domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Karate-dō olímpico!

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O naufrágio*
 
Apenas o hipopótamo e o seu dono escaparam ao naufrágio, saltando para cima de um pequeno bote.

O hipopótamo era o ganha-pão do homem e por isso quando o pequeno bote se começou a inclinar para o lado onde estava o animal, o homem ficou preocupado com a possibilidade de este se afogar. Para evitar que a pequena embarcação se desequilibrasse completamente o homem cortou um pedaço do hipopótamo e comeu-o, o que também era oportuno pois começava a estar com fome. O pequeno pedaço tirado ao hipopótamo permitiu que o bote recuperasse o equilíbrio entre os dois lados, como uma balança. Mas por pouco tempo. Novamente o bote começava a ir ao fundo do lado do hipopótamo. Este, apesar do bocado que lhe fora retirado, ainda era mais pesado que o seu dono. O homem decidiu então comer mais um pedaço do hipopótamo. Depois de o fazer, olhou para o barco e viu que ainda não era suficiente: tirou mais um bocado do animal e comeu-o. O barco recuperou o equilíbrio.

A viagem durou ainda algumas semanas e o homem, de seis em seis horas, via-se obrigado a cortar mais um bocado do animal.

Talvez não fosse a solução perfeita, mas não poderia correr o risco de perder o hipopótamo.

 (Foto: The K is on the Way Karate 2020)

Karate-dō tem sido um grande hipopótamo... Agora pretende-se que ele faça parte do programa olímpico de 2020 mas sem a prova de Kata!!!



* Gonçalo M. Tavares, 2004, "O Senhor Brecht", Lisboa, Ed. Caminho.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Aos que querem ser treinadores...

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Recentemente, no Fórum de Formadores da FNK-P, equacionou-se a questão dos novos Cursos de Treinadores... Recordamos que o Curso de Grau I possuirá 40 horas de formação geral, 40 horas de formação específica e 550 horas de estágio.

Primeira questão: montante da inscrição no curso? Se os anteriores cursos de treinador monitor implicavam uma inscrição de 100€ para uma carga horária de 30 horas... para 630 horas o candidato terá de pagar como inscrição a quantia de... ... ...

Segunda questão: sendo a formação comparticipada pelo Estado através de contratos-programa, justificar-se-á a duplicação ou triplicação da inscrição conforme o ventilado no referido Fórum?

Antigamente havia praticantes que faziam o CTM não para exercerem funções pedagógicas, mas pura e simplesmente para aumentarem os seus conhecimentos! Provavelmente daí o facto de dos "2100 treinadores de Karate acreditados no anterior modelo de formação cuja responsabilidade total na sua organização foi da Federação Nacional de Karate – Portugal (FNK-P), passámos para um número próximo dos 1300 treinadores possuidores de Cédula de Treinador de Desporto – Karate (CTD/TPTD)" conforme refere a própria Federação.

Quem irá pagar 200 ou 300 Euros para aumentar os seus conhecimentos? Quem irá pagar 200 ou 300 Euros para dar treinos (e quando os reembolsará através das remunerações?) Receia-se que não haja inscrições suficientes para realizar um curso destes... ora, anteriormente a formação sempre se sustentou a si própria! O que se quererá dizer com "não haver inscrições suficientes"? Prejudiquem-se alguns... em detrimento de outros!

Terceira questão: a orientação dos estágios! Estes estão já perfeitamente definidos (regulamentos de estágios), mas só agora é que se acordou para o "como" e "com quem" em relação à sua organização... Já em setembro do ano findo 17 federações desportivas começaram a debater o assunto, sem sabermos se a FNK-P se envolveu neste debate! Mas que foi alertada anteriormente, isso foi, pois continua em vigor o mesmo «regulamento de formação de treinadores» apesar do PNFT... Se uma licenciatura em Educação Física possui um estágio de cerca de 170 horas - veja-se por exemplo o que se passa na FMH - por que motivo um simples Curso de Grau I terá 550 horas?

Não haverá candidatos? Perdem-se clientes? Não se justificam as verbas atribuídas?
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