segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Encerra-se... mas fica uma janela entreaberta!


...
Quando me empurraram, eu agarrei e puxei...

Quando me puxaram, eu aproveitei o balanço e pressionei...

Conforme o vento soprou assim icei a vela... quando vieram ter comigo e se dirigiram a mim antecipei-me... raramente me esquivei ou contornei os obstáculos...  

Quando me pisaram os calos estrebuchei, quando me pediram ajuda excedi-me...

Quando me desafiaram aceitei sempre de bom grado... quando me rejeitaram despedi-me...

Nalgumas situações singrei a pulso, sozinho, noutras tive excelentes companheiros... destes, alguns ainda permanecem!

Insurgi-me contra a subserviência, contra a manipulação, contra a passividade...

Porque eu fui o "tu" no "porque" de Sophia (sem falsas modétias, como muitos confirmarão)...

Porque foram muitos os que por aqui passaram, muitos os que apoiaram, os que aplaudiram, muitos os que discordaram, muitos os que contestaram... mas sempre muitos...

Porque o tempo se esgotou, porque os factos são factos e as suas interpretações meras subjectividades... e as análises meras perpectivas... 

Porque o desporto já não é o que era... ou talvez nunca o tenha sido... 

Porque continuamos escravos, indignados até à medula mas paralíticos até ao tutano...

E tendo-se esgotado o tempo é tempo de "karatedo.pt" dar a sua missão por terminada... 

Encerra-se assim este blog, ficando no entanto uma janela entreaberta (todas as gaiolas deveriam ter sempre uma janela entreaberta!!!).


PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)




sábado, 5 de setembro de 2015

Limites

...
Quer se queira, quer não, no desporto como na vida, há limites.

Os arautos da ilusão continuam afirmando: "segue os teus sonhos, supera os teus limites!".

É-se o produto de uma educação, produto de uma reprodução social, produto de uma manipulação inconsciente... e não se é produto de uma reflexão, de uma discussão salutar, de um espírito crítico.

No desporto, repare-se na situação e no conceito daquilo a que se chama "doping". O conceito refere-se apenas a algumas substâncias incluídas numa lista que vem sendo constantemente atualizada, embora sempre com um atraso em relação ao mundo real. O "doping" anda sempre à frente dos seus sistemas de detecção. E, para cada uma dessas substâncias, está estipulado um valor limite. Se o competidor revela mais 1 nanograma da dita por litro é criminoso, é desonesto, é batoteiro... mas se os resultados das análises concluem da existência de menos um nanograma por litro em relação a esse limite o competidor pode subir ao pódio, é um campeão e por vezes é até um herói.

Numa frase atribuída a Henry Peter pode ler-se: "a educação faz com que as pessoas sejam fáceis de guiar, mas difíceis de arrastar; fáceis de governar, mas impossíveis de escravizar". Também estas palavras, tal como a lista acima referida, devem ser atualizadas. A educação - e não só a de berço - começa a fazer com que as pessoas sejam fáceis de guiar, fáceis de arrastar, fáceis de governar, e passíveis de serem de escravizadas...

A submissão, a subserviência, a passividade,  a isso acabam por dar origem... e basta repararmos - observarmos, vermos - que algumas pessoas se regulam pelo que ouvem, enquanto outras se regulam por aquilo para que olham... verdades e factos são assim marginalizados... dando origem a que sofram mais com a ventura alheia do que com a dor própria...