Equacionar o termo "arte" num contexto de «arte marcial» arrastou-nos para outras perspetivas! Uma colaboração, que divulgamos aqui, chega-nos através de António Santos - e com o equacionamento de novas questões! Os nossos agradecimentos!
OSS
Ora vamos tentar dar uma
ajudinha na temática da "arte", o que nos leva ao DESPORTO DE
COMBATE ou ARTE MARCIAL...
Os karatekas sabem bem o
que é o/a Bunkai, os treinadores é que
podem ter dúvidas.
Os treinadores são obrigados a preocuparem-se com o resultado desportivo, mas o objetivo dos Sensei é ensinar
KARATE-DO.
O tema levantado é
pertinente e atual, mas para mim preocupa-me mais onde é que tem de ser
discutido.
Provavelmente numa organização de karatekas, mesmo que ela se chame
Associação Nacional de Treinadores de Karate.
No dia
10 de setembro de 1994 em Coimbra e a 21 de Abril de 1996 em Lamego, alertei
para esta questão o então preletor (agora presidente da ANTK) de uma ação de
formação da Federação, dizendo-lhe que não me identificava como treinador. A
reação foi mais ou menos:
- Este tipo que vem lá do estrangeiro pensa que
é quem?
Perante tal reação calei-me, e apenas lhe pedi
uma assinatura no meu passaporte desportivo (recordo que o atual presidente da
ANTK foi o interpelado).
Estou em querer que o
passo tinha que ser dado, porém logo aí
devíamos ter acautelado se havia diferença entre arte marcial e desporto de combate.
Agora estamos no dilema:
Somos treinadores de
desporto ou mestres de karate-do?
Alguns, embora não soubessem param onde iam, queriam
era dar um passo grande. O certo é que chegados aqui, (uns de forma voluntária,
outros puxados e outros arrastados) olhamos uns para os outros e começamos; ai
ai ai ...ai ai ai que não me sinto bem com o rótulo de treinador, pois não me diferencio entre
treinador de desporto e mestre de arte marcial.
Aconselho a tomarmos o
exemplo do Sensei Chujun Miyagi em 1940 quando perante uma situação difícil
criou um/a kata que se dá pelo nome de Gekisai dai ichi, e tem a
particularidade de no final avançar com o pé direito.
Avançamos todos, nem que seja apenas um só
passo, rumo à nossa organização de classe, mesmo que ela se chame ANTK.
Uma vez a casa arrumada, podemos teorizar as diferenças entre o desporto de
combate e as artes marciais. Para além de tentarmos saber "arte: o que é?" teremos de saber onde está a "arte"...
Mas atenção, todos são mesmo todos. Porque o
todo é sempre mais do que a soma das partes.
António dos Santos.
Praticante de GOJU-RYU.
António. De acordo a 100%. Eu fui um dos entusiastas do karate desportivo. Dizia eu (para me enganar) que era ali que se "via" a verdadeira capacidade de controlo da agressividade do ser humano, a qual tinha de ser ensinada. Depois, reflectindo, intuí que esse "controlo" era pernicioso para a eficácia do gesto, dado que quando treinas para não atingir te é difícil desligar esse interruptor no momento da verdade.
ResponderEliminarTive dois mestres japoneses. Um elegante e técnico (não sei se eficaz), outro bruto e forte (mas eficaz). Acabei por desistir do karate desportivo e deixar definhar o meu grupo que já tinha mais de 250 pessoas que queriam visibilidade e competição.
Foi bom para ser conhecido no Mundo das Artes Marciais, mas criou em mim inseguranças que nunca teria tido se tivesse começado pelo fim.
Tenho, de facto uma cédula de treinador. Mas tal como uma medalha não contém o suor que tiveste de verter para a conquistar, esta cédula é apenas um papel...
Uma vez, ainda jovem, entrevistei o Mestre Cerveira para um jornal, no tempo em que a ASP não queria nada com a competição (1983). O título da entrevista é significativo.
A Competição em karate é como um jogo de futebol sem bola. Como tinha razão....
Grande abraço.
É tudo sempre bonito (como sempre foi!). O que é certo é que se continua a falar, a falar, a falar e... não se faz nada! Já todos conhecemos o "místico" em causa; já todos tivemos o desprazer (falo por mim e reitero, falo por mim!) de nos encontrarmos na sua presença... Porque não se começa a agir? Conseguem-se assinaturas suficientes, convoca-se uma assembleia extraordinária e resolve-se o assunto! Agora,... é preciso que de facto TODOS queiram!!!
ResponderEliminarNum comentário ao antepenúltimo post, José Augusto diz "O poder basta-lhes para atravancarem o sistema e para dele tirarem benefícios próprios. Eles são felizes assim... projetam-se, promovem-se, andam nas luzes da ribalta e esquecem-se que esta vida é efémera! Ninguém está preocupado com os seus colegas de classe! Nem os próprios treinadores!"
ResponderEliminarE está mesmo tudo feito para atravancar o sistema! são precisos 100 associados para uma AG. Ora, nós nem sabemos quem são os associados... apesar dos estatutos dizerem que a listagem deve ser atualizada mensalmente... JÁ DEI PARA ESSE PEDITÓRIO, não dou mais!!!!!!
Quanto à competição, é só uma ínfima parte do Karate, é verdade! Mas não é isso que está aqui em causa... o que está em causa é AQUILO QUE FAZEMOS E O QUE SOMOS! Mas de novo recorrendo a José Augusto, nem os treinadores estão interessados nisso! APENAS ALGUNS - que talvez não sejam treinadores... mas sim...
Botelho e Cristina, obrigado pela vossa colaboração! Haverá mais alguns (poucos!) interessados que colaborarão!
Parece que a arte da associação, da franqueza e da lealdade se perdeu num qualquer dia de nevoeiro. Afinal, andam muitos ,também no karaté, à procura de um D. Sebastião, ou pior que isso, à espera que outros façam. Mas é fundamental saber o que é a arte, senão continua tudo na mesma. A melhor prática é uma boa teoria. Talvez porque alguns só viram a prática, hoje nem saibam o que praticam, ou o que são. Será arte marcial ? Será só desporto de combate ?Será só um jogo para entreter e amealhar alguns tostões? O que será que será??? Como diz,o mano a mano, " Parece que anda tudo num jogo sem bola." Na verdade se não andam parece,
ResponderEliminarpelo menos imitam bem.
Abraço,
Luís Sérgio
De Joseverson Goulart, o que se agradece:
ResponderEliminar"A arte do treinador e a arte do mestre". Há um tempo atrás falei sobre o ensino do Atemi e a "realidade" do ensino marcial. Mesmo que o Karate desportivo tenha os seus méritos, quando a tua vida está em risco, o "bonitinho para marcar pontos" é o que menos importa e mesmo uma pessoa sem qualquer treino marcial fará tudo para sobreviver... muitas vezes com resultados surpreendentes.
A questão que se coloca é: qual é o objetivo REAL do ensino do Karate-dô?
"Teorizamos" muito, mas esquecemos que a transição do JUTSU para o DÔ foi apenas uma manobra de "cosmética social". Troca-se o sufixo e técnicas mortais para conveniência social, mas o "espírito" e a "forma de fazer" lá permanecem. Isso é "arte marcial" tanto para treinador como para mestre - sem distinções.
Um treinador treina qualquer um, um professor ensina aquilo que sabe, um Mestre ensina aquilo que os alunos precisam....
ResponderEliminarNão praticantes comentaram no facebook e de quem "nada sabe" da matéria vale a pena reter:
ResponderEliminar1 - Arte dos dois, pois o treinador aprende com o Mestre!
2 - Um treinador treina qualquer um, um professor ensina aquilo que sabe, um Mestre ensina aquilo que os alunos precisam....
Como humilde praticante desta milenar arte marcial só tenho a agradecer a possibilidade de poder "beber" desta vossa experiência. Descobri o Karaté aos 41 anos, o que não é fácil de todo devido aos (muitos) maus vícios que o corpo carregava. No entanto, 2 anos depois estou completamente rendido não só à arte marcial em si como a toda a filosofia que gravita à volta do Karate-Do. E é este "DO" que faz realmente a diferença compatativa a todos os desportos que conheço e que já pratiquei. Bem hajam pois a todos.
ResponderEliminarAntónio Durão.
Sensei Armando: já sabiamos que a ANTK era um fantasma... e agora o Sensei António Santos confirma-o!
ResponderEliminarAquilo em que poderíamos enriquecer através de uma associação de classe - esqueça!!!
Naquilo em que poderiam ser defendidos os interesses dos treinadores - esqueça!!!
Mas pelo menos divirta-se a levantar aqui algumas lebres!!!
Um abraço!