sábado, 30 de junho de 2012

Sorte, azar e morrer na praia...

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Para uns foi azar a bola no remate da grande penalidade de Bruno Alves ter esbarrado na barra e saltado para dentro do campo... (pergunte-se a Casillas se foi azar!). Para outros foi sorte a bola no remate de Fabregas ter embatido no poste e saltado para dentro da baliza (poderemos perguntar a Rui Patrício se foi sorte!).

A sorte e o azar não acontecem na marcação de grandes penalidades. Prevalece a técnica do jogador - o seu balanço, a maneira como bate a bola, a força que imprime ao remate, a área da bola onde se produz o impacto, a direção que esta toma e a sua trajetória... A Física ensina-nos isso!!! Por vezes prevalece a ação do guarda-redes...

Para muitos os desempates assim são uma lotaria... talvez não, pois por isso é que existe um marcador, um guarda-redes, uma bola, uma baliza com 2,44 metros de altura e uma largura de 7,32 metros, sendo a marca da grande penalidade a 11 metros de distância da linha de golo, para além de existir uma coisa muito importante de que muitos se esquecem chamada "treino" - de que resulta a técnica e a sua eficácia. E as condições são semelhantes para as duas equipas, numa situação de alternância. Mas numa grande penalidade (o castigo máximo!), para quem pende a vantagem? Para o marcador desta ou para o guarda-redes?

A imprevisibilidade e a incerteza são características fundamentais do desporto (não a sorte ou o azar, termos inventados pelo homem para justificar os sucessos ou os fracassos – necessidade constante de atribuição causal) mas teremos de realçar que no desporto o acaso também é frequente e “o acaso não só existe realmente, como também importa reconhecer a sua existência se se quiser compreender um grande número de fenómenos” como nos diz Raymond Boudon*. 

Disse-se (ou diz-se) que a seleção nacional morreu na praia... mas à entrada para o mar ou à saída do oceano?

* Raymond Boudon, 1990, “O Lugar da Desordem”, Lisboa, Gradiva.

6 comentários:

  1. Estimado amigo, lo siento pero era la oportunidad del juego. Hoy vamos a tratar de que ... Italia se acueste!
    Recuerdos Armando!

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  2. António Simões apresenta em «A Bola» de hoje, na sua crónica na página 47, em relação ao Euro 2012, duas coisas com que não concorda:

    "Uma: que se julgue que os penalties foram uma lotaria. Não foram. Ganhou-os quem foi melhor com os pés - e sobretudo com a cabeça. Outra: que Ronaldo não precisava de ganhar o Euro para ganhar a Bola de Ouro. Precisava - e não o ganhando, perdeu-a. Aliás, só não sei se não saiu de lá, do Euro, com o problema agravado. Não por causa do Messi, que vai ganhá-la, mas por causa do Iniesta..."

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  3. CClaro que os penalties não são uma lotaria, porque o futebol é essencialmente jogado com a cabeça (entenda-se: o que está no seu interior!)

    Um abraço!

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  4. "(...) o resultado de Portugal foi extraordinário. Só saímos aos pés de quem seria campeão – e nos penáltis. Espanha é Espanha: nós agigantámo-nos, eles são gigantes."

    Palavras de Pedro S. Guerreiro, hoje, no jornal «Record», na sua crónica "Rescaldo entornado - abrir o jogo".

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  5. Tanto a barra como os postes são cilindricos, portanto a culpa não é dela nem deles, pois estão lá e fazem parte do jogo. Moral da história - ganhou quem teve maior controlo emocional e melhor técnica no momento da marcação dos penáltis. Não vale a pena chorar sobre o leite derramado...
    Não houve lotaria nem euromilhões nem totobola. A angústia do marcador antes do penálti (e não a do guarda-redes, pois este nada tem a perder) foi determinante. Por acaso a nossa selecção tinha um psicólogo a trabalhar com a equipa técnica? Responda quem souber...

    Abraço.
    Pedro Correia

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  6. Caro Armando:

    Comparar Portugal a Espanha é pura demagogia (em todos os aspetos). A nível de jogo fomos os únicos que os conseguimos travar, é certo, mas claudicámos no momento principal. Penso que vários fatores podem ter influenciado a prestação dos marcadores: por que foi Nani mandar Bruno Alves para trás? Por que não foi CR7 o 1º a marcar? Algo falhou aqui... espero que sirva de experiência.

    Em relação à pergunta do comentador anterior, no tempo de Scolari havia uma equipa de psicólogos, uma das quais era brasileira. Agora não sei, mas parece que não... no entanto sei que a Alemanha tinha.

    Cumprimentos a todos e bom fim de semana!

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