Esta semana a comunicação social deu-nos a conhecer a carta assinada por 15 nadadoras espanholas onde revelam maus tratos cometidos pela ex-selecionadora nacional de natação sincronizada Anna Tarrés.
Foi com esta treinadora que Espanha ganhou quatro medalhas em Jogos Olímpicos (duas das quais em Londres), vinte e três em Campeonatos Mundiais e vinte e cinco em Campeonatos Europeus...
Algumas questões se levantam: selecionadora desde 1994, só agora se revelam esses métodos? As famílias, os dirigentes, de nada tinham conhecimento? A ser verdade, no alto rendimento os meios justificam os fins? A ser falso (e recordo-me aqui do livro exemplar "Eu menti" de Virginie Madeira e Brigitte Vital-Durand), como se defenderá e quem defenderá a ex-selecionadora?
Lembro-me agora de um e-mail enviado em tempos para a FNK-P por um pai que se queixava que o treinador de karate-dō do seu filho lhe dava "carolos" na cabeça... e que, por acaso, mesmo denunciando optou por não apresentar queixa... (E se tivesse apresentado? Em que lençois estaria metido esse treinador? Quem averiguaria e quem estaria do seu lado?)...
Esta semana também se veio a saber que a romena Florica Leonida, atualmente com 25 anos, campeã europeia de ginástica artística em juniores (2002) e medalha de prata por equipas nas Taças do Mundo de 2003 e 2006, abandonou esta modalidade aos 21 anos, optando por emigrar. Iniciou-se como instrutora de fitness numa academia alemã, mas um mau contrato de trabalho desta emigrante levou-a a acumular dívidas e a ser despejada de sua casa. A prostituição foi a solução para sobreviver...
As instituições a que poderiam ter recorrido as protagonistas destes dois exemplo falharam... tal como falhou a instituição a que poderíamos recorrer, nós, treinadores de karate-dō... devido a uma pasmaceira generalizada... embora ainda estejamos a tempo!
(Foto: Armando Inocentes)
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