sábado, 30 de abril de 2011

Uma actividade igual a tantas outras... o estranho mundo do desporto?


"No desporto todos são desportistas! Num futuro imediato, caso sejam aplicadas medidas políticas restritivas ao Desporto Escolar, com a possível diminuição do suporte humano, material, estrutural e financeiro, poderemos incorrer numa incongruência. Se caminhamos em crise e precisamos de uma atitude saudável, competitiva, disciplinada e corajosa nada melhor que a educação física e o desporto escolar para educar e treinar os jovens para uma nova realidade. Nem todos têm acesso à condição federada dados os custos. A escola deve estar ao alcance de todos, o mundo associativo nem por isso... Uma questão de reflexão!" (Tomaz Morais, "Caminhar em Crise", «A Bola», 29.04.2011, p. 42).

De facto uma questão para reflexão, pois se nem rodos têm acesso à condição federada DEVERIAM TÊ-LA! (há que criar condições para isso!), pois as verbas que o Estado investe nas federações não são só para as selecções representarem o país: o estado investe verbas para a formação de praticantes, treinadores e árbitros, o estado investe verbas para realização de campeonatos regionais e nacionais, assim como investe para Portugal se fazer representar no estrangeiro.

Quantos atletas - competidores - vão lá fora representar o nosso país e contribuirem para o aumento das despesas quando nem sequer estão preparados para ficarem nos 10 primeiros lugares? A justificação do «ganhar rodagem» justifica o dispêndio das respectivas verbas? Será que com todos os cortes orçamentais mais uma vez se irá sacar à escola a responsabilidade de formar desportistas para depois engrossarem as fileiras dos clubes e das selecções? A que custo?


Estranho mundo o do desporto... ou uma actividade igual a tantas outras!


O desporto sempre esteve ligado aos valores, à ética, à educação, à formação da personalidade do ser humano - daí o ser tão comum falarmos em fair-play, em espírito desportivo e em ética desportiva.
Mas o desporto evoluiu e de uma actividade lúdica chegou ao alto rendimento, onde a política e a economia nele se intrometeram, o que fez com que se tornasse bivalente.

Esta semana Sidónio Serpa alertava-nos para os perigos do alto rendimento: "o desporto de alta competição encerra riscos muitas vezes ignorados. Há questões relacionadas com a saúde física, por via dos esforços intensos ou de metodologias inadequadas, ou os problemas psicológicos decorrentes do stress intenso." («A Bola, 26.04.2011, p. 31).

Abordando o fraco investimento na formação académica dos desportistas e posteriormente na sua vida profissional, a falta de preparação de viverem com o sucesso e as luzes da ribalta, "acresce a intransmissível excitação do desafio sempre presente, do confronto com os outros, ou consigo mesmos, de uma atitude de constante disposição para o combate contra adversários por vezes transformados em inimigos." Mas como tudo acaba por acabar, chega a altura em que têm de dar novo rumo à sua vida e "procuram nova excitação em mudanças na vida, fugindo do previsível, numa busca porventura indefinida e em prejuízo de quem está perto de si. Prolongam o hábito de combater adversários, imaginando ataques vindos de quem pensa de forma diferente e gerando conflitos que, partindo do nada, se auto-reforçam."

E Sidónio Serpa remata dizendo que estes são perigos de primeira grandeza associados a desadaptações na vida pessoal e familiar, não evitados a tempo por deles não se ter consciência. Surgem os conhecidos casos de alcoolismo, de droga, de desemprego, enfim... de vegetação!

Mas o autor salienta, e com pertinácia, que estes perigos "como raramente são atribuídos ao alto rendimento, nada se faz para precavê-los. Mas é temática em que vale a pena reflectir."

Víctor Baptista, Albertina Dias e outros isso merecem!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

10º Gasshuku Europeu da Okinawa Goju-Ryu Karate-Do Kyokai


Sentados, na 1ª fila, os Mestres que orientaram o Estágio: Sensei Fujioka (7º dan), Sensei Onaga (9º dan), Sensei Teruya (9º dan), Sensei Muramatsu (9º dan), Sensei Takara (7º dan) e Sensei Uehara (7º dan).

Em baixo, trabalho de Tensho, explicado pelo Sensei Onaga sobre o Sensei Fujioka, sob o olhar atento do Sensei Muramatsu (de frente) e do Sensei Teruya (de costas) na foto da esquerda, à direita uma vista geral.


As imagens do conjunto de participantes no Estágio Europeu dizem tudo...

... assim como o grupo dos alunos do Sensei Onaga que participou no mesmo!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Comemorar ou não comemorar, eis a questão!...


Não coloco fotografias de cravos vermelhos... não comemoro nem deixo de comemorar! Comemorar ou não comemorar, eis a questão!... Mas relembro alguém dentro do verdadeiro espírito, sem apego, sem ambições, e recordo-o através de uma poetisa.

"A Salgueiro Maia

Aquele que na hora da vitória respeitou o vencido
Aquele que deu tudo e não pediu a paga
Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite
Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício
Aquele que foi «Fiel à palavra dada à ideia tida»
como antes dele mas também por ele Pessoa disse."

[Sophia de Mello Breyner Andresen]


Recordo-o porque foi a pessoa que, ética e democraticamente, soube dirigir-se aos seus homens, mesmo subordinados, e dar-lhes a liberdade de escolha. Soube ser amigo,  ser sincrero e dizer-lhes: "Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos... e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!" (Salgueiro Maia, madrugada de 25 de Abril de 1974, parada da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém). Todos os 240 homens que ouviram estas palavras, ditas da forma serena mas firme, tão característica de Salgueiro Maia, formaram de imediato à sua frente. Depois seguíram para Lisboa e marcharam sobre a ditadura.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Salgueiro_Maia).

Também nós estamos no estado a que chegámos...

Ricardo Costa, na edição de ontem de «Record», na página 2, abordava a única federação que se opôs ao RJFD deste modo:
"Chegado ao fim o período de um ano de suspensão da utilidade pública desportiva da FPF, o Secretário de Estado do Desporto (SED), ainda que gestionário, comunicou à Federação que pretende renovar por mais um ano essa suspensão. Antes de uma nova sessão das intermináveis assembleias gerais da FPF, o SEJ, não tendo na mão estatutos em conformidade com o Decreto-Lei 248-B/2008 (regime jurídico das federações), opta pela solução mais benigna, já que, legalmente, podia já avançar para o cancelamento da utilidade pública. De todo o modo, aguardará por nova tentativa de “fechar o assunto”, marcada para o próximo dia 30 de abril, depois de a reunião do dia 19 de Março não ter sido integralmente bem-sucedida."

Opção mais benigna, ao estilo de uma amnistia comemorativa...




domingo, 24 de abril de 2011

A fraude no futebol... ou "Cartão amarelo?" segundo José Manuel Meirim!


Mais uma crónica do Professor José Manuel Meirim hoje, na página 27 do «Público», como título «Cartão amarelo?», que transcreve-mos na íntegra, pois demonstra como se pode contornar a lei, ou seja, nas suas palavras, como se cria um estado de espírito complacente com uma notória  fraude...

1. Não sendo habitual neste espaço, hoje entendemos iniciá-lo com um tema bem mais próximo das “leis do jogo” do futebol ou, melhor dizendo, da disciplina no decorrer do jogo.

No passado dia 24 foi noticiado que a UEFA multou o Villarreal CF e dois dos seus jogadores, Nilmar e Santiago Cazorla, após os dois jogadores terem visto cartões amarelos na parte final do jogo da primeira mão dos quartos-de-final da UEFA Europa League, frente ao FC Twente.

Nilmar e Cazorla viram os cartões nos derradeiros minutos do triunfo caseiro do Villarreal, por 5-1, sobre o emblema holandês, a 7 de Abril, o que os deixou suspensos para o encontro da segunda mão, uma semana depois. O Comité de Controlo e Disciplina da UEFA decidiu multar ambos os atletas em 20 mil euros e o Villarreal em 60 mil.

Conhece-se o que se encontra em causa, ou seja, aquilo que poderíamos designar “por cartões amarelos a pedido”, de sanção desejada e dolosamente obtida, com vista a minimizar os seus efeitos — suspensão de actividade desportiva —, tendo em vista os jogos futuros e seu grau de dificuldade. Também se fala em “limpeza de amarelos”.

2. Por cá, diria por todo o lado, essa prática de exigir a admoestação, por parte do infractor, fere princípios fundamentais de ética desportiva e gera nos espectadores e adeptos um misto de sentimentos (sempre determinado pela cor). Para além da revolta sincera de muitos, cria-se, contudo, um estado de espírito complacente com esta notória fraude. Toda a gente acaba por conviver com a situação e, quem perde, afinal, é a norma e o valor do Direito.

Ao desconforto inicial dos adeptos segue-se uma aquiescência do tipo “isto é mesmo assim”. Se eu fosse agente de arbitragem, se os meus poderes disciplinares o permitissem, não era um segundo amarelo que mostrava ao infractor. Era, só poderia ser, um vermelho bem directo. Esperemos que a sanção da UEFA frutifique.

3. Cartão vermelho, em domingo de Páscoa, merece a Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Esta semana O Jogo deu notícia de alguns aspectos da decisão daquele órgão sobre o denominado (simplifiquemos e honremos o dia) “Caso Jesus”.

Concorde-se ou não com a decisão concreta alcançada, o que é certo é que a mesma deve ser publicitada, acessível ao escrutínio público, seja dos juristas, seja dos operadores da LPFP, seja ainda do adepto em geral. O segredo não pode valer neste domínio. Bem andou, em geral, a anterior CD ao tornar públicas as suas decisões, não sendo necessário o recurso ao labor jornalístico para conhecer partes de um todo que só pode ser avaliado nesses termos.

Não só não existem obstáculos legais à sua mais do que desejável publicidade como o próprio regime jurídico das federações desportivas o exige. E, se há matéria, em que concordamos abertamente com esse novo (?) normativo é precisamente essa. O respeito adquire-se em espaço aberto, não no reservado de uma sala.

sábado, 23 de abril de 2011

Reflexões Pascoalianas e Desportivas...


Quer seja a época em que se comemora a ressurreição de Cristo segundo uns, quer seja a altura em que se relembra o momento em que o seu cadáver foi roubado do sepulcro para ser enterrado no deserto em local desconhecido segundo outros, este período convida a uma reflexão histórica sobre o confronto, o conflito e a oposição de ideias, mas também sobre a cooperação, a solidariedade e o respeito – afinal, elementos todos eles presentes no desporto, donde o seu carácter bivalente. Segunda-feira teremos a oportunidade de reflectirmos sobre a nossa condição de liberdade, pois como dizia Sarte, «estamos condenados a ser livres»...

Cai esta refelexão sobre uma modalidade – o rugby – e a sua projecção nos últimos tempos. Três factos pertinentes: o primeiro referente à entrada desta modalidade nos J. O. em detrimento do Karaté; o segundo em relação ao seleccionador nacional Tomaz Morais que há tempos atrás revolucionou os treinos da selecção – como exemplo recordo-me que pôs os seus atletas a treinarem com os fuzileiros navais; e o terceiro com o que aconteceu no passado fim-de-semana com esta modalidade em Lisboa e em Braga.

No que diz respeito a este último, Tomaz Morais, em «A Bola» de hoje, na página 42, diz que “...é um marco!

E é ele próprio que afirma que “quem passou no último fim-de-semana pelo Jamor para assistir ou participar no incomparável Youth Festival, ou por Braga, para ver eventos de carácter internacional, ficou com a clara ideia de que o rugby é, acima de tudo, um jogo de valores que nos ensina a viver... Com regras adaptadas ao escalão etário em causa e uma progressão pedagógica na introdução do contacto físico, o rugby torna-se tão seguro como qualquer outra modalidade que permita o contacto entre os praticantes. Poderemos dizer o mesmo do Karaté? Um jogo de valores que nos ensina a viver (sim, mas muitas palavras e poucos actos!)? Regras adaptadas aos escalões etários mais baixos (não, modelos competitivos dos infantis, iniciados e juvenis semelhantes aos dos adultos!)? Segurança e integridade física no contacto corporal (só se não houver contacto...)? Sidónio Serpa dizia há uma semana atrás no mesmo diário, em «Desportivismo e violência», que os “portugueses são empenhados na conversa mas pouco dados à acção concreta.

E Tomaz Morais continua afirmando que “ganhar significa aplicar tudo o que foi ensinado e treinado nos momentos vividos em equipa na perspectiva de que se utilizarmos correctamente os gestos técnicos e formos tacticamente superiores poderemos vencer....” não só no desporto, mas em todos os aspectos da vida, atrever-me-ia a acrescentar...

Relevante o parágrafo em que nos diz que “a ética, o espírito de equipa, a aplicação prática de valores comportamentais como o respeito, a partilha, a procura do conhecimento entre muitos outros são o elo de ligação entre jogadores, pais, amigos e mesmo os mais curiosos que se chegam à modalidade na busca de algo fora do comum.O elo de ligação entre... aqui está um aspecto fundamental quando muitas vezes, como dizem os orientais, «enquanto uns constroem muros outros procuram construir pontes!»

Parafraseando Manuel Patrício (1993, “Lições de Axiologia Educacional”, Lisboa, Universidade Aberta), este afirma que o estudo dos valores a que deve proceder o professor (treinador) não pode limitar-se à dimensão teórica dos problemas. E acrescenta às grandes competências que deve possuir o professor (treinador), «saber», «saber-fazer» e «saber-ser», uma outra que considera essencial: «saber-fazer-ser», salientando que “compete ao professor (e logicamente ao treinador! - n. a.), com efeito, a difícil e grave tarefa de fazer-ser. Não um fazer-ser técnico; mas um fazer-ser ético. Ele não faz-ser «coisas»; ele faz-ser «pessoas».

Tem-se provado que o treindor português de sucesso é aquele que tem sabido conduzir homens... Moniz Pereira, José Mourinho, Tomaz Morais, Mário Palma, António Livramento (e por que não Carlos Queiroz e José Torres?)... E para não esquecer as treinadoras, realço os nomes de Sameiro Araújo (que dispensa apresentações),  Helena Costa (seleccionadora feminina de futebol no Qatar desde Abril de 2010) e Liliana Gomes, a primeira treinadora de hóquei patins desde 2005.

... provar-se-á que o dirigente português de sucesso também será aquele que igualmente souber conduzir homens!

Ponham os olhos no Judo!...

(fotos: Carlos Alberto Matos / IMAPRESS, in «A Bola»
Um campeão da europa (bi), João Pina, e duas vice-campeãs europeias: Telma Monteiro e Joana Ramos.
(a estes resultados juntem os da Taça de Europa de Cadetes em Miranda do Corvo)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Começou hoje...

Começou hoje, em Los Álcazares, Múrcia, no Centro de Alto Rendimento Infanta Cristina, o 10º Gasshuku Europeu da Okinawa Goju-Ryu Karate-Do Kyokai.

Um estágio ministrado por três 9º dans e outros três 7º dans.

Sensei Koei Teruya
Hanshi, 9º dan
Vice-Presidente da OGKK




Sensei Ryoichi Onaga
Hanshi, 9º dan
Vice-Director-Chefe da OGKK




Sensei Masataka Muramatsu
Hanshi, 9º dan,
Vice-Director Chefe da OGKK




Sensei Seigo Takara
Kyoshi, 7º dan,
Vice-Secretário da OGKK



E como não podia deixar de ser, o Sensei Ryoichi Onaga, Director da OGKK para a Espanha e representante da mesma para a Europa, aqui ao centro, ladeado pelos dois outros assistentes, à esquerda Sensei Shigero Uehara, Kyoshi, 7º dan e à direita Sensei Toshiro Fujioka, Kyoshi, 7º dan, ambos Instrutores em Espanha, o primeiro em Orihuela e o segundo em Alicante.
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Um estágio com mais de 300 praticantes e onde estão representados cerca de de 20 países...
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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Estragar o Jogo


"Os comportamentos de alguns adultos que acompanham os pequenos ou jovens jogadores transmitem modelos profundamente negativos do que deve ser a compreensão do desporto e, em particular, nos escalões etários mais baixos. Na origem estará uma deficiente formação sobre os princípios éticos das relações sociais em que se insere a prática desportiva. Mas falta também informação sobre os objectivos e metodologias que devem caracterizar a orientação desportiva dos jovens praticantes, bem distintos do que se relacionam com a prática dos adultos. Os clubes e treinadores que se dedicam aos escalões de formação têm também a obrigação de ajudar os pais a entender o que deve ser a prática dos filhos e o seu comportamento na assistência. Os regulamentos e a arbitragem deverão igualmente reflectir sobre esta grave questão."


Escrito por Sidónio Serpa em «A Bola», ontem, dia 19 de Abril, na página 40. A este assunto voltaremos mais tarde... porque também temos dirigentes e árbitros que ainda não perceberam que a competição nos escalões etários mais baixos deve ter uma componente mais pedagógica do que alicerçada no binómio vitória-derrota. Tem-se constatado que actual modelo competitivo do Karaté infantil está pedagogicamente errado... mas nada se tem feito! E num momento em que a Direcção da FNK-P tem poderes para elaborar regulamentos, esta seria uma questão a ser reavaliada!

E não adianta soprar com os ventos dos regulamentos competitivos. Nem adianta acenar com a bandeira da federação mundial. Até porque há um koan que reza o seguinte:


Dois homens estavam discutindo sobre uma flâmula que tremulava ao vento:

" - É o vento que realmente se está movendo!" declarou o primeiro.

" - Não, obviamente é a flâmula que se move!" contestou o segundo.

Um mestre Zen, que por acaso passava perto, ouviu a discussão e interrompeu-os dizendo:

" - Nem a flâmula nem o vento se estão movendo," disse ele. " - É a MENTE que se move."


...

terça-feira, 19 de abril de 2011

O secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, antecipou-se ao FMI e já mandou cortar 15% nos subsídios do Governo às federações desportivas


O meu amigo Francisco Vieira, no seu blog "Ala de Rei", tem várias vezes publicado alguns posts de karate-do.pt. Agora é a minha vez de retribuir ao publicar aqui o seu post de hoje. Aqui fica a transcrição integral do mesmo, com a devida vénia.

"De acordo, com notícias da Rádio Renascença e do Diário Digital que cita a agência Lusa, as federações desportivas foram chamadas ontem, 2ª feira, à secretaria de Estado do Desporto, para serem informadas do corte de 15% nos apoios financeiros do Governo, com efeito já a partir deste mês de Abril.

A revelação foi feita por Laurentino Dias às federações desportivas durante a reunião levada a efeito no Centro de Medicina Desportiva de Lisboa, segundo revelou à agência Lusa fonte ligada ao processo.

Só o programa de preparação para os Jogos Olímpicos de Londres 2012 escapa ao ‘emagrecimento’, não sofrendo qualquer corte governamental.

Quanto aos contratos-programa já estabelecidos, as federações foram informadas de que as reduções estarão dependentes do tipo de verba que recebem, devendo o total ser na ordem dos 31 milhões de euros, um corte médio de 12,9% em relação ao orçamento do ano passado das federações.

O presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Mário Saldanha, foi um dos presentes no encontro. Numa entrevista ao programa ‘Bola Branca’ da Renascença, Saldanha refere que os cortes vão reflectir-se em tudo. Da formação aos campeonatos profissionais.

Mário Saldanha considera que a notícia dos cortes no apoio do Governo vai colocar em causa o futuro de muitos dos projectos para o desporto português.

Desconhece-se a Federação Portuguesa de Xadrez esteve presente nesta reunião, mas tendo em conta o montante do último subsídio governamental de € 112.000,00, este corte rondará os € 12.600,00 (9/12 daquele subsídio).

Com tanto corte previsto em salários e pensões de reforma no funcionalismo público, ainda me espanto com este corte generoso às federações desportivas.

Parte dos finlandeses considera que se nos derem um braço, para nos ajudar na crise financeira que passamos, nunca mais o largamos. Não sei se é justo generalizar esta análise mas quanto ao desporto sabemos que no dia em que a FPX passou a receber apoios e subsídios do Estado nunca mais quiz outra vida.

E todos nós sabemos que não é só no xadrez!"




Obrigado caro Francisco! Pois é, e todos sabemos que não é só no xadrez...

sábado, 16 de abril de 2011

Contas que toda a gente sabe fazer... ou uma Acção de Formação gratuita para os Treinadores de Karaté?

(António Maia, fonte: http://www.oribatejo.pt/)


O Artigo 1º dos Estatutos da FNK-P definem a mesma como uma pessoa colectiva de direito privado sem fins lucrativos, o que à partida significa que as verbas pertencentes a cada rubrica se superarem as sua despesas para a mesma rubrica devem reverter. O que quer dizer "à formação o que é da formação", ou seja "aos treinadores o que é dos treinadores". Ora, a formação também é comparticipada pelo IDP através de contratos programa. Quanto? 9 000, 10 000 Euros anuais? Não sabemos, são suposições e este é um exercício hipotético e especulativo...

Todos sabemos fazer contas!!! E fazendo-as, verificamos que se, hipoteticamente, nos últimos 3 Cursos TM participaram cerca de 200 formandos, entraram na Federação cerca de 20 000 Euros (100 Euros por formando). Se as instalações foram gratuitas, se os formandos retiraram os seus manuais da net e se cada formador tiver recebido em média cerca de 50 Euros por hora (um curso com 60 horas), a despesa foi de cerca de 3 000 Euros. Resultado líquido provável: 17 000 Euros.

Continuando no domínio do hipotético, se no actual Curso TNI houver cerca de 50 formandos, cada um deles pagou 200 Euros, o que fez entrar na Federação cerca de 10 000 Euros. Se as condições forem as mesmas que as anteriores, como o curso possui 90 horas, ter-se-á pago aos formadores algo como 4 500 Euros, pelo que o resultado líquido hipotético terá sido de 5 500 Euros.

Ficcionando ainda sobre o actual Curso TNII, em que a taxa de inscrição é de 250 Euros - basta consultarmos o Regulamento de Taxas - se existirem igualmente cerca de 50 formandos, a entrada terá sido de 12 500 €uros. Partindo dos pressupostos anteriores, como o curso possui 100 horas, os formadores receberão 5 000 Euros. Aproximadamente o lucro líquido deste curso será de 12 000 Euros.

(adaptado de http://www.toonpool.com/cartoons/)

Contas que toda a gente sabe fazer... 17 000 + 5 500 + 12 000 = 24 500 Euros. Verificamos assim que a formação paga-se a ela própria, mesmo não contando com as verbas do IDP. Veremos se na próxima AG os delegados questionarão a aplicação destes alegados proventos!

Mas para onde vão estes dinheiros? Ora, se as verbas de cada rubrica à mesma pertencem... a Federação ainda não o disse, mas como todos os anos os Treinadores têm de renovar as suas inscrições anualmente (Treinador Monitor €10.00, Treinador de Nivel I €20.00 e Treinador de Nivel II €20.00) os Treinadores com a sua inscrição anual válida na presente época desportiva vão poder inscrever-se gratuitamente na Acção de Formação ministrada pelo Prof. Pierluigi Aschieri nos próximos dias 20, 21 e 22 de Maio. (Declaração de intenções: não vou participar nesta AF porque nessa data estarei a participar num evento da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto).

Como se depreende, os Treinadores são um dos motores desta Federação. Tal como é expresso no Artigo 8º dos Estatutos da FNK-P, são associados ordinários as associações que congregam os praticantes, os árbitros e os treinadores dedicados à prática desportiva do Karaté que, estando devidamente legalizadas, tenham aceite os presentes Estatutos, cumpram os respectivos requisitos e sejam admitidas como tal em Assembleia Geral. Mas a questão que aqui se coloca (mais uma vez!) qual é a associação que congrega os treinadores dedicados à prática desportiva do karaté?

E os que não se dedicam à prática desportiva do Karaté já não poderão estar congregados nessa associação? Será que os Estatutos da Federação se podem imiscuir numa organização de classe?

E quando chegamos ao Artigo 15º desses mesmos Estatutos, sobre os membros da Assembleia Geral, os mesmos especificam que a Assembleia Geral é o órgão deliberativo da Federação constituído por cinquenta e três delegados, sendo trinta e sete representantes das associações de praticantes, oito representantes dos praticantes, quatro representantes dos árbitros e quatro representantes dos treinadores, (...). A questão que se coloca agora (mais uma vez!) é: quem vão ser esses quatro delegados e como os vamos eleger?


Andam os Treinadores de Karaté adormecidos... será que vão acordar quando for tarde???


...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O pior analfabeto...



O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.


O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.

Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e o lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.

Berthold Brecht


O pior analfabeto é aquele que lê mas não sabe interpretar o que lê...



O pior analfabeto desportista é aquele que só sabe de desporto, porque nem de desporto sabe...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Arte marcial ou desporto de combate? (Em Colectividade Desportiva)

Aconselha-se a todos os leitores deste blog o post «Karaté: arte marcial ou desporto de combate ? (I)» em http://colectividadedesportiva.blogspot.com/ (é só clicar aqui!).

Num próximo post em "Colectividade Desportiva" veremos, à luz da fundamentação de autores de renome, qual a terminologia mais correcta para esta modalidade.



«Colectividade Desportiva» é um blog de referência no plano do Desporto, onde, entre outros, escrevem Alfredo Silva, Ana Santos, Carla Gil Ribeiro, Fernando Parente, João Almeida, Jorge Olímpio Bento, José Manuel Constantino, José Manuel Meirim, Maria José Carvalho, Miguel Nogueira Leite, Rui Lança, Susana Feitor, Luís Leite e Víctor Martins.


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma história ficcional, com nada de fundamentalista!...



"Toda a instituição passa por três estágios:
utilidade, privilégio e abuso."



François Chateaubriand



Jonh Sweet Sugar começara por baixo, mas tinha subido calma e tranquilamente a pulso. Lenta mas cautelosamente, até chegar a presidente do conselho de administração da sua empresa. Uma empresa de renome. Soube rodear-se de vários elementos, cada um técnico na sua área: um vice-presidente para o apoiar, o tesoureiro - especialista em economia e contabilidade -, o homem dos recursos humanos, o expert na organização dos eventos, o técnico da publicidade e do marketing, o gestor de qualidade de produtos... e muitos outros.

Decidiu até que a mesma se deveria projectar a nível de todo o país e a sua empresa até teria um site na internet onde tudo estaria visível ao público e aos interessados: produtos, eventos, etc..

John Sweet Sugar gostava de se dar bem com todos: por vezes até se dava bem com deus e com o diabo, com gregos e troianos, pois os interesses da sua empresa – e os seus próprios interesses – estavam acima de tudo e de todos. Mas também gostava de controlar tudo e todos – a sua opinião tinha de prevalecer sempre! E mesmo que não percebesse do assunto, intrometia-se no trabalho dos técnicos e do pessoal especializado de modo a tudo dominar... e até pegava nas criações de alguns e alterava-as para que passassem a ter a sua chancela!

Lembrou-se até de redigir um código ético e deontológico pelo qual se deveriam reger os seus operários. Mas para que a resolução dos casos difíceis não recaíssem sobre a sua pessoa ou sobre o conselho de administração, teve a ideia mais assombrosa e criativa de toda a sua carreira: à semelhança dos clubes desportivos criou um conselho de disciplina e um conselho jurisdicional. Assim, as penas a serem aplicadas aos prevaricadores não seriam da sua responsabilidade nem do conselho de administração e, para dar um aspecto mais democrático à «coisa», os penalizados poderiam sempre recorrer para o conselho jurisdicional. Claro que para estes dois conselhos escolheu amigos seus, elementos formados em Direito, e pôs à votação de todos os operários da sua empresa a eleição dos mesmos. E foram eleitos, como não poderia deixar de ser! E para melhor lavar as mãos, como Pilatos, todas as decisões destes dois órgãos seriam publicadas na internet.

Mas John Sweet Sugar estava bem ciente que, apesar de toda esta democraticidade da sua empresa, as coisas não poderiam sair do seu controle. Para tal eliminou um inconveniente elemento do seu conselho de administração e criou condições insustentáveis a um outro de modo a obrigá-lo a demitir-se ele próprio. John Sweet Sugar quebrou laços de solidariedade e confundiu amizade com institucionalidade. Daí o seu lema: quem não bebe cofee with sugar bebe cofee without sugar, ou então nem cofee bebe...

De vez em quando levava os seus operários ao estrangeiro, para apresentarem os seus produtos em eventos internacionais. John Sweet Sugar também tinha os seus créditos: conseguiu segurar o seu colaborador para os eventos internacionais e ia obtendo algum sucesso fora de portas. Em parte graças a esse colaborador e a alguns dos seus operários. Claro que o Governo subsidiava algumas destas saídas. E aproveitava também para ir conhecendo o mundo e ficar nos melhores hotéis... E graças a isso conseguiu trazer para o nosso país uma iniciativa europeia!

Mas tal como a geração à rasca protestava, alguns dos seus operários também começaram a apresentar reclamações: nada mais fácil para John Sweet Sugar – enviava essas reclamações para o seu conselho de disciplina e ele que descalçasse a bota! E este aplicava as suas sanções! Claro que os visados, para entretanto continuarem em funções após a pena aplicada por este, recorriam para o conselho jurisdicional. E lá estava na net – dois, três, quatro processos em recurso no jurisdicional.... mas como ninguém se podia dirigir directamente a este, o tempo passava, passava, passava e... prescrevia. E para a reclamação, ou o pedido de recurso, nem ao disciplinar chegar se a ação era sobre alguém que era seu amigo pessoal, John Sweet Sugar tinha uma tática: deixava ficar essa reclamação na sua gaveta. E a net nem sempre precisava estar actualizada – só para o que interessava!

Em relação a outros discordantes a tática de Jonh Sweet Sugar era diferente: dava-lhes uma cenoura, um rebuçado, levava-os lá fora, atribuía-lhes um lugar de menor relevo... e assim os punha satisfeitos mas fora da circulação contestatária.

Numa altura de crise, em que a situação económica de empresa não era a melhor, John Sweet Sugar resolveu dar a volta ao texto: criou cursos de formação para os seus operários, a serem pagos por eles próprios – óptima maneira de equilibrar as operações de tesouraria. E sobre as verbas que entravam, não tinha que dar satisfações a ninguém: era assunto só entre ele e o seu tesoureiro. E os seus operários nem sequer precisavam saber quais os resultados dessa formação...

Ademais, a sua posição vingava de tal modo nas reuniões do conselho de administração que algumas vezes fazia o contrário do que tinha sido deliberado em conjunto. Por isso mesmo alguns dos seus membros deixaram de se reunir assiduamente: apoiava-se no seu tesoureiro e no homem dos eventos internos – o escravo para todo o trabalho. Apoiava-se também em dois outros elementos que não do conselho de administração: um para os eventos internacionais, pois a visibilidade era essencial, um outro para ministrar a formação aos seus operários, pois a entrada de verbas era primordial. Assim a sua credibilidade externa estava no topo. John Sweet Sugar punha e dispunha... e até convidado foi para consultor de um outro conselho de administração de uma outra empresa... uma empresa muito maior que a sua e com outra projecção!

Mas, de repente John Sweet Sugar começou a ficar alarmado pois a formação dos operários passaria a ser pertença do estado. Seria obrigado a criar mecanismos de fiscalização. Começou a ficar alarmado ao saber que se estava ponderar a possibilidade do governo criar um «código da justiça» para todas as empresas de modo a que todos os agentes se pudessem graduar e situar em referência ao mesmo comportamento violador e que as funções do seu conselho disciplinar e do seu conselho jurisdicional passariam para o «estado-legislador»... e toda a sua orgânica controladora iria por água abaixo!

Como iria ficar com as participações contra os seus amigos na gaveta? O que iria fazer com o que tinha feito até aí, tornando o seu conselho jurisdicional inoperativo? Como iria entrar dinheiro através dos cursos de formação que criara? Como iria continuar a dar as suas passeatas ao estrangeiro?

John Sweet Sugar começou a ter insónias, apesar de continuar a apresentar os seus discursos inflamados... Começou a recorrer ao «xanax»... e concluiu que o melhor era reformar-se e deixar o controle da sua empresa a alguém... e sair em grande antes que fosse tarde. Quem viesse a seguir que fechasse a porta! Mas não, não poderia ser... de modo que resolveu constituir uma comissão para comemorar o aniversário da sua empresa. Apesar de nada ir comemorar... E rodeou-se de mais alguns amigos, que poderiam até vir a ser os próximos elementos do seu conselho de administração... E talvez conseguisse perpetuar a sua posição...

E num golpe de génio, para aumentar ainda mais os seus créditos, começou a trazer de fora alguns formadores de renome para que os seus operários – pagando do seu bolso, como sempre – estivessem actualizados em relação ao estrangeiro. Fazia cartaz, dava nas vistas...

Mas John Sweet Sugar intimamente tinha um sonho ou antes, dois sonhos: chegar ainda ao conselho de administração de uma multinacional estrangeira e, após tudo poder ter gozado e de tudo ter usufruído, John Sweet Sugar sonharia com a sua reforma, para todas as tardes poder tomar o seu café calmamente sentado na esplanada enquanto fumasse o seu cigarrito e lesse o jornal...

domingo, 10 de abril de 2011

Os eternos esquecidos...

Alguém ouviu falar nos europeus de corta-mato (INAS-FID) para atletas portadores de deficiência intelectual realizado esta semana na República Checa?

Alguém soube que Portugal recuperou o título colectivo em masculinos? Alguém teve conhecimento de que os atletas do nosso país conquistaram 2 medalhas de ouro, 3 de prata e 1 de bronze?

Pois é, passou despercebido... porque não teve cobertura televisiva... porque não fez parangonas nos jornais... porque os atletas não apareceram a dar conferências de imprensa à frente de painéis cheios de logos publicitários...

Para além de lutarem contra os seus problemas e contra a falta dos apoios que deveriam ter, estes atletas lutam para se superarem a si próprios, para serem melhores que os seus semelhantes, para dignificarem o seu país! Será que este país os merece?...

Não, o que este país merece é apagões, chuveiradas e porcos no estádio (e não foi só um que entrou, estavam lá muitos!!!).

sábado, 9 de abril de 2011

Também nós passaremos a ser lendas da terra...

Diz uma lenda chinesa muito antiga que os primeiros homens que habitaram a Terra eram todos imortais. Porém, essa imortalidade levantava problemas difíceis de resolver. O maior desses problemas resultava da grande quantidade de homens que povoavam o Planeta e do facto de durarem indefinidamente. Sentindo-se incapazes de alimentar tanta gente, as forças da Natureza pediram auxílio aos deus dos Deuses que, ao dar conta do erro que cometera ao criar a Terra, teve um ataque de fúria como só os deuses são capazes de ter e mandou para o Planeta uma enorme língua de fogo que por toda a parte semeou destruição e horror. Ao verem que a Terra assim não iria sobreviver, os deuses menores pediram-lhe clemência.

Assim começa José Jorge Letria o seu livro «Lendas da Terra«»(Terramar), contando a seguir que então o deus dos Deuses criou uma bela deusa vestida de negro e vermelho a que deu o nome de «Morte». A sua função seria equilibrar o número de habitantes terrenos...

Não sei se no Desporto temos um deus dos Deuses (se nos restringirmos ao desporto português, talvez tenhamos!), mas não tenho dúvidas que temos muitos deuses: aqueles que são glorificados na competição, aqueles que são erigidos pelos mídia, e ainda aqueles que põem e dispõem de tudo no desporto. São estes, ao invés do que nos conta o conto, que de vez em quando também enviam enormes línguas de fogo que semeiam a destruição sobre os intervenientes directos no fenómeno desportivo, sobre os praticantes e/ou competidores e sobre os treinadores.

Mas temos também no Desporto uma deusa, uma «Morte» (atrever-me-ei a dizer várias deusas, várias «Mortes») que também têm a função de quilibrar as situações nesta actividade. Temos a violência na prática desportiva – a violência reactiva e a violência instrumental – e temos a violência associada ao desporto – o hooliganismo. Irmão destas, e uma outra violência, temos o doping, onde o competidor violenta o seu próprio corpo e adultera os resultados. Ainda desta família, temos violências do próprio desporto: a morte súbita, a morbilidade como sequela e a exploração infantil. Podermos mencionar mais algumas «Mortes» (deusas!) que vão equlibrando a desporto em relação à verdade desportiva, ao fair-play, ao espírito desportivo, em suma, à ética no desporto: a fraude, a corrupção, a xenofobia, a intolerância e a intromissão no desporto da política, da religião e até da economia. Para não esquecer também os actos terroristas que começam a estar presentes no desporto. Uma deusa que tem andado camuflada e tem passado despercebida é a deusa das mortes enigmáticas e dos suicídios no desporto – e que exerce as suas funções mais vezes do que imaginamos porque poucas vezes são divulgadas as suas acções (ultimamente Owen Thomas, Martín Cabrera, Roger de Souza, Cláudia Heill...).

Passando ternamente a mão pelos lisos negros cabelos da filha, disse-lhe, afectuosamente: – Sei que a Terra não podia estar em melhores mãos. Com as qualidades que sei que tens, não hás-de enganar-te nas decisões que tomares.

Assim termina Letria o seu conto. E o Desporto também não pode estar em melhores mãos... com a acção das várias «Mortes» que nele existem, elas também não se hão-de enganar nas decisões que tomarem...

Resta saber se nós, simples mortais, nos submeteremos e deixaremos essas deusas assumir e executar essas decisões! Em caso afirmativo, também nós passaremos a ser lendas da terra... porque coniventes com elas!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Portugal pede ajuda externa... porque não soube gerir a questão interna!


Ficámos a saber ontem que José Sócrates assumiu formalmente o pedido de «assistência financeira». Na segunda-feira passada, de uma reunião dos principais banqueiros no Banco de Portugal, saiu a decisão de não dar mais crédito ao Estado nem adquirir mais dívida pública. Mas ontem, o Correio da Manhã, na sua última página, com o título "Rui Pedro Soares recebeu 1,2 milhões da PT", divulgava a seguinte notícia:


"O ex-administrador da Portugal Telecom (PT) Rui Pedro Soares, que abandonou a empresa na sequência do processo ‘Face Oculta’, recebeu em 2010 cerca de 1,2 milhões de euros resultantes de indemnização e salário até quando desempenhou funções.

O responsável recebeu 648,7 mil euros de indemnização, 104,2 mil euros de remuneração fixa e 459,4 mil euros de prémio anual sobre o exercício de 2009, informa o relatório e contas da PT divulgado esta terça-feira na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Fernando Soares Carneiro, também ex-administrador da PT que saiu igualmente no seguimento do processo ‘Face Oculta', recebeu um total de 1,8 milhões de euros: 973 mil euros de indemnização, 175 mil euros por compromisso de não concorrência, 201 mil euros de remuneração fixa e 459,4 mil euros de prémio anual sobre o ano de 2009.

Rui Pedro Soares renunciou ao cargo na empresa a 17 de Fevereiro de 2010, ao passo que Soares Carneiro viria a abandonar a PT cinco dias depois, a 22 de Fevereiro. Os dois administradores abandonaram a empresa após a divulgação de escutas telefónicas no âmbito do processo 'Face Oculta' e de um alegado plano do Governo que envolvia a PT na criação de um grupo de comunicação social."


São estes os "vampiros" de Zeca Afonso: eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada... eles vão-se embora, eles vão-se embora e ainda levam tudo... Quem pagou estas verbas? Os utentes da PT!... Ou seja, nós!...


Estranho país este... onde eu já não estranho ser estranho! Ou mordomias para uns e fome e miséria para outros!


Nota: negritos da nossa responsabilidade.


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terça-feira, 5 de abril de 2011

O apagão e os repuxos - questões de liderança

As pedradas ao autocarro do Benfica numa das últimas deslocações ao norte, tal como a apagão e a ligação do sistema de aspersão no estádio da Luz no último fim-de-semana, revelam a incivilização em que vivemos. Se no primeiro caso as culpas podem ser eventualmente atribuidas a adeptos, no segundo caso serão eventualmente atribuídas a dirigentes. Se (se!) os jogadores do Porto se recusaram a entrar de mão dada com as crianças que envergavam o equipamento do Benfica o problema é deles e a responsabilidade sua, mas nenhum dano material ou moral daí resultou (não foi o espectáculo tão bonito? Não, não foi!).


Mas por que motivo se passa tudo isto ao mesmo tempo? A resposta é só uma: uma questão de educação (ou de falta dela!). E de quem é a responsabilidade? Se podemos atribuir 50% da culpa a quem pratica estes actos, os outros 50% terão de ser atribuídos a quem não educou os 50% anteriores numa senda de valores, de quem não lhes forneceu uma formação ética, de quem não lhes deu exemplos de cidadania e de civilidade.


Resumindo, tudo isto é uma questão de liderança. Liderança também exercida por quem exerce as funções de dirigente ou de treinador. Tomando como base o livro Coaching Young Athletes, de Rainer Martens, poderemos assim definir os diferentes estilos de liderança:

 O “pedra”: acredita que precisa de ser durão e fechado para manter a distância e a ordem;

 O “sacana”: a ideia é não facilitar. “Se eu posso dificultar, para que facilitar!!??”;

 O “anjo”: aquele que, na tentativa de ser amado por todos, veste a fantasia de anjo. É o “super compreensivo”;

 O “mil facetas”: aquele que em cada momento está de uma forma (mudança de humores), muitas vezes atingindo extremos, e nunca se sabe o que vem pela frente;

 O “ceguinho”: que finge dormir e fechar os olhos para coisas importantes;

 O “falador”: falar, falar, às vezes sozinho… ouvir, nem pensar!!

 O “juiz”: é o dono da verdade, aquele que acusa e absolve. É o que diz: “eu não te disse!?”

 O “domador”: aquele que “tira” o sangue dos seus subordinados;

 O “psicotécnico”: na tentativa de resolver os problemas psicológicos de cada um, deita-os no divã… “dá-lhes conselhos”;

 O “super-técnico”: veste a capa de super-homem e acredita poder sustentar o fardo de ser perfeito e jamais errar.

Não tenhamos receio de nos revermos em qualquer um deles, nem medo de atribuir alguma destas categorias aos nossos dirigentes ou aos nossos políticos.


Depois ainda digam que a culpa de uma geração à rasca é dessa geração rasca!!!...

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sábado, 2 de abril de 2011

A prova: em seis dias apenas...

Comprovando e exposto no post anterior, aqui temos a reconstrução da auto-estrada de Naka em apenas SEIS DIAS após o terramoto, pelos japoneses. Excepcional!... Por cá, quanto tempo demora a tapar um buraquito numa estrada?


A notícia chega-nos através do Daily Mail, jornal inglês diário, a qual se pode consultar no «Mail Online».


(http://www.dailymail.co.uk/news/article-1369307/Japan-tsunami-earthquake-Road-repaired-SIX-days-destroyed.html)


Yamato-damashii ( 大和魂), "o espírito japonês"!


Esta semana, Paulo Madeira, no Correio da Manhã (http://www.cmjornal.xl.pt/) deu-nos a conhecer as condições em que vivem aqueles que trabalham na central nuclear de Fukushima.

"Dormem no chão, não podem tomar banho, comem apenas duas refeições ligeiras por dia e estão permanentemente expostos a radiações potencialmente letais. É nestas condições extremas que vivem os 400 trabalhadores que tentam evitar uma catástrofe nuclear na central de Fukushima, no Japão.

Os 400 ‘heróis de Fukushima’, como são conhecidos, começam o dia com uma refeição ligeira, normalmente composta por bolachas e sumos. Não param para almoçar, e ao jantar comem arroz e comida enlatada. Dormem numa ‘sala segura’, cobertos por placas de chumbo e sem poder tirar as máscaras de protecção. Não têm camas (dormem no chão) e não podem tomar duche ou mudar de roupa. O abastecimento de alimentos e água é semanal, para evitar que mais pessoas sejam expostas à radiação, e a comida que há tem de ser racionada."

Hiroshima, 1945 (fonte: http://dekablogjp.blogspot.com/2010/08/hiroshima.html)


Otsuchi, Iwate Prefecture, Monday, March 14, 2011 (foto: Associated Press/Kyodo News)


Surpreendente a semelhança entre estas duas fotos, com 66 anos de distância uma da outra, onde somente o «Torii» se manteve de pé... como podemos observar, tudo o resto é destruição!

Um povo que se levantou das cinzas após Hiroshima e Nagasaki, levantar-se-á igualmente das cinzas após Fukushima...

Os 400 «heróis de Fukushima» na sua maioria são trabalhadores com mais de 60 anos, poupando-se assim trabalhadores mais jovens a uma provável morte em prol do restante povo do Japão devido ao elevado nível de radioactividade. Os japoneses denominam este sacrifício como «yamato-damashii», uma dedicação desinteressada ao seu país, algo de parecido com o estado de espírito dos pilotos suicidas «kamikaze» aquando do ataque a Pearl Harbour (7 de Dezembro de 1941). "Actualmente aparece retocado como dedicação ao bem comum acima dos interesses pessoais" (João Vaz, Correio da Manhã, idem).

Temos a certeza que a ousadia e a coragem e o espírito indomável do povo japonês virão à superfície... O Bushido ainda não morreu!


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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Dia das Mentiras!

Luís Afonso, na ediçaõ de hoje do jornal «A Bola», na página 40, comemora assim o "dia das mentiras"... mas será só no futebol? E nas outras modalidades? E na política? E na sociedade portuguesa?