quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Analisar os resultados de uma seleção nacional

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Analisar uma modalidade sem a comparar com outras é analisar nada... principalmente em termos de alta competição. Mas vamos correr esse risco analisando o Atletismo, ou não, se o quisermos comparar com o Karate!
Nos recentes Mundiais de Atletismo, em Moscovo, uma seleção constituída por 12 atletas nenhuma medalha conquistou (sim, houve um 4º lugar e um outro entre os 8 primeiros!)... 
Há 6 campeonatos do Mundo de Atletismo em pista de onde Portugal veio sem medalhas... e repare-se que em Helsínquia 1983, Portugal participou com 11 atletas, em Tóquio 1991 com 23 atletas, em Sevilha 1999 com 25 atletas, em Paris 2003 com 14 atletas, em Daegu 2011 com 24 atletas...
Helsínquia 1983, Paris 2003 e agora, Moscovo 2013, são as comitivas mais pequenas (11, 14 e 12 atletas). Em todo os outros Mundiais, as seleções foram constituídas por 20 ou mais atletas e em todos eles houve medalhados. 
Daqui poderemos à primeira vista inferir que:
- quanto maior é a comitiva mais probabilidades há de se obterem medalhas: muito discutível!
- quanto menor é a comitiva menor a probabilidade de se obterem medalhas: por inversa da anterior, do mesmo modo muito discutível!
Podem os resultados ser sempre analisados segundo vários critérios. Mas parece-me que o melhor de todos eles se centra na razão entre o número de participantes e número de lugares no pódio... correlacionando esta razão com as verbas dispendidas!
Já se fez essa análise no Karate?

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Uma linha muito ténue...

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Há uma linha muito ténue entre o político e o dirigente desportivo... Não, não é pelo facto de muitos dirigentes desportivos terem sido políticos, ou de muitos políticos terem sido dirigentes desportivos!

É apenas por um simples facto: em Portugal, em qualquer uma destas ocupações, poucos são profissionais e menos ainda os bem preparados para desempenharem essas funções.

Há pouco tempo, a Federação Portuguesa de Atletismo divulgava quatro decisões do seu Conselho de Disciplina castigando quatro fundistas por casos direta ou indiretamente ligados ao chamado «doping». Arons de Carvalho perguntava: "Mas serão os atletas os principais culpados? (...) Desde 2011 já foram suspensos seis dos principais fundistas nacionais, por EPO ou devido ao passaporte biológico. Quem esteve por trás  deles?" (Record, 18.07.2013, p. 28).

Os atiradores portugueses que vão aos Mundiais de esgrima, vão participar sem qualquer apoio federativo... o que também já se verificou no Karate, com famílias a pagarem as despesas de quem foi representar o País!

Nos Mundiais de atletismo a realizarem-se em Moscovo, a comitiva portuguesa é composta por doze atletas e... sete treinadores! Entretanto o departamento médico da FPA demite-se em bloco. Motivo: cortes financeiros sem orientação e pedidos para trabalhar de "borla"!

Verifica-se assim que o problema não será só da malfadada crise... o problema reside numa gestão de meios e de recursos humanos por parte de amadores!

Mas, tal como dizia Jenny Candeias em «A Bola» (26.02.2013, p. 38), "aumenta o apetite por cargos no desporto. Neste, como nas autarquias, clubes e associações. Para os inteligentes, o desporto passou a ser trampolim para novos vôos. Para os medíocres, prémio de consolação. Mas, curiosamente, afastando cada vez mais aqueles de quem se esperaria vontade, prestígio e coragem para o dirigir."