Para uns foi azar a bola no remate da grande penalidade de
Bruno Alves ter esbarrado na barra e saltado para dentro do campo... (pergunte-se
a Casillas se foi azar!). Para outros foi sorte a bola no remate de Fabregas
ter embatido no poste e saltado para dentro da baliza (poderemos perguntar a
Rui Patrício se foi sorte!).
A sorte e o azar não acontecem na marcação de grandes
penalidades. Prevalece a técnica do jogador - o seu balanço, a maneira como bate a bola, a
força que imprime ao remate, a área da bola onde se produz o impacto, a direção que esta toma e a sua trajetória... A Física ensina-nos isso!!! Por vezes prevalece a ação do guarda-redes...
Para muitos os desempates assim são uma lotaria... talvez
não, pois por isso é que existe um marcador, um guarda-redes, uma bola, uma
baliza com 2,44 metros de altura e uma largura de 7,32 metros, sendo a
marca da grande penalidade a 11 metros de distância da linha de golo, para além
de existir uma coisa muito importante de que muitos se esquecem chamada
"treino" - de que resulta a técnica e a sua eficácia. E as condições são semelhantes para as duas equipas, numa situação de alternância. Mas numa grande penalidade (o castigo máximo!), para quem pende a vantagem? Para o marcador desta ou para o guarda-redes?
A
imprevisibilidade e a incerteza são características fundamentais do desporto
(não a sorte ou o azar, termos inventados pelo homem para justificar os
sucessos ou os fracassos – necessidade constante de atribuição causal) mas
teremos de realçar que no desporto o acaso também é frequente e “o acaso não
só existe realmente, como também importa reconhecer a sua existência se se
quiser compreender um grande número de fenómenos” como nos diz Raymond
Boudon*.
Disse-se
(ou diz-se) que a seleção nacional morreu na praia... mas à entrada para o mar
ou à saída do oceano?
* Raymond Boudon, 1990, “O Lugar da Desordem”, Lisboa, Gradiva.