terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Seminário de Karate-Dō (空手道): reacção espontânea e deslocamentos


O Judo Clube de Portugal revelou-se pequeno ao receber tantos praticantes para estudarem a reacção espontânea e os deslocamentos no Karate-Dō (空手道), no passado domingo, dia 29.

Os treinos dos mais jovens, virados principalmente para uma parte lúdica, sem a técnica deixar de estar presente, foram um sucesso ao qual se associou a sua alegria e irrequietude.


Os mais velhos tiveram a oportunidade de partilhar os conhecimentos de alguns treinadores que se conhecem há vários anos e comungam de ideias comuns. Os conteúdos deste seminário foram sempre explorados em situações de parceria e com a realização concreta de situações práticas, o qual foi enriquecido pela presença do Sensei Filipe Chamorro. 


João Ferreira - 5º Dan de Shōtōkan (松濤館), Rui Marques - 4º Dan de Shōtōkai (松濤會), João Pereira - 4º Dan de Wadō-Ryū (和道流), Armando Inocentes - 5º Dan de Gōjū-Ryū (剛柔流), Filipe Chamorro - 3º Dan de Aikidō (合気道) e 2º Dan de Kendō (剣道) e Álvaro Silva - 3º Dan de Shōtōkan (松濤館) orientaram os trabalhos deste Seminário, o qual promete ter continuação.
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Estágio de Inverno da Kaizen

A Kaizen Karate Portugal vai realizar o seu Estágio de Inverno no próximo dia 11 de Fevereiro, sábado, em Corroios, no concelho do Seixal.
 
Aqui ficam os os horários e os locais de treino:
 
09:30h / 13:00h - Treino Geral - todas as idades - Pavilhão Municipal do Alto do Moinho.

15:00h / 18:00 - Treino para maiores de 12 anos e graduados (4º Kyu e acima) - Casa do Povo de Corroios.

Encontrar-nos-emos lá...
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Faleceu o Sensei Iha Koshin (伊波庫進) - o último aluno ainda vivo do Sensei Miyagi Chōjun (宮城長順)


(foto: OGKK, 2009)

No passado dia 29, o último aluno ainda vivo do Sensei Miyagi Chōjun (宮城長順) faleceu. Iha Koshin (伊波庫進) Sensei, 10º Dan, nasceu em 24 de novembro de 1925 e tinha iniciado a sua prática com o fundador do nosso estilo aos 14 anos de idade. Após a morte de Miyazato Ei'ichi (宮里栄一) Sensei, em 11 de dezembro de 1999, foi eleito presidente da  Okinawa Gōjū-Ryū Karate-Dō Kyōkai (沖縄剛柔流空手道協会), cargo que exerceu até 2004. Era presidente honorário da OGKK e deixou esta mais pobre... As nossas condolências à sua família, a todos os Mestres seus companheiros de treino e à OGKK.

sábado, 28 de janeiro de 2012

A Tradição no KARATE-DŌ [空手道]


O KARATE-DŌ [空手道] é tradição... ouve-se muitas vezes. Chega-se a falar num KARATE-DŌ [空手道] tradicional e num moderno... num marcial e num desportivo...



Como prometido, aqui fica uma reflexão!

Amiúde confundimos tradição com costumes. Vamos tentar clarificar estes conceitos.
Costume é o conjunto de normas de comportamento a que todos nós obedecemos de um modo uniforme e contínuo, omnipresentes, às quais obedecemos porque acreditamos e estamos convictos da sua obrigatoriedade jurídica. Refira-se já aqui que uma norma não é o mesmo que uma lei - a norma é algo não escrito, comumente aceite e que rege o chamado "comportamento normal"*, proveniente do senso comum de justiça de uma determinada sociedade, sendo na maioria das vezes proibitiva e não prescritiva. Dizer-se que «não podemos utilizar o Karaté a não ser numa situação de legítima defesa» é um costume e nada tem a ver com tradição.
Os costumes são assim regras sociais que resultam de uma prática reiterada, exercida de forma generalizada e prolongada, às quais pensamos estar sujeitos por uma certa obrigatoriedade, de acordo com a sociedade e a cultura em que estamos inseridos. Para Nader (1) "a lei é Direito que aspira a efetividade e o Costume a norma efetiva que aspira a validade." Só ser possível treinarmos com o KARATEGI [空手衣] é um costume, não uma tradição.
O que é a tradição? Segundo Giddens (2), a tradição é algo que une as ordens sociais pré-modernas e que envolve controle do tempo. "A tradição é uma orientação para o passado, de tal forma que o passado tem uma pesada influência ou, mais precisamente, é constituído para ter uma pesada influência para o presente."
Verificamos assim que a tradição é parte da organização espacio-temporal do conteúdo em que milita. Ela é parte do passado, encontra-se no presente e perspectiva o futuro. Há uma continuidade... constantemente adaptada a cada geração, sem no entanto haver uma rotura profunda entre o passado, o presente e o futuro... continuidade essa que para ser preservada envolve um ritual. O ritual preserva a memória coletiva e possui uma verdade inquestionável, ao mesmo tempo que detém uma linguagem própria e específica.
Giddens (2) diz-nos que “a linguagem ritual é performativa, e às vezes pode conter palavras ou práticas que os falantes ou os ouvintes mal conseguem compreender. (...) A fala ritual é aquela da qual não faz sentido discordar nem contradizer – e por isso contém um meio poderoso de redução da possibilidade de dissenção”. Os termos técnicos de língua japonesa, o ritual da saudação...
Repare-se agora, na pós-modernidade, no perigo que representa haver verdades inquestionáveis (Giddens chama-lhe «verdade formular») ou discursos que não se devem questionar ou contradizer... na limitação de ideias e de liberdades que pressupõem...
É precisamente Giddens (3) que afirma que "o conceito de tradição não passa de uma criação da modernidade." E que é um erro absoluto supor que caracterizar algo como tradição significa falar em algo "velho de séculos" ou que se mantém apesar do decorrer dos anos.
E Giddens continua explicando que "a resistência à passagem do tempo não é a característica fundamental da tradição, nem do seu primo um pouco menos visível, o costume. As características que definem a tradição são o ritual e a repetição. As tradições são sempre pertença de grupos, comunidades ou colectividades. (...) O que torna qualquer tradição diferente é o facto de ela definir uma espécie de verdade. Para alguém que age de acordo com uma prática tradicional, as perguntas sobre a existência de alternativas não fazem sentido. Contudo, por muito que mude, a tradição proporciona meios de acção que são pouco questionáveis. É normal que as tradições possuam guardiões próprios: homens bons, sacerdotes, sábios. Mas ser guardião não é o mesmo que ser especialista." Aqui encontramos a semelhança com a quem denominamos muitas vezes de «mestre», pois "a posição e o poder dos guardiões deriva do facto de só eles serem capazes de interpretar a verdade ritual das tradições." Daí o «treina e não peguntes»... daí o «no pain no gain»...
Já em 1997 Giddens (2) afirmava que "a tradição é impensável sem guardiães, porque estes têm um acesso privilegiado à verdade; a verdade não pode ser demonstrada, salvo na medida em que se manifesta nas interpretações e práticas dos guardiães."
Ora, a evolução do KARATE-DŌ [空手道] é fruto de, primeiro, um processo gradual (com diversas fases em diferentes contextos históricos em Okinawa) inserido em modificações socio-culturais e, segundo, pela aculturação de uma realidade oriental na cultura ocidental. Todo este processo originou aquisições e reinterpretações mas também degenerações, até porque as condições históricas criaram situações objectivas de desigualdade.
Neste avanço temporal, assim como nesta deslocação geográfica e cultural, há toda a transferência de rituais que perdem os seus significados originais e ganham outros similares ou diferentes.
O que não não quer dizer que a tradição acabe - ainda segundo Giddens (3) "o fim da tradição não significa que a tradição vá desaparecer."
A globalização, o acesso cada vez maior à informação e ao conhecimento, acabará por fazer questionar as tais verdades dos guardiães e a convocar mais os experts na matéria... acabará por obrigar aqueles que têm responsabilidades na transmissão do KARATE-DŌ [空手道] a pesquisarem e a estudarem o mesmo...
Concluímos, tal como Giddens (3), que, apesar de verificarmos que a tradição existe no KARATE-DŌ [空手道], "um mundo em que a modernização se não confina a uma área geográfica, que em vez disso se faz sentir a nível global, traz um certo número de consequências para a tradição."



*Aqui, quase que poderíamos questionar o conceito de "comportamento normal" - Jim Morrisson disse: "loucos são os que chamam loucura à minha normalidade".





(1) NADER, Paulo, 2011, "Filosofia do Direito", Editora Forense Jurídica (Grupo GEN), Brasil, 20ª edição.
(2) GIDDENS, Anthony, 1997, A vida em uma sociedade Pós-Tradicional, in BECK, Ulrich; GIDDENS, Anthony & LASH, Scott (orgs), "Modernização Reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna", São Paulo, Editora Unesp.
(3) GIDDENS, Anthony, 2006, "O Mundo na Era da Globalização", Barcarena, Editorial Presença, 6ª edição.



Nota: este post provavelmente não interessará aos guardiães. Mas eventualmente não passará despercebido aos experts...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A atualidade de Gil Vicente - de leitura obrigatória!


Gil Vicente é um autor atual, apesar de ter sido representado pela primeira vez em 1532, como parte de uma peça maior, o seu denominado Auto da Lusitânia.  Nele, um rico mercador chamado "Todo o Mundo" e um pobre homem cujo nome é "Ninguém" encontram-se e põem-se a conversar sobre o que desejam neste mundo. À sua volta, Belzebu e Dinato, dois demónios, vão tecendo e registando os seus comentários.

"Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo após, um homem, vestido como pobre. Este chama-se Ninguém.


                    Ninguém
                    Que andas tu aí buscando?

                    Todo o Mundo
                    Mil cousas ando a buscar:
                    delas não posso achar,
                    porém ando porfiando
                    por quão bom é porfiar.

                    Ninguém
                    Como hás nome, cavaleiro?

                    Todo o Mundo
                    Eu hei nome Todo o Mundo
                    e meu tempo todo inteiro
                    sempre é buscar dinheiro
                    e sempre nisto me fundo.

                    Ninguém
                    Eu hei nome Ninguém,
                    e busco a consciência.

                    Belzebu
                    Esta é boa experiência:
                    Dinato, escreve isto bem.

                    Dinato
                    Que escreverei, companheiro?

                    Belzebu:

                    Que Ninguém busca consciência
                    e Todo o Mundo dinheiro.

                    Ninguém
                    E agora que buscas lá?

                    Todo o Mundo
                    Busco honra muito grande.

                    Ninguém
                    E eu virtude, que Deus mande
                    que tope com ela já.

                    Belzebu
                    Outra adição nos acude:
                    escreve logo aí, a fundo,
                    que busca honra Todo o Mundo
                    e Ninguém busca virtude.

                    Ninguém
                    Buscas outro mor bem qu'esse?

                    Todo o Mundo
                    Busco mais quem me louvasse
                    tudo quanto eu fizesse.

                    Ninguém
                    E eu quem me repreendesse
                    em cada cousa que errasse.

                    Belzebu
                    Escreve mais.

                    Dinato
                    Que tens sabido?

                    Belzebu
                    Que quer em extremo grado
                    Todo o Mundo ser louvado,
                    e Ninguém ser repreendido.

                    Ninguém
                    Buscas mais, amigo meu?

                    Todo o Mundo
                    Busco a vida a quem ma dê.

                    Ninguém
                    A vida não sei que é,
                    a morte conheço eu.

                    Belzebu
                    Escreve lá outra sorte.

                    Dinato
                    Que sorte?

                    Belzebu
                    Muito garrida:
                    Todo o Mundo busca a vida
                    e Ninguém conhece a morte.

                    Todo o Mundo
                    E mais queria o paraíso,
                    sem mo Ninguém estorvar.

                    Ninguém
                    E eu ponho-me a pagar
                    quanto devo para isso.

                    Belzebu
                    Escreve com muito aviso.

                    Dinato
                    Que escreverei?

                    Belzebu
                    Escreve
                    que Todo o Mundo quer paraíso
                    e Ninguém paga o que deve.

                    Todo o Mundo
                    Folgo muito d'enganar,
                    e mentir nasceu comigo.

                    Ninguém
                    Eu sempre verdade digo
                    sem nunca me desviar.

                    Belzebu
                    Ora escreve lá, compadre,
                    não sejas tu preguiçoso.

                    Dinato:
                    Quê?

                    Belzebu:
                    Que Todo o Mundo é mentiroso,
                    E Ninguém diz a verdade.

                    Ninguém
                    Que mais buscas?

                    Todo o Mundo
                    Lisonjear.

                    Ninguém
                    Eu sou todo desengano.

                    Belzebu
                    Escreve, ande lá, mano.

                    Dinato
                    Que me mandas assentar?

                    Belzebu
                    Põe aí mui declarado,
                    não te fique no tinteiro:
                    Todo o Mundo é lisonjeiro,
                    e Ninguém desenganado."

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O desporto vai fazer elevar os níveis de matemática...


No desporto, principalmente no futebol, tudo é quantificável... logo, há que estudar matemática para perceber de desporto!

Porto (64%), Guimarães (64%), Braga (63%) e Marítimo (60%) possuem a maior percentagem de jogadores não europeus. Segue-se o Inter de Milão com 59%. Os plantéis do Porto e do Benfica possuem 76% de estrangeiros - estes imigraram...

O Estudo Demográfico anual do Observatório do Futebol, sediado na Suiça, conclui que Portugal exporta futebolistas mas não aproveita os jovens provenientes da formação - recordam-se da "geração coragem"? - e apenas 8,3% dos futebolistas da Liga representaram os seus clubes entre os 15 e os 21 anos. A Liga portuguesa é a segunda na Europa com mais estrangeiros - 225 em 408 jogadores - só com o Chipre à sua frente. As transferências dão muito dinheiro... aos clubes! Na formação investe-se muito dinheiro... sem resultados imediatos.

Totti, avançado da AS Roma, passou a ser o jogador com maior número de golos pelo mesmo clube na história do campeonato italiano de futebol. Aos 35 anos, Totti bateu um recorde de 56 anos - pois nunca foi transferido de clube! Já agora, foram 211 golos...

João Veríssimo, após frequentar o curso de arbitragem de nível I da associação de Futebol de Santarém, concluído em Novembro de 2011, tornou-se no sábado o mais jovem árbitro português a apitar num encontro oficial aos 13 anos de idade...

A holandesa Laura Dekker, que tanta celeuma levantou no início (tinha apenas 14 anos), acabou por terminar a volta ao mundo em solitário aos 16 anos, batendo o anterior recorde da australiana Jessica Watson. No entanto não verá o seu nome figurar no Guiness dado este não reconhecer marcas alcançadas por menores...

E assim vai o mundo, ou antes, a matemática no mundo do desporto!


A nossa cultura devia ser património mundial da cultura!


A cultura está "além de todos os orçamentos"

e mesmo em tempos de crise justificam-se investimentos nesta área 
porque os eventos culturais "são um bem essencial" para o crescimento do país.

"Os eventos culturais são uma bem essencial para o crescimento,
não apenas em termos espirituais mas também materiais".


Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, 21 de janeiro de 2012.


O ministério da cultura deveria ter sido substituído por um ministério do desporto... ou o desporto não é cultura? Ou o desporto não é um bem essencial para o crescimento, não apenas em termos espirituais mas também materiais?

Recordo-me do Adérito, um aluno meu há longos anos, a quem certa vez perguntei o nome dos jogadores do Benfica. Disse-me os onze, o nome dos que normalmente estavam no banco e ainda mais os da equipa das reservas. Perguntei-lhe o nome das ilhas dos Açores e respondeu-me: - S. Miguel, S. Jorge... e quando sugeri a Terceira logo de imediato acrescentou "a segunda e a primeira". Quando lhe perguntei qual o principal monumento de Guimarães (hoje capital europeia da cultura) e lhe disse que era um castelo atirou de repente: castelo branco!

O Adérito era culto! Possuía cultura. Não uma cultura de coisas que nunca tinha visitado, mas uma cultura sobre coisas que conhecia, pois para além de militar nos infantis ou juvenis do Benfica, ia assistir a todos os treinos dos seniores. Até tinha uma camisola que lhe tinha sido oferecida pelo Valdo...

A nossa cultura devia ser património mundial da cultura!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Há ou não há "concórdia" sobre o conceito de "tradição"?


O Karate-Do é tradição... Chega-se a falar num Karate-Do tradicional e num moderno... num marcial e num desportivo...

Haverá "concórdia" entre nós sobre o conceito de «tradição» sempre que aplicamos este termo?

Hoje mesmo, Miguel Gaspar (1) aborda a maldição "do capitão que, depois de feito o disparate, abandona o navio em vez de ficar a bordo, cuspindo na tradição, e desaparece de cena num táxi, para acabar na prisão."

Fernanda Palma (2) refere que "a experiência trágica do Titanic revelou que há um Direito das catástrofes e, no caso dos navios, uma profunda tradição ética no estabelecimento de prioridades."

Tradição - um conceito a abordar brevemente...


(1) "O visitante inesperado", Pública, 22.01.2012, p. 11. Miguel Gaspar é jornalista do diário «Público».
(2) "Costa Concordia", Correio da Manhã, 22.01.2012, p. 14. Fernanda Palma é Professora Catedrática de Direito Penal.

Pepe - Messi - Messi - Pepe (não foi mão na bola, foi mão no pé...)


(fonte: Jornal de Notícias, 19.01.2012, p. 42) 

Pepe pediu desculpa! José Mourinho afirmou que Pepe lhe tinha dito que não teve intenção de pisar Messi e que acreditava nele. Pepe Guardiola, sobre o outro Pepe, afirmou: "Se ele diz que foi involuntário, ele é que sabe."

Não é só o «replay» que nos permite analisar o caso. A internet também nos permite escalpelizar o assunto. Mas se ainda não há uma máquina para medir as "intenções", observem-se as imagens abaixo... e medite-se biomecanicamente no deslocamento de pés do jogador equipado de branco...



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Faltam apenas 10 dias...

Campeonato Nacional de Clubes


CKG Porto, 
KS Vila das Aves, GRE Bonfim, CK Maia e CK Aguçagourense dominaram o Nacional de Clubes. Equipas do Norte do país, onde a excepção foi o CRP Campolide ao vencer em kumite sénior masculino, quando já antes a sua equipa de cadetes/juniores se tinha sagrado vice-campeã também em kumite masculino.

O CRP Campolide apresentou uma equipa constituída por Nuno Mestre, Hugo Lourenço, Hugo Pina, Bruno Rua, Álvaro Varela e, como suplente, André Simão.

Quebrando a hegemonia tradicional de outros clubes, como surgiu esta equipa? Três clubes de origem (CRP Campolide, CRD Cavaquinhas e KC Margem Sul), cada qual respectivamente treinado por Estevão Trindade, Sérgio Pereira e Ricardo Camisão, deram origem a uma ideia comum, pois nenhum dos clubes conseguiria participar no evento "individualmente". Optaram pela inclusão dos melhores atletas numa equipa A, formaram ainda uma equipa B e, para além disso, uma equipa de cadetes e juniores. Ultrapassadas as situações burocráticas e administrativas que decorrem das inscrições dos atletas, alguns deles abdicaram da sua normal representatividade para abraçarem este projecto e logo no primeiro ano se sagraram campeões nacionais por equipas. Excelente!

Estevão Trindade é dos poucos ex-atletas de alta competição de sucesso que se revelou com boas competências para ser um bom treinador, sendo no momento seleccionador regional. Sérgio Pereira, antigo competidor, dedica-se actualmente também ao ensino e ao treino. Em relação ao treinador que deu a cara pela equipa, Ricardo Camisão, tive a honra de pertencer ao júri de licenciatura que apreciou a sua tese intitulada "KARATE ANTIGO vs NOVO - uma proposta metodológica de treino e de ensino para crianças dos 5 aos 10 anos", no Instituto Piaget, é neste momento mestrando de Treino de Alto Rendimento na Faculdade de Motricidade Humana.

Parabéns a todos os clubes participantes e a todos os vencedores.
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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Quando se perceberá? Na China, como em Portugal...


O antigo jogador chinês da NBA Yao Ming, recentemente retirado da competição, foi nomeado membro do principal órgão consultivo do governo.

Com 2 metros e 29 centímetros de altura, os chineses começam a mostrar-nos como se pensa alto...

Resta demonstrar se um bom competidor é um bom assessor, um bom gestor ou um bom dirigente.

Lá, tal como cá: bom karateka (expert em karaté) não é sinónimo de bom gestor ou de bom dirigente!


É o célebre princípio de Peter...
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O que sai do lago depois de atirar uma pedra?


"Uma pessoa atira uma pedra para um lago fundo.  Splash.  O som é alto e ressoa à nossa volta.  E o que sai do lago depois disso?  Só podemos olhar para lá e suspender a respiração."

Prof. Ebisuno, in Haruki Murakami, 2011, "1Q84", Alfragide: Casa das Letras, p. 373. 


A Direcção da FNK-P veio solícita, através da circular n.º 1/2012, repudiar pública e veementemente os acontecimentos ocorridos no Campeonato Nacional de Clubes, em Matosinhos, no passado dia 7 de Janeiro.

Mais, deliberou em reunião, no próprio dia, dar conhecimento do sucedido ao Conselho Disciplinar (ou Conselho de Disciplina?).

Mais solícita ainda, e célere, colocou a referida circular no seu site...

Várias questões se levantam aqui! Para quê colocar a circular no site quando ela é dirigida a todas as Associações - e só às Associações? Para quê levantar uma lebre quandos muitos não a podem caçar, pois desconhecem o que se passou porque não assistiram? Lavar a cara?... Tirar o cavalinho da chuva?... Agradar a gregos e a troianos?...

A Direcção parece estar na posse de provas de factos - deu "conhecimento" ao CD -, mas pediu a abertura de algum processo de averiguações ou de algum processo disciplinar?

Vai o CD atuar? Claro que vai... E depois não haverá recurso para o Conselho de Justiça? E para quê? Para ficar tudo na mesma? Tal como nos mostra aquele ofício não datado (convenientemente? estrategicamente?) que lá está no site em «Conselho Disciplinar» há cerca de dois anos a dizer que "Decorre no Conselho Disciplinar dois processos que foram objecto de recurso. Aguarda-se a decisão do Conselho Jurisdicional."... (Ou decorrem?... Não são dois?) Funcionou o Conselho de Justiça anterior? Vai funcionar o atual? Prescreveram os processos?...

É mais fácil atirar-se uma pedra para um lago fundo e só podermos olhar para lá e suspender a respiração...

Afinal, o que sai do lago depois disso?
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sábado, 14 de janeiro de 2012

...e as grandes organizações são assim!


Na sequência dos post anterior, gostaria de deixar aqui a continuação dos acontecimentos...

Paulo Gonçalves ajudou Cyril Deprès a sair da lama, o francês foi-se embora sem retribuir e o português teve de ser ajudado por alguns civis que por ali passaram.

A organização do Dakar decidiu após estes factos penalizar o piloto português em seis horas por... "ajuda externa ilegal"!

Note-se que a organização é francesa... e que, neste caso, se serviu do DESPORTO para dar um bom exemplo!

Regulamentos são regulamentos e comportamentos morais são outra coisa diferente... mas há situações que são legais sem serem morais! Por outro lado, há situações imorais que, por não regulamentadas, não são sancionadas!
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Os grandes campeões são assim...


Dakar 2012

Gonçalves ajudou Despres a sair da lama e depois o francês deixou-o atolado

10.01.2012 - 17:34 PÚBLICO






Entreajuda não é uma palavra vã numa prova como o Dakar. O português Paulo Gonçalves voltou atrás para ajudar Cyril Despres a tirar a moto de um lamaçal. Mas depois o francês não retribuiu.
(...)
O piloto português perdeu mais de 15 minutos relativamente a Cyril Despres, que terminou a etapa em sétimo.

Toda  a notícia e o vídeo em http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1528444.
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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Com que nos deveremos preocupar?


Austeridade… esperança…  as palavras mais utilizadas no ano anterior!
Quando se acaba um ano e outro começa, é natural que transpareçam tendências otimistas… tendências pessimistas… e tendências realistas…
Quando se fala em dificuldades económicas, em crise, em sacrifícios, em solidariedade… o mesmo acontece…
Se refletirmos sobre o «talento especial» de que nos falava Tomaz Morais (1) ao terminar o passado ano observamos que na sua opinião “2011 foi um ano de formação e competição nas mais diferentes modalidades, começando o desporto a despertar cada vez mais interesse à sociedade portuguesa. (…) Mesmo em tempos difíceis, assistir a uma maior procura e respeito pelos benefícios transmitidos pelo desporto e actividades físicas são vitórias salutares que esperemos que sejam reforçados em 2012.” Para além de descortinarmos aqui um certo otimismo, verificamos também uma grande generalização pois as “diferentes modalidades” são modalidades diferentes. De certo que não se aplicará esta análise ao Karaté, nem no campo da formação nem no campo da competição, mormente da internacional (recordam-se do mundial da Malásia?)…
Martins de Sá (2) mostra-nos o pessimismo em relação ao futebol profissional quando faz soar o seu «alarme»: “haverá pelo menos 200 jogos sob suspeita de manipulação, incluindo da Liga dos Campeões, disputados em países como a Alemanha, França, Suiça, Hungria, Bósnia, Eslovénia, Croácia e, obviamente, Itália (…).” Ou talvez não seja pessimismo mas descrença… Descrença que também começamos a encontrar entre muitos praticantes e treinadores de Karaté (recordam-se do anúncio das classificações dos cursos de treinadores para a primeira semana de Janeiro?).
Se nos debruçarmos sobre o «desporto juvenil» (3), abordado por Sidónio Serpa, damos conta que “a prática desportiva mais consequente na evolução dos jovens tem tido lugar nos clubes.” Atrevemo-nos a acrescentar também tem tido lugar naquilo a que se chama ginásios, academias ou health clubs - no nosso caso, nos dojo. Se nos primeiros a actividade é quase gratuita, o mesmo não acontece nos últimos. São pois as famílias que em qualquer caso acabam por financiar as actividades desportivas de crianças e jovens. Lê-se na mesma crónica que “os constrangimentos financeiros em Portugal levarão à redefinição de prioridades nos gastos familiares e a economias no que se refere às actividades desportivas. Por outro lado as entidades oficiais cujos subsídios aos pequenos clubes têm um peso significativo nos orçamentos, tenderão a reduzi-los ou a cancelá-los, o mesmo acontecendo com os patrocínios comerciais.
Diz-nos ainda Sidónio Serpa, numa posição mais realista, que perante este panorama, “a saída para a promoção da prática desportiva em que os jovens se sintam motivados e com objectivos está agora mais do que nunca na escola e no desporto escolar (…).” Será então a altura propícia para federações e desporto escolar porem a funcionar protocolos há muito assinados… e há um entre a FNK-P e o Ministério da Educação… recordam-se?
Mas enquanto muitos andam preocupados com quantas medalhas traremos de Londres ou com quem irá lá fora, Sidónio Serpa termina a sua crónica afirmando que “nestas circunstâncias não é a quebra de qualidade do desporto de alto rendimento e a representatividade nacional que me preocupa. É o adequado desenvolvimento dos jovens e a promoção da sua saúde.
Será, ou não, com isso que nos deveremos preocupar?

Nota: O desporto continua a fazer os seus mortos… Rogério Alves, jogador de 36 anos da equipa de futsal do Condestável Atlético Clube, faleceu no último sábado após o jogo da sua equipa contra o Alvorninha, num jogo da 2ª divisão distrital de Leiria. Logo a seguir, no domingo de manhã, em Staffordshire, Liam Wood - com apenas 13 anos - faleceu no hospital após uma convulsão aquando festejava o quinto golo da sua equipa, o AFC Saints, no jogo contra o Stafford Falcons.


(1) Tomaz Morais, A Bola, 23.12.2011, p. 33.
(2) Martins de Sá, A Bola, 03.01.2014, p. 29.
(3) Sidónio Serpa, A Bola, 03.01.2014, p. 33.

アルマンド  イノセンテス

sábado, 7 de janeiro de 2012

A vergonha na primeira semana de 2012...


Logo no primeiro dia do ano o desporto vestiu-se de luto: o motard argentino de 38 anos, Jorge Martínez Boero, morreu na sequência de um acidente na etapa inaugural do Dakar, que ligou Mar del Plata a Santa Rosa de la Pampa. Para além de haver outro motard, o francês Bruno da Costa, gravemente ferido, também pereceram neste evento desportivo mais dois espetadores.  Curiosamente um “Dakar” desenrolado na Argentina, Chile e Peru...
O dinheiro continua a atribuir ao desporto uma nota negativa: em Itália, das 20 equipas de futebol da Série A, só três (Juventus, Milan e Inter) não estão envolvidas no escândalo da corrupção que grassa naquele país…
Nota positiva para o jornal «Record» que logo no dia 3 publicou uma “Agenda 2012” com 7 páginas, onde constam os principiais eventos desportivos do ano. De realçar que na mesma consta o Campeonato da Europa de Karaté em Maio, a realizar-se em Tenerife, assim como o Campeonato do Mudo em Novembro, que se realizará em Paris. Mas se para outras modalidades são assinalados os campeonatos nacionais, para o Karaté também poderiam ter sido… bastaria ter contactado a federação e solicitado o calendário de atividades – ou não?
Vergonha também o ofício de 29 de Dezembro da FNK-P ao prometer aquilo que não iria cumprir... Faltam resultados de Cursos de Treinadores desde 2009!  Só sairam as classificações dos três últimos Cursos de Treinador Monitor... e estes são de Dezembro de 2010! Do 2º TN3, 2º TN2, 3º TN2, 4º TN2, 12º TN1 e 13º TN1, nada se sabe! Sábado (hoje) é o último dia desta primeira semana do ano... Se os candidatos pagaram os seus cursos, é certo que merecem saber os resultados! Claro que nos regulamentos não está estipulado nenhum prazo para a saída das classificações - nem tal é conveniente, mas deveria estar! Porque, como diria Séneca, "a vergonha deve restringir aquilo que a lei não proibe".

アルマンド  イノセンテス