sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ensaio sobre a pasmaceira

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Esta semana a comunicação social deu-nos a conhecer a carta assinada por 15 nadadoras espanholas onde revelam maus tratos cometidos pela ex-selecionadora nacional de natação sincronizada Anna Tarrés.

Foi com esta treinadora que Espanha ganhou quatro medalhas em Jogos Olímpicos (duas das quais em Londres), vinte e três em Campeonatos Mundiais e vinte e cinco em Campeonatos Europeus... 

Algumas questões se levantam: selecionadora desde 1994, só agora se revelam esses métodos? As famílias, os dirigentes, de nada tinham conhecimento? A ser verdade, no alto rendimento os meios justificam os fins? A ser falso (e recordo-me aqui do livro exemplar "Eu menti" de Virginie Madeira e Brigitte Vital-Durand), como se defenderá e quem defenderá a ex-selecionadora?

Lembro-me agora de um e-mail enviado em tempos para a FNK-P por um pai que se queixava que o treinador de karate-  do seu filho lhe dava "carolos" na cabeça... e que, por acaso, mesmo denunciando optou por não apresentar queixa... (E se tivesse apresentado? Em que lençois estaria metido esse treinador? Quem averiguaria e quem estaria do seu lado?)...

Esta semana também se veio a saber que a romena Florica Leonida, atualmente com 25 anos, campeã europeia de ginástica artística em juniores (2002) e medalha de prata por equipas nas Taças do Mundo de 2003 e 2006, abandonou esta modalidade aos 21 anos, optando por emigrar. Iniciou-se como instrutora de fitness numa academia alemã, mas um mau contrato de trabalho desta emigrante levou-a a acumular dívidas e a ser despejada de sua casa. A prostituição foi a solução para sobreviver... 

As instituições a que poderiam ter recorrido as protagonistas destes dois exemplo falharam... tal como falhou a instituição a que poderíamos recorrer, nós, treinadores de karate-... devido a uma pasmaceira generalizada... embora ainda estejamos a tempo!

(Foto: Armando Inocentes)
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domingo, 23 de setembro de 2012

Uma opinião sobre a ANTK - o comentário que virou post!


O que não sabe é um ignorante,
mas o que sabe e não diz nada é um criminoso.


Bertolt Brecht


Caro Inocentes e restantes treinadores, eu não quero ser criminoso!

Em meu entender o tema que levantas tem importância elevada, e deve ser tratado com a maior seriedade.

Gostaria de serenar os vossos espíritos, porque creio que alguma coisa está, ou vai ser feita, de contrário, então, “temos” dinheiro.
Antes de divulgar o que sei, penso que uma sociedade ou organização reflete o comportamento dos seus cidadãos ou associados.

Devemo-nos questionar:
1 - O que queremos?
2 - Qual o nosso contributo para chegarmos aqui? 
3 - O que podemos fazer para o nosso futuro e para as gerações vindouras?

Posto isto, passo a factos.
Quando se “constituiu” a ANTK, inscrevi-me, paguei a minha quota e a de mais sete pessoas que na altura tinham graduação superior a 3º kyu (eram meus assistentes). Essas pessoas por razões diversas deixaram de praticar karate. Alguns anos mais tarde o então, e agora, presidente da ANTK, sugeriu-me que as quotas pagas, se refletissem apenas na minha quotização. Como a ANTK se tinha constituído em conflito e nessa altura as “águas” estavam calmas, aceitei. Este ano na formação de Alfabetização Motora e Especialização Desportiva de 2/6/2012 em Pombal, o Sr. Presidente da ANTK, que estava lá, informou-me que eu era o nº 21, e que tinha apenas a quota deste ano para pagar - paguei.
Ora bem, se sou o nº 21 há pelo menos 9 anos, há no mínimo mais 20 pessoas que pagaram, ou deviam ter pago quotas todos estes anos. Pelo que conheço, o Sr. Presidente da ANTK pode ter alguns defeitos, mas é seguramente pessoa de boas contas. Então temos dinheiro. Não tenho qualquer recibo dos meus pagamentos, mas acredito que o dinheiro está lá.
É verdade as coisas funcionam de forma manuscrita, e o Sr. Presidente tinha lá algumas folhas. Mas ele tem um fixeiro da JKF GOJU KAI onde tem muito bem cadastrados os membros da JKF. Houve uma altura que algumas pessoas tinham “necessidade” de graduações, hoje mais de um milhar de treinadores tem necessidades prementes de ter uma associação de classe forte.

Parafraseando Pedro Abrunhosa, vamos fazer o que ainda não foi feito.

Embora algumas pessoas só consigam trabalhar em palco e com os holofotes virados para si, eu não me importo de ajudar nos bastidos e até de sujar as mãos. Agora que nós temos de ter uma atitude construtiva para pôr a ANTK a funcionar, lá isso temos.

Não podemos é ficar parados a apontar o que o outro não fez. Temos é de dizer o que  podemos fazer.

Por mim, creio ter sido o segundo a reunir vários estilos a competir em Portugal (da primeira vez que tinha acontecido ficaram mais divididos à saída do que estavam à entrada).
Sujeitei-me a ser raptado para se constituir a FPK ou a FPKDA (e ainda por cima o carro que me transportava deitava mais fumo para o banco de trás do que pelo escape).
Quando a FNK-P se estava a colapsar financeiramente, contribuí com um perdão de dívida de 270 contos (informando que aquele seria o último perdão).

Outras pessoas fizeram coisas muito mais importantes. Estou seguro que continuarão a fazê-lo - refiro-me concretamente ao atual presidente da ANTK, a ti, Armando Inocentes, que tens neste momento uma série de ideias para a ANTK muito interessante, e estou em crer que temos muita gente competente e de boa fé disponível para trabalhar em prol do karate em geral e da ANTK em particular. A entrada em vigor da nova lei de bases do desporto e do exercício físico vai obrigar-nos a ter uma associação de classe que funcione.

António dos Santos, 6º Dan
Treinador de grau IV
Presidente da APGKK


sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sobre uma associação de classe (a dos treinadores de karate-dō)

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Alguns comentários anónimos ao post anterior (que continuarei a ler mas nunca a publicar por serem anónimos - por uma questão de princípio, quer eu concorde quer discorde deles, quer me apoiem, quer me critiquem!) e alguns e-mails e telefonemas de colegas meus levaram-me a refletir um pouco mais sobre o que tem sido a ANTK e aquilo que deveria ser, pois muitos treinadores desconhecem certos factos, outros ignoram para que serve uma associação de classe e outros ainda encontram-se esquecidos...

Para estes últimos, os esquecidos, faço minhas as palavras de Jorge de Sena em «Fidelidade»:

"- nesta insólita fortuna, à luz que vem
oh só em poeiras inofensivas, rezo
a mim mesmo para não perder a memória,
por vós, para que saibais sempre lembrar-vos
de que tudo se perde onde se perde a paz,
e primeiro que tudo se perde a liberdade."

Aos que ignoram para que pode servir uma associação de classe, posso-lhes dizer que uma verdadeira associação nacional de treinadores de karate-dō não se deverá só preocupar com o expresso no art.º 2º dos estatutos da ANTK. Se os treinadores a viver exclusivamente da sua atividade são uma minoria, isso não isenta os restantes das suas responsabilidades. Há interesses dos treinadores que devem ser defendidos por quem os representa. Como se justifica que um treinador espere dois anos pela sua classificação num curso? Sendo a formação da responsabilidade da FNK-P, como pode uma associação cujos dirigentes são formadores da própria FNK-P defender os treinadores neste campo perante essa federação? Não existirá aqui conflito de interesses? Não estarão aqui presentes certas incompatibilidades? É que houve treinadores que durante esse tempo, com prejuízo próprio, se viram impossibilitados de apresentar credenciais perante organismos públicos...

O Programa Nacional de Formação de Treinadores, cujos futuros cursos terão algumas componentes teóricas entregues à responsabilidade das Universidades de Educação Física e Desporto, terão respetivamente 600, 800, 1100 e 1500 horas de estágio... não deverá a associação de classe ter uma palavra a dizer sobre os programas e sobre os supervisores, orientadores ou metodólogos desses estágios?

Quem defenderá um treinador de karate-dō a quem aconteça algo parecido com o que aconteceu a certo Professor de Educação Física (ver aqui)? E o alerta foi dado também por alguém que sabe do que fala (ver aqui) e que do assunto sabe mais do que eu... A quem irá recorrer, se acontecer, o treinador a quem algo semelhante aconteça?

Estando os treinadores representados na AG da FNK-P pelos seus delegados, quem defendeu os treinadores cujos nomes nem sequer constavam nos cadernos eleitorais no último ato eleitoral? Ninguém (e assim estes não votaram!), porque um dos eleitos até nem sequer estava também nos cadernos eleitorais mas... era quem era... era o próprio Presidente da ANTK! Auscultam esses delegados aqueles que representam??? Levam as suas opiniões paras as ditas AG´s???

Já agora, os associados da ANTK que pagaram jóia e quotas, já receberam os respetivos recibos? Eu e os treinadores da minha associação ainda não...


Está patente o descrédito desta instituição... mas não temos dúvidas nenhumas em assacar as responsabilidades aos próprios treinadores, aos desinteressados... uns porque se calam para defender as próprias quintas, outros porque se escondem (para não dizer acobardam!) no anonimato, outros ainda porque revelam o seu próprio medo! E como nos disse Alexandre O'Neill no seu «poema pouco original do medo»:

"O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos 
a ratos

Sim

a ratos"

Já chegámos???

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Carta aberta aos treinadores de karate-dō

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Assumindo-me essencialmente como treinador de karate-dō, dirijo-me a todos aquele que, tal como eu, abraçaram a responsabilidade de transmitirem conhecimentos teóricos e práticos acerca da nossa modalidade e que se dedicam e contribuem para a formação harmoniosa de seres humanos, independentemente de serem adeptos do "karaté desportivo" ou da "arte marcial". E realço que, neste momento, a legislação portuguesa não contempla «mestres» mas sim «treinadores de desporto»...

A 11 de Junho de 2011 tivemos no Auditório do Complexo de Alto Rendimento sito nas Piscinas do Jamor, na Cruz Quebrada, a última Assembleia-Geral da Associação Nacional de Treinadores de Karaté, onde foram eleitos os órgãos sociais para o triénio 2011-2014.

Nessa AG, onde foi equacionada a ação da ANTK nos últimos anos, o Presidente da Direção cessante afirmou que - e são palavras textuais - "não vale a pena perceber porque é que a ANTK não tem funcionado nestes últimos três anos". E reconheceu também que "a direção perdeu o mandato já há alguns anos" tendo esta revelado algumas "incompetências"... Acontece que o mesmo Presidente foi reeleito! Estavam presentes 33 associados, numa associação que já tinha contado quase com duas centenas de treinadores... Aquele que foi eleito Presidente do Conselho Fiscal viria a afirmar que "as coisas funcionaram um pouco artesanalmente..." mas concedemos nesse momento, os presentes, ao votarmos, o benefício da dúvida! Está provado que o "artesanalmante" continuou, mas o desempenho das nossas funções não se pode compadecer com isso!


Ao fim de um ano e três meses, em que o logo da ANTK apareceu em três ou quatro eventos, que orgão de classe temos que nos possa representar ou que defenda os nossos interesses? Tinhamos um original, agora temos uma fotocópia... Mas o mais preocupante é que nem os treinadores de  karate-dō  se preocupam com isso... até ao momento em que derem conta que não podem recorrer a nada nem a ninguém no momento em que necessitarem! Podem os treinadores exercer as suas funções sem uma associação de classe? Claro que podem, mas não é a mesma coisa...



Tem a ANTK feito algo em prol dos treinadores? Infelizmente a resposta é nula...

Nenhum dos pontos do art.º 2º dos estatutos da ANTK foi cumprido neste último ano - fins e atribuições da mesma! 

«Compete à Direcção declarar a perda da qualidade de associado mediante a actualização anual da listagem de associados» - art.º 7º, ponto 2. Onde está essa listagem? Nem publicada, nem enviada aos associados  - e eu encontro-me associado (ou encontrava-me, já não sei!).

A AG dever-se-ia reunir extraordinariamente no primeiro trimestre de cada ano para apreciar e votar aquilo que todos nós sabemos (art.º 16º), mas nada se passou... Reuniu-se? NÃO!! Se na altura (junho de 2011) existiam em caixa cerca de 5.200 Euros, que destino foi dado a essa verba? Em que se investiu durante este ano?

Estão pessoas competentes nos órgãos sociais da ANTK? Não duvidamos que sim! Mas não confundimos pessoas com desempenho de cargos! Qual o âmago da questão? Identificamos duas situações - a dos elementos dos órgãos sociais e a dos treinadores!

A primeira, que sem rebuço queremos deixar aqui, expressa uma opinião - e como tal discutível - sobre os elementos da Direcção: o Presidente é Assessor Técnico do Departamento de Formação da FNK-P e Formador, o Vice-Presidente é Formador da FNK-P e o Tesoureiro é Selecionador Nacional e Formador - logo, para além de conflito de interesses, parece-nos que quando se tentam tocar todos os burros ao mesmo tempo algum há-de ficar para trás... 




A segunda situação refere-se aos treinadores, pois esbarram numa parede, já que se quiserem solicitar uma AG terão de apresentar um requerimento com as assinaturas de cem associados fundadores e ordinários no pleno gozo dos seus direitos sociais (art.º 16º, ponto 2) - CARICATO!!! Possui a ANTK cem associados no pleno gozo dos seus direitos neste momento???

E esbarram numa parede em que quem detém o poder "representa os treinadores" mas que mais uma vez perdeu a legitimidade para os representar... logo, ilícito e inaceitável! Esbarram numa parede em que muitos perderam o interesse em fazerem-se representar... os ativos, os dinâmicos, os interessados, esbarram numa parede de apatia por parte de alguns treinadores...

Como sair desta situação? Como termos uma verdadeira associação de treinadores? Questões que deixo à Vossa consideração...
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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Tiago Silva participa no 14º Campeonato Mundial de Artes Marciais de surdos

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Publicada na página da internet da FNK-P em 2012/09/11, podemos ler a notícia com o título supra e que, com a devida vénia, transcrevemos:

"O Atleta TIAGO MANUEL SILVA, que pertence à ANAM – Associação Nacional de Artes Marciais, acompanhado pelo seu Treinador João Cardiga, foi selecionado para participar nos 14º Campeonatos Mundiais de Artes Marciais de Surdos, que se realiza na Venezuela nos próximos dias 17 a 24.

Desejamos os maiores êxitos, honrando, assim, o Karate nacional.

As despesas do Atleta e seu Treinador, são suportadas pelo Comité Paralímpico de Portugal."

Felicitando competidor e treinador, a questão que se coloca é se a nossa modalidade irá participar nos  Jogos Mundiais (IWGA) em 2013... (ver o comentário de João Boaventura ao post anterior).
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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Dia de...


Temos o dia do pai, o dia da mãe, o dia da criança... Temos o dia da água e o dia da árvore... Temos o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas (ainda temos?)... Os mexicanos têm o dia dos mortos, nós temos o dia de todos os santos... até já temos o "dia do nada"...

O  editor-chefe do jornal «Record», Luís Pedro Sousa, diz na página 2 da edição de hoje que hoje é "dia de Cristiano Ronaldo"...

Agora temos o dia do karate-dō, a comemorar-se a 7 de outubro, na campanha desenvolvida pela Federação Mundial, com vista a que esta modalidade integre o programa olímpico - sim, porque o  karate-dō é uma modalidade olímpica, o que acontece é que não integra o programa dos Jogos Olímpicos... Uma campanha largamente difundida nas redes sociais e denominada "The K is on the Way"!

Mas, por que motivo 7 de outubro? Precisará o  karate-dō de um "dia"? Pesando prós e contras, comparando com outras modalidades, será benéfico para o  karate-dō este integrar o programa dos Jogos Olímpicos?