domingo, 28 de agosto de 2016

O que resta dos J. O. do Rio 2016? (I)

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Um maior distanciamento dos J. O. do Rio 2016 talvez nos proporcione um juízo mais lúcido. Daí, só agora esta reflexão!

Portugal tinha 115 atletas de 18 modalidades enquadrados no Projecto de Preparação Olímpica. Dez atletas integravam o nível 1 (provável obtenção de medalha) e vinte e cinco o nível 2 (prováveis finalistas).
Dos primeiros dez, seis pertenciam à canoagem (Fernando Pimenta, Emanuel Silva, João Ribeiro, David Fernandes, Teresa Portela e Hélder Silva), dois ao judō (Telma Monteiro e Jorge Fonseca), um ao taekwondo (Rui Bragança) e um do ciclismo (Rui Costa).
Dos "comentaristas" que polulam por aí, uns opinavam que Portugal tinha teoricamente sete/oito resultados que projectavam possível medalha; outros, ficavam-se pela projecção de 2/3 medalhas...

Resultados: Portugal trouxe uma medalha de bronze... (repare-se que José Garcia, chefe da Missão Olímpica, diz que ficámos com dez atletas nos seis primeiros lugares e José M. Constantino, Presidente do COP, afirma que ficámos com 10 atletas entre o 4º e o 8º lugares).

Com 13,5 milhões de euros gastos durante o ciclo olímpico - financiamento público - e sem conhecermos verbas de dotações privadas, outros resultados não seriam de esperar. Basta compararmos com a nossa vizinha a Espanha - 177 milhões de euros de orçamento público e 311 de dotações privadas - que obteve 7 medalhas de ouro, 4 de prata e 6 de bronze!

Muito fizeram os nossos competidores...

(continua)

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

E o rei continua a ir nu!

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Tinto ou branco? Cheio!

Ninguém se lembraria de colocar um alcoólico a apresentar um programa de crítica de vinhos. Para o alcoólico, qualquer vinho é bom: emborracha!!!

O mesmo já não acontece com programas que apresentam viciados em poder (ou em €, £ ou US$) a debitar opiniões sobre a melhor forma de sobrevivermos às situações que eles próprios criaram.

Apenas uma minoria repara nisto, a grande maioria acomodou-se, vai correndo atrás da cenoura com que lhe acenam…

A publicidade alastra a todos os consumíveis, inclusivamente às ideias. Somos assim manobrados, manipulados, e a nossa opinião já não é a nossa opinião - passa a ser a opinião daquele que nos vende o produto que nos levou a comprar.

Analisar variáveis e contextos dá muito trabalho. Avaliar circunstâncias dá muito trabalho. Pensar também dá muito trabalho!

Os últimos dois dias foram dias de fazer a festa, lançar foguetes e apanhar as canas. O "Karate" estará no programa dos Jogos Olímpicos de Tokyo 2020. Aos que lutaram por isso, aos que acreditaram, os meus sinceros parabéns! Tenho pena que não seja o Karatedō a estar em Tokyo 2020. 

Para um total de 181 países há 60 vagas para kumite e 20 para kata. Que países vão estar presentes? Quem lá vai estar???

Pessoalmente, não me aquece nem arrefece que o "Karate" esteja no programa dos JO... nem me decepciona que dirigentes, árbitros, seleccionadores (e alguns treinadores) ou competidores que já estão há muito na alta competição tenham lutado por isso e para isso... Eles vão ser os verdadeiros beneficiados com isso. O que me escandaliza é o mais comum dos mortais defender essa posição só porque sim!!! Porque esses de nada irão beneficiar. ..

Apresentam-se como maiores vantagem mais visibilidade para a modalidade, maior alcance de público, aumento do número de praticantes e mais dinheiro para as federações. A maior visibilidade na TV do "karate" dos JO é como a visibilidade do Bruce Lee nos anos 70: aquilo que se vê é uma coisa, o que se faz outra completamente diferente. Em relação ao aumento do número de praticantes, recordo-me que na década de 80 a série «Fame» encheu os ginásios... mas disso, nada resta. Se vai haver mais dinheiro ou não para as federações veremos se, no caso de se vir a verificar esta premissa, reverterá a favor dos competidores...

E depois ainda há a história daquela criança, a única criança que se apercebeu que o rei ia nu!