"Deve ter havido hilaridade entre os macacos quando o homem de Neanderthal fez o seu aparecimento na Terra. Os macacos altamente civilizados balançavam-se graciosamente de galho para galho; o homem de Neanderthal era tosco e grudado à Terra. Os macacos, saciados e pacíficos, viviam num folguedo requintado, ou catavam pulgas em contemplações filosóficas; o homem de Neanderthal, pesado e taciturno, cruzava o mundo, distribuindo pancadas com a sua clava. Os macacos, da copa das árvores, desciam o olhar divertido sobre ele, atirando-lhe castanhas. Às vezes ficavam horrorizados: eles comiam frutas e plantas tenras com grande refinamento; o homem de Neanderthal devorava o alimento cru, abatia os animais e os seus semelhantes. Derrubava árvores que sempre haviam estado de pé, removia rochas do lugar consagrado pelo tempo, transgredia todas as leis e tradições da selva. Era grosseiro, cruel, destituído de dignidade animal: do ponto de vista dos macacos altamente cultivados, uma recaída bárbara da história. Os últimos chimpanzés sobreviventes ainda torcem o nariz à vista de um ser humano..."*
* Arthur Koestler, 1961, "O Zero e o Infinito", Porto Alegre, Editora Globo.
Até os animais já perceberam o quanto o humano é selvagem!
ResponderEliminarProfundo. Obrigado por compartilhar Sensei.
ResponderEliminarProfundo. Obrigado por compartilhar Sensei. OSS
ResponderEliminarMuito bom o texto, embora ache que o Sr. Arthur foi muito gentil ao enfatizar a brutalidade humana.
ResponderEliminarProcure no youtube um documentário chamado "meet your meat". Após conhecer a realidade de como os animais são tratados por quem se diz ser racional, parei de comer carne bovina, suína e de aves...
Camacho.
Há animais mais inteligentes que certos humanos!
ResponderEliminarAbraço Sensei!