domingo, 3 de junho de 2012

Ultrapassado o espetáculo das "Mixed Martial Arts"...

Fez notícia mas ficou por aí: em setembro do ano passado veio a lume um combate entre crianças de 8 anos na "jaula" das MMA: "Cage fighting kids: children as young as eight filmed taking part in Lancashire fight night." (aqui)

(fonte: news corners )
Espetáculo ultrapassado: agora vale a pena dar uma olhadela ao "7 News Queensland" e observar o artigo "Controversial new sport to debut in Queensland" (aqui).


Chamam a "isto", logo com um vídeo de entrada, «Footbrawl», e inicia-se o artigo com as seguintes palavras:

"A controversial team sport where players bash their competitors is being pitched to Queensland children as young as six.
The creator of Footbrawl admits it's dangerous but allows players to unleash their aggression in a controlled environment.
A mix of AFL, rugby and martial arts, Footbrawl is as much about winning as it is letting off steam."

Mas nada melhor do que verem... ... e interrogarem-se: onde iremos chegar?
 

7 comentários:

  1. OSS Inocentes Sensei!

    Fiquei boquiaberto. Parece que hoje está havendo uma "involução" do que até o final do século XX conheciamos como Budô.
    Não vou me admirar daqui mais uns 20 anos as pessoas voltarem a lutar dentro de um coliseu contra feras. Ou mesmo daqui mais uns 30 anos estarem lutando com clavas e pedras.
    Lamentável o que a gana por dinheiro tem feito num mundo que era para ser moderno e humano.

    Um grande abraço!

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  2. Dr. Armando:

    Isto é o ponto a que chegámos... e talvez ainda cheguemos mais longe. Vejam-se os cartazes publicitários, vejam-se os sponsors, imagine-se o dinheiro que isto envolve e tirem-se conclusões.

    Agora até já metem as crianças no meio disto!

    Um abraço.
    JA Neves

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  3. Não conhecem o Calcio Storico? É até bem mais violento. Aqui fica: http://www.youtube.com/watch?v=1yZIJSKQS_8

    Maria Camarão

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  4. Miúdos na "jaula"? Repugnante! Estamos a transformar as Artes Marciais em quê? E depois ainda criticamos a "luta de galos"? Quanto dinheiro está envolvido neste espectáculo? Quais as receitas de bilheteira? Quanto deu cada patrocinador? Quanto ganharam os pais dos miúdos? Não será isto exploração infantil?

    Em relação ao desporto que "permite que os jogadores soltem a agressão num ambiente controlado" poderia chamar-se "futrebol"...

    Quanto ao comentário de Maria Camarão, gostava de salientar que o Calcio Storico tem raízes tradicionais, culturais, e salvo erro é comemorado como festa popular uma vez por ano em Itália. O que se apresenta agora como Footbrawl é uma nova "invenção" que no aspecto formativo ou competitivo nada parece trazer nem de novo nem de construtivo. Faz-me lembrar um programa que havia na televisão (já não me lembro o nome) onde umas senhoras musculadas tinham de superar uma data de provas... No entanto pode trazer mais alguma visibilização a alguns patrocinadores e a movimentação de alguns negócios.
    Claro que o Calcio Storico também movimenta dinheiro em termos turísticos...

    Mas afinal, o que é que o dinheiro não movimenta? Acho que atá jé pode comprar a felicidade...

    Cumprimentos.
    Pedro Correia

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    1. Concordo com sigo no conteúdo e na forma, mas gostaria de acrescentar que o facto de o Calcio Storico assentar numa tradição popular em nada tira a sua violência redundante e quase pornográfica. Pelas imagens podemos observar que os praticantes são certamente a "fina flor" dos bairros populares lá do burgo. É chocante ver um jogo de Calcio, em que parte da "turba" se entretém a espancar a espancar a outra parte enquanto o jogo prossegue na sua lógica caótica. O footbrawl é uma parvoíce semelhante, mas moderna. Um professor de filosofia disse-me uma vez numa aula: "nem tudo o que é antigo é bom e venerável, assim como nem tudo o que é moderno é necessariamente melhor". Penso que é um raciocínio que ilustra bem estas duas práticas e o tema em discussão.
      Em relação ao combate de MMA infantil, embora alguns formatos me deixem algumas reservas, gostaria de perguntar porque é que no fundo a MMA invoca tanto desprezo junto dos praticantes ditos tradicionais? Aparentemente as crianças pode praticar desportos de contacto como o Karaté, o Boxe e o Kickboxing (na Tailândia até podem ser profissionais de Muay Thai); simultâneamente ninguém se ofende com a prática do Judo, do Jiu Jitsu o da Luta Greco-Romana; mas quando alguém coloca em prática um sistema que mistura batimentos, projecções, imobilização e outras formas de finalização no solo, levantam-se as vozes da moral. Medo ou desconhecimento?

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    2. Cara Maria Camarão:
      Nem medo nem desconhecimento. Até porque o desporto é a simbolização da violência antiga e desmesurada transferida para um espectáculo em que há "pagantes" e "investidores". Em relação às MMA, primeiro uma situação castradora: a criança numa "jaula" possui um espaço limitado - repare que nunca pode recorrer à estratégia do "jogai" se se sentir inferiorizada. Segundo pela ausência do controle (embora não conheça as regras a fundo). Terceiro pela exploração infantil (que também pode existir em todos os outros desportos de contacto - principalmente nos profissionais precoces) e pelas verbas envolvidas, pois alguém lucra com elas. Moral da história: em qualquer uma das modalidades que invoca - e todas com letra maiúscula - onde está a «ARTE»? O que é «ARTE»?
      Não é por se pôr "em prática um sistema que mistura batimentos, projecções, imobilização e outras formas de finalização no solo" que se levantam as vozes da moral. Longe de mim ser moralista (o espectáculo é que o não é!). O sistema pode ser posto em prática com princípios e valores... com técnica e com pedagogia... mas será? Talvez nos faltem elementos para discutirmos o assunto mais a fundo.

      Obrigado pela sua atenção.

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  5. Caro Armando:

    Um homónimo meu, professor na Lusófona, disse numa conferência sobre Ética e Desporto que sem ética o homem não conseguiria saltar da margem do reino da animalidade para a margem da humanidade (cito de memória). Parece que o salto está cada vez mais difícil porque a distância está cada vez maior.

    Se Sartre dizia que estamos condenados a ser livres, também estamos condenados a reger-nos por parâmetros e critérios éticos. São os meios que justificam os fins, não os fins que justificam os meios. Mas parece que da primeira permissa estamos a dar o salto (porque esse não está mais difícil nem a distância maior) da primeira para a segunda.

    Um abraço e continua, porque divulgas e fazes-nos refletir.
    Do amigo e colega José Brás.

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