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Quando me empurraram, eu agarrei e puxei...
Quando me puxaram, eu aproveitei o balanço e pressionei...
Conforme o vento soprou assim icei a vela... quando vieram ter comigo e se dirigiram a mim antecipei-me... raramente me esquivei ou contornei os obstáculos...
Quando me pisaram os calos estrebuchei, quando me pediram ajuda excedi-me...
Quando me desafiaram aceitei sempre de bom grado... quando me rejeitaram despedi-me...
Nalgumas situações singrei a pulso, sozinho, noutras tive excelentes companheiros... destes, alguns ainda permanecem!
Insurgi-me contra a subserviência, contra a manipulação, contra a passividade...
Porque eu fui o "tu" no "porque" de Sophia (sem falsas modétias, como muitos confirmarão)...
Porque foram muitos os que por aqui passaram, muitos os que apoiaram, os que aplaudiram, muitos os que discordaram, muitos os que contestaram... mas sempre muitos...
Porque o tempo se esgotou, porque os factos são factos e as suas interpretações meras subjectividades... e as análises meras perpectivas...
Porque o desporto já não é o que era... ou talvez nunca o tenha sido...
Porque continuamos escravos, indignados até à medula mas paralíticos até ao tutano...
E tendo-se esgotado o tempo é tempo de "karatedo.pt" dar a sua missão por terminada...
Encerra-se assim este blog, ficando no entanto uma janela entreaberta (todas as gaiolas deveriam ter sempre uma janela entreaberta!!!).
PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)