igualmente associada ordinária. Temos o país dividido em seis regiões, pelo que seria necessário constituir seis associações regionais de Karaté: Norte, Centro-Norte, Centro-Sul, Sul, Açores e Madeira. As principais funções destas seriam a organização dos campeonatos regionais, a par de elaborarem bases de dados de treinadores, técnicos de arbitragem, emitirem diplomas, etc...
Cada dojo representado na AG da sua associação regional teria um número de votos proporcional ao número de praticantes inscritos e todos estariam representados num primeiro órgão deliberativo (o que actualmente não acontece). A representação nas AG da Federação far-se-ia através das associações regionais e proporcionalmente dos dojos com maior número de praticantes, segundo proporções a estabelecer, tendo assento nas mesmas de um modo rotativo os dojos com menor número de praticantes.
Os 36 representantes dos agentes desportivos deveriam representar a associação de classe de treinadores assim como a de técnicos de arbitragem, quatro categorias de treinadores conforme as suas habilitações, quatro categorias de técnicos de arbitragem, os praticantes com graduação de kyu, os praticantes com graduações de 1º dan, de 2º a 4º dan, de 5º dan e superiores, restando ainda representações para médicos, enfermeiros e massagistas ou fisioterapeutas, para os responsáveis técnicos das instalações desportivas, para dirigentes, para cada um dos departamentos da Federação, para cada um dos seus órgãos gerentes e ainda sócios de mérito e/ou honorários.
Diluía-se neste modelo o papel das associações? Claro que não, pois o trabalho de aglutinação de dojos, de coordenação de actividades intra e inter estilos continuaria a ser fundamental.
Seria um modelo mais representativo e democrático? Sem nenhuma sombra de dúvida!
Mas é de realçar que este modelo nos responsabilizaria mais ao tornar-nos mais intervenientes e participativos, o que significa que nos teria de tornar mais interventivos e críticos no sentido positivo.
Estaríamos preparados para isso? Por um lado sim, porque seria mais viável uma organização em torno de associações regionais do que à volta de associações distritais; por outro lado claro que não, porque uns não se encontram na disposição de servir o Karaté em vez de se servirem dele e para estes é sempre mais fácil ser oposição, outros porque continuam agarrados às benesses de que dispõem e sempre dispuseram e delas não desejam abdicar...
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