sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A "arte" do treinador ou a "arte" do Mestre?

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Equacionar o termo "arte" num contexto de «arte marcial» arrastou-nos para outras perspetivas! Uma colaboração, que divulgamos aqui, chega-nos através de António Santos - e com o equacionamento de novas questões! Os nossos agradecimentos!


OSS

Ora vamos tentar dar uma ajudinha na temática da "arte", o que nos leva ao DESPORTO DE COMBATE ou ARTE MARCIAL...

Penso que os karatekas podem não saber teorizar a menor distância entre dois pontos, mas sabem muito bem percorrer a distância mais curta entre dois pontos (uma linha reta).

Os karatekas sabem bem o que é o/a Bunkai, os treinadores é que podem ter dúvidas.

Os treinadores são obrigados a preocuparem-se com o resultado desportivo, mas o objetivo dos Sensei é ensinar KARATE-DO.

O tema levantado é pertinente e atual, mas para mim preocupa-me mais onde é que tem de ser discutido.

Provavelmente numa organização de karatekas, mesmo que ela se chame Associação Nacional de Treinadores de Karate.

No dia 10 de setembro de 1994 em Coimbra e a 21 de Abril de 1996 em Lamego, alertei para esta questão o então preletor (agora presidente da ANTK) de uma ação de formação da Federação, dizendo-lhe que não me identificava como treinador. A reação foi mais ou menos:
- Este tipo que vem lá do estrangeiro pensa que é quem?
Perante tal reação calei-me, e apenas lhe pedi uma assinatura no meu passaporte desportivo (recordo que o atual presidente da ANTK foi o interpelado).

Estou em querer que o passo tinha que ser dado, porém logo aí devíamos ter acautelado se havia diferença entre arte marcial e desporto de combate.

Agora estamos no dilema:
Somos treinadores de desporto ou mestres de karate-do?

Alguns, embora não soubessem param onde iam, queriam era dar um passo grande. O certo é que chegados aqui, (uns de forma voluntária, outros puxados e outros arrastados) olhamos uns para os outros e começamos; ai ai ai ...ai ai ai que não me sinto bem com o rótulo  de treinador, pois não me diferencio entre treinador de desporto e mestre de arte marcial.

Aconselho a tomarmos o exemplo do Sensei Chujun Miyagi em 1940 quando perante uma situação difícil criou um/a kata que se dá pelo nome de Gekisai dai ichi, e tem a particularidade de no final avançar com o pé direito.
Avançamos todos, nem que seja apenas um só passo, rumo à nossa organização de classe, mesmo que ela se chame ANTK.
Uma vez a casa arrumada, podemos teorizar as diferenças entre o desporto de combate e as artes marciais. Para além de tentarmos saber "arte: o que é?" teremos de saber onde está a "arte"...

Mas atenção, todos são mesmo todos. Porque o todo é sempre mais do que a soma das partes.

António dos Santos.
Praticante de GOJU-RYU.

domingo, 21 de outubro de 2012

Arte: o que é?


Já nos preocupámos muito com o termo "marcial", mas rara é a vez em que nos pre-ocupamos com termo "arte" - proveniente do latim ars (técnica e/ou habilidade).

(Fotos: capa de «A Bola», 22.08.2012 e capa de «Mind Power», de Kazumi Tabata,Tuttle Pub.)

A grande questão que quero aqui colocar aos leitores deste blog é a seguinte: se afirmamos que o karate-dō é uma "arte marcial", o que se entende por "arte" nesta situação? 

Aceitam-se sugestões... comente por favor!

domingo, 14 de outubro de 2012

Demitam-se, sejam honestos!



Devemos desafiar os treinadores de escalões jovens a pensar primeiro o processo.
Tomaz Morais
(«A Bola», 12.10.2012, p. 40.)


Este deveria ser, por exemplo, um dos desafios já há muito lançado aos treinadores de karate-dō... por quem possui responsabilidades na matéria! Não sabemos é se existe esse "quem"...

Mas nós, treinadores de karate-dō, sabemos que existe  (ou que não existe...) uma Associação Nacional de Treinadores de Karaté, e conhecemos a sua obra (?) desde o seu início em 2000... 

Mas não vamos falar do passado... vamos falar de uma associação que gostaríamos de ter (pelo menos alguns treinadores, talvez a maior parte!)... talvez no futuro!

Mais do que cargos repartidos por estilos, associações ou por zonas do país seria benéfico ter um grupo que trabalhasse em prol dos treinadores, os representasse, defendesse os seus interesses e com o qual pudéssemos contar e colaborar .

Gostaríamos de ter uma associação em que se reunissem todos os treinadores - ou a maior parte deles - com direitos e deveres iguais, sem termos de ter  associados Fundadores, Ordinários e Extraordinários (estes últimos, não estando especificamente incluídos na categoria anterior, são aqueles que "manifestem um relacionamento atendível com as actividades de ensino e treino de Karaté" - serão "treinadores" sem cédula de treinador de desporto?). Gostaríamos de ter uma associação em que todos tivessem direito a voto, até mesmo aqueles que frequentaram os seus cursos de formação, podendo no entanto não exercer o ofício!

Gostaríamos de ver uma associação com uma Direção ativa e dinâmica, uma associação em que os órgãos gerentes fossem eleitos para um período de quatro anos (e não três), acompanhando os ciclos federativos, colaborando com a Federação... para promover a nossa modalidade.  Uma Direção que se preocupasse com as preocupações dos treinadores, interventiva e que nos congregasse. Zélia Matos diz que, em relação à competência para intervir, se devem distinguir "duas componentes principais – o conhecimento e a disponibilidade para agir."* Só conhecimento não chega... Não há disponibilidade? Demitam-se, sejam honestos!

Seria ótimo vermos uma associação de classe preocupar-se em dinamizar a existência de comissões de apoio. Um exemplo: uma comissão que levasse os árbitros a ensinar verdadeiramente as regras e os regulamentos de arbitragem aos treinadores virados para a competição. Mais dois exemplos: uma comissão que elaborasse os tão propalados códigos éticos e deontológicos, assim como uma comissão de juristas para apoio aos treinadores e à Direção nos casos de disciplina e na aplicação de sanções, assim como para a defesa legal dos treinadores. No que se refere à defesa dos interesses dos treinadores, quantos deles conhecem as cláusulas da apólice do seguro desportivo?

Gostaríamos de ver uma associação de treinadores com um site autónomo onde, para além do comum, se colocasse a listagem dos treinadores licenciados. Pais, praticantes, competidores e público em geral deveriam saber quem está habilitado a ministrar o ensino, o treino e a prática do karate-dō.  Isto seria uma medida pedagógica e uma medida fiscalizadora! Ou que cumprisse os seus Estatutos publicando os nomes dos seus associados... Gostaríamos de ver essa associação organizar, pelo menos de dois em dois anos, um Congresso de Treinadores, a fim de poder dar voz aos seus anseios, reunindo mesmo todos os que não fossem seus associados. A informação hoje em dia é célere - gostaríamos de ter uma associação que criasse um blog onde todos se pudessem expressar ou levantar as suas questões, não de ter um site (mais que desatualizado!) incluído numa outra associação e de não ter uma página no Facebook inativa, imóvel, amorfa...  Gostaríamos que os treinadores se fizessem ouvir! Que levantassem a sua voz! Que comunicassem uns com os outros e que quebrassem o isolamento a que se sujeitam e a que os sujeitam…

Apetecia-nos dizer, através da nossa associação de classe, tal como Sidónio Muralha diria:

Algemados – não importa por que leis –
Seja qual for a vossa raça e a vossa casta,
Vinde dizer o que sabeis!
– por agora é quanto basta.


Gostaríamos de ter uma organização digna do seu nome que atribuísse uma identificação a cada associado, uma organização digna do seu nome que publicasse material de apoio aos treinadores e organizasse Acções de Formação não só com técnicos credenciados da nossa modalidade mas também com técnicos de outras modalidades e Professores Universitários.

Acima de tudo, seria lindo termos uma associação de classe que promovesse as competências dos Treinadores dedicados ao karate «desportivo», mas também aos que são a favor do karate «tradicional» e do “dō”, aos preocupados com a formação de Seres Humanos - o que se poderia conseguir através de estágios tradicionais de cada estilo com mestres de renome e de consenso entre as várias linhas... e ao mesmo tempo através da realização de colóquios, seminários ou conferências com pessoas especializadas na cultura japonesa e na filosofia da nossa modalidade.

Ouro sobre azul seria termos uma associação que representando-nos, tivesse uma bandeira dentro da nossa sociedade, colaborando pelo menos com uma instituição de solidariedade social. A visibilidade da organização só poderia credibilizar e dignificar os treinadores de karate-dō.

Gostaríamos de ter uma associação de treinadores que esclarecesse a todos as dificuldades que estarão para surgir com o novo Programa Nacional de Formação de Treinadores e com a Cédula de Treinador de Desporto, com a sua duração de cinco anos, com a supervisão pedagógica...

Será uma utopia? Pensamos que não, pois uma verdadeira associação de classe poderia unir-nos se por nós tivesse consideração... Os treinadores são os verdadeiros motores da modalidade! Sem treinadores nada mais há... nem competidores, nem prticantes, nem karate-dō!

Parafraseando José Fanha, diríamos que

Não sabemos de palavras vãs
peito aberto a meio da praça
somos construtores de amanhãs
em cada dia que passa.


Os treinadores de karate-dō têm sido construtores de amanhãs. Embora desamparados, alguns sós, têm sido construtores de amanhãs e pretendem prosseguir nesse caminho. 

Os treinadores de karate-dō merecem… há é quem não os mereça!!! 

* Zélia Matos, 1989, “Professor de Educação Física.  Aspectos éticos da sua profissão.”, in “Desporto, Ética, Sociedade”, FCDEF-UP.


Nota aos leitores deste post:

Se entenderem que devem continuar na vossa "quinta", 
se entenderem nada dizer para não criarem inimizades 
ou para defenderem os vossos privilégios,
então não comentem!

Revelarei depois quantas visitas o mesmo teve...


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Comemorar o 3 de outubro...

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Todos os anos costumo comemorar o dia 3 de outubro... Este ano não comemorei - talvez porque 5 de outubro fosse o último feriado comemorativo da implantação da República, talvez porque 7 de outubro fosse o primeiro dia do karate-dō...

Mas quais os motivos? Simples - foi a 3 de outubro de 1973 que pela primeira vez enverguei um karategi! Um karategi feito por medida - sim, fui tirar medidas primeiro e foi confecionado depois -, pois ainda não os havia comercializados em barda (isto em Luanda) e muito menos de várias marcas. Um karategi em que não havia costuras na manga - tal como nos kimono - como nos de agora...

(fotos: arquivo pessoal)

Nesse dia fiz pela primeira vez a saudação à entrada do dōjō  - um dōjō ao ar livre, com piso de cimento, em que fazíamos bolhas debaixo dos pés que antes de rebentarem já tinham outras bolhas por baixo...

Etiqueta, aquecimento e primeiras técnicas ensinadas por João Fiel Lopes, na altura kyu... E a partir daí, sempre às segundas, quartas e sextas e ritual  mantinha-se, por vezes na praia ao fim de semana...

Não comemorei este ano no dōjō, mas fica aqui a comemoração!

(fotos: Cristina Lopes)

No próximo ano serão 40 anos... aí sim, espero comemorar de uma outra forma, agradecendo aos que me ensinaram e continuam a ensinar, aos que me têm acompanhado ao longo da vida nos momentos difíceis e nos momentos de glória, a alguns colegas com quem tenho compartilhado ideias, conhecimentos e suor, aos meus alunos - alguns que deixaram a prática mas que continuam em contacto comigo - com quem divido aquilo que faço e aquilo que sei...

No próximo ano...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Festival de Artes Marciais em Alfragide

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No passado dia 29 de Setembro a Junta de Freguesia de Alfragide levou a efeito um Festival de Artes Marciais apresentando o kenpō, o karate-dō e o taekwondō. Aqui ficam algumas imagens dos momentos altos deste Festival que falam por si... com os nossos agradecimentos pelo convite endereçado!


A apresentação do Festival esteve a cargo do Dr. Luís Festas e da Dr.ª Beatriz de Noronha, Presidente da Junta de Freguesia, que deram as boas vindas aos três representantes destas modalidades diferentes...

O kenpō terminou a sua demonstração com um teste de quebra... 

Okinawa Gōjū-Ryū Karate-Dō Kyōkai esteve representada por 26 praticantes da PGKS, dos dojo de Alfragide e da Tapada das Mercês, demonstrando várias fases de treino...










Todo o programa técnico, desde a base até aos aspetos mais avançados, foram percorridos nesta demonstração  apresentada por praticantes de vários escalões etários e karatekas de várias graduações, a qual culminou com apresentação de uma aplicação (bunkai) da kata "SĒPAI" contra bokken (sabre de madeira)...

A finalizar, foi apresentada uma classe infantil de taekwondō que mostrou também todo o cambiante técnico que os mais jovens praticam durante os treinos...