terça-feira, 20 de novembro de 2012

É preciso fechar algumas modalidades...

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Para sabermos que futuro estará eventualmente reservado ao nosso desporto, aconselha-se a leitura da crónica de António Varela, Editor Chefe do jornal «Record», publicada na edição de hoje na página 40 sob o título "Que remédio!...", e que a seguir transcrevemos com a devida vénia.

O Governo encomendou um estudo à consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) para saber como é que Portugal, um pequeno país periférico do Sul da Europa, sujeito aos humores dos mercados e às teorias charadísticas das agências de rating, pode ganhar mais medalhas nos Jogos Olímpicos com um nível de investimento menor do que o atual.

E a PwC não se fez rogada. Em menos de um mês fechou o estudo e concluiu que a delegação portuguesa devia ter abandonado Londres'2012 não com uma (a prata ganha pela dupla da canoagem Emanuel Silva - Fernando Pimenta), mas com 5 medalhas. E apontou imediatamente o remédio para curar a sangria de dinheiros públicos sem retorno desportivo: é preciso "fechar algumas modalidades".

Esta terminologia utilizada correntemente por quem está habituada a "cortar o mal pela raiz", "reduzindo custos", "otimizando recursos", fazendo "downsizings" e "upgradings", levanta desde logo uma dúvida que os senhores juízes do Tribunal Constitucional se encarregarão de responder, provavelmente a pedido de algumas dessas modalidades que "deve fechar": "pode fechar-se uma modalidade", cortando-lhe os fundos de apoio públicos?

Num país que tem consagrado na lei fundamental o livre associativismo; num país em que a lei não prevê o intervencionismo estatal, como é que isto se faz? O Secretário de Estado da Juventude e Desporto, Alexandre Mestre, já informou o Comité Olímpico de Portugal e as federações que devem pronunciar-se até dia 3 de dezembro. A partir daí, julgo que ele próprio se encarregará de explicar aos portugueses, os que têm aspirações de participar nos Jogos Olímpicos e os outros, que gostam de desporto e aspiram ainda a viver num país livre, democrático e sem mais este grilhão do Estado, como é que a coisa se faz. Sim, está este mundo e o outro em pulgas para descobrir como será esta cura da PwC. E quanto custou, já agora.

3 comentários:

  1. Através de e-mail, de Jorge Santos, o que se agradece:

    Pois é... é recuar no tempo, na altura da "inquisição desportiva" onde
    o Estado determinava quem é que podia fazer certas modalidades e tinha
    um ficheiro para cada um deles (ao que consta) ...

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  2. Caro Armando,
    utilizando uma linguagem camiliana, desta corja já nada nos surpreende. A primeira coisa a fazer sem demora é fechar a torneira do poder a este desgoverno. Mais um estudo, pago e bem pago, para isto. Para nos dizer que devemos fechar modalidades, serão as modalidades de pagamento ? Este estudo será pago em géneros ? Outra coisa que ainda não percebi é que os nossos ministérios e secretarias estão cheios de especialistas ( de mui veneranda idade) pagos principescamente, mas, depois, quando há estudos, encomendam-se a empresas que quase só existem para absorver dinheiros públicos. Estranho, ou talvez não, depende do ponto de vista. Os especialistas devem estar muito ocupados a ensaiar a " Mimi dos meus quinze anos", ou a preparar as equivalências , à Relvas, coitadinhos, têm de preparar o futuro.Esta PWC, deve ser o supra sumo da batata, para concluir uma coisa destas, temos de nos curvar a tamanho saber. O fascismo anda aí, quem tiver dúvidas, abra bem os olhos. Mas por favor, apesar de estarmos no natal, não peça nada a Belém, senão o milhafre que por lá anda, manda ,a políca, fechar a boca a quem tem fome." tens fome meu filho,fecha a boca, assim comes mais".- Quem disse, mãe," li um estudo da PWC. - Essa não é mais uma empresa de lixo - se calhar é, se calhar é !"
    Abraço,
    Luís Sérgio

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  3. Sensei Armando:

    Fechar as modalidades? Mas os Estado precisa que as Federações trabalhem por ele... Por isso lhes dá o "pilim"...
    Estas não fazem ondas para o dito continuar a cair e aquele não as questiona enquanto as tiver como escravas - isso é o estatuto de utilidade pública!

    Grande abraço!

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