Todos sabem que fiz competição, que treinei competidores e que sempre fui a favor da competição no Karate: Kumite e Kata! Mas não desta competição que atribui prémios monetários aos vencedores quando existe um sem número de competidores à procura de patrocinadores para irem lá fora (não só em Portugal, mas pelo menos também no Brasil e em Espanha) e nem sequer os encontram...
Se estamos a falar de desporto, o prémio para os lugares de pódio é um prémio simbólico - a taça, a medalha, ou outros... Quando o prémio é monetário (olha o recibo!!!), o competidor já não treina para se superar a si próprio ou para superar o seu adversário, mas treina como se fizesse disso sua profissão e para aumentar o seu pecúlio. Ou é profissional, ou não é! E se não é, então, algo está errado!!!
Em muitos países, incluindo Portugal, há muito que existem torneios de Karate com verbas atribuídas aos primeiros lugares de uma competição... Ser esta situação apadrinhada pela instância maior da modalidade só nos poderá deixar pensativos e concluir que a mercantilização do Karate se oficializou!
O prémio monetário em atividades desportivas onde existem mais amadores que profissionais só irá fazer aumentar a corrupção, a fraude, a violência e o doping. Por arrastamento, aumentará a morte súbita no desporto, a morbilidade e o treino intensivo precoce com a consequente exploração infantil. Perversidades do desporto!!!
Mas, "the show must go on"... e só o tempo dirá a que preço!
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Sensei, tudo bem? Lembrei-me de vir dar uma olhada no seu blog, há muito tempo que não vinha aqui. Como estão as coisas? Vejo que actividades e estágios não faltam, que bom.
ResponderEliminarLi este seu comentário e não concordo com ele. Na minha forma de ver este assunto, o prémio monetário não é um fim, é um meio para um fim. Acho que ambos concordamos na necessidade da profissionalização do Karate como desporto: profissionalização gera pessoas mais qualificadas, treinadores e alunos melhores, avanço do desporto em termos competitivos e organizacionais, melhores infraestruturas, e mais importante ainda, o interesse de jovens para praticarem Karate, uma vez que hoje em dia o Karate como qualquer outro desporto precisa competir com todos os outros para gerar atenção e trazer novos praticantes. Sem praticantes novos o desporto morre.
Assim, e como em todos os outros desportos, para haver profissionalização tem que haver dinheiro envolvido e terá que haver prémios monetários. Para mim isso faz todo o sentido, pelos motivos aliás que você mesmo menciona: existem vários atletas que procuram patrocinadores e não conseguem, logo a existência de compensações em competições é uma forma também de compensar por essa falta de apoios e de garantir que o atleta bom tem capacidade de continuar a treinar e a deslocar-se a mais competições, melhorando o seu nível. O prémio monetário é um meio para criarmos melhores profissionais.
Aumento de corrupção, fraudes, etc, são um risco? Sim. Mas que nada tem a ver com o desporto, e sim com o ser humano envolvido no desporto. Criem-se estruturas melhores de controlo, de tribunais desportivos, de capacitação de treinadores e de punição.
Se queremos o Karate um dia ao nível do Ténis, do Rugby ou do Atletismo, onde os grandes atletas são conhecidos mundialmente por pessoas que nunca praticaram o desporto, então precisamos de profissionalização, e para termos profissionalização é preciso ter financiamento.
Grande abraco!
Ricardo