sábado, 1 de junho de 2013

Fora dos Jogos Olímpicos

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Tanto espavento à volta do "The K is on the way", tanta sofreguidão para o Karate estar em 2020 nos Jogos Olímpicos, mas ninguém se preocupou em explicar o porquê de só o Kumite ser candidato! A hipocrisia veio ao de cima até nos próprios vídeos de apresentação. A competição sempre se apresentou com duas provas: Kumite (combate) e Kata (forma técnica)... os "puristas" do Karate chamado "tradicional" defendem que a Kata é o âmago do Karate mas pretendem ver o mesmo no programa dos Jogos Olímpicos!

Maior visibilidade? Para quê? 

O publico não percebe o que é Kata? E percebe as regras da Esgrima, da Ginástica ou até mesmo do Ténis?




Há pessoas que nunca aprendem! Nem à segunda vez... A ganância é tão grande... os interesses são tantos... que ainda lá hão-de ir terceira vez! Expliquem quem sairia beneficiado com o Karate nos Jogos Olímpicos! Como diria Maquiavel, "os homens são tão simples e submetem-se a tal ponto às suas necessidades presentes, que aquele que engana encontrará sempre alguém que se deixe enganar."

3 comentários:

  1. Sensei Armando:

    O Karate está cada vez mais comercializado e sujeito às regras do espectáculo. Poderia ser olímpico nos moldes dos campeonatos europeus e mundiais? Sim, poderia!

    Mas truncarem parte da modalidade seria um erro na minha opinião. Se o público não conhece a Kata - o que admito inicialmente - então esclareça-se o público do que é a Kata e a Bunkai (é para isso que esta serve).

    Por outro lado, o modelo competitivo está errado desde a origem: o competidor deveria fazer as duas provas (tal como na ginástica) o que faria com que não houvesse especialização numa só prova, o que origina altos competidores mas incompletos. Há grandes campeões de Kumite que não sabem fazer uma Kata e vice-versa.

    As questões que coloca são pertinentes: a quem interessa? Sobretudo aos dirigentes que vão para o poleiro...

    Grande abraço!

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  2. Em 1986, em Monte Carlo, tive o privilégio de conhecer parte da equipa inglesa de Kumite que, sendo originária de Wado, era expecializada apenas em Kumite. Traziam uma faixa à cintura talvez com a intenção de segurar o gi.
    No entanto, foram a um estágio técnico, quem sabe, para perceber melhor a equação de atribuição do ponto em combate. Há quase 30 anos eram necessárias muitas condições para o árbitro atribuir ponto. Uma delas era zanchin. Na cidade do México, o competidor Paulo Álvaro , em representação da selecção portuguesa, marcou cerca de doze, sim, doze wazaris no acesso aos quartos de final. Estava como chefe do tatami um senhor chamado Ted Edlung que chamou os árbitros e os coibiu de pontuar o Paulo. Porquê? O timing era excelente, a técnica de contra limpa, a zona de impacto válida, o desenho da técnica perfeito, o kiai no "ponto". Então porquê, perguntei eu ao Ted, não pontuas os guikus do meu competidos. Disse-me: tens de lhe ensinar o que é zanchin. Ele pontua e foca no árbitro para ver se cata o ponto. Ora ele tem de conduzir o seu foco e a sua energia no atemi e dispersa essa energia. Pois é amigos, o Paulo perdeu o combate, mas ganhou o jogo porque aprendeu da pior forma algo que é ou era fundamental no meu tempo. Atitude guerreira. Quanto à questão do karate ser ou não olímpico. Estou-me nas tintas.

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  3. Caro Armando,
    tenho sérias dúvidas sobre as vantagens do karaté ser modalidade olímpica, sobretudo, nos moldes em que se preparava a sua introdução, a médio e longo prazo, talvez a desvantagens fossem maiores.
    Concordo com o Pedro Asso, expliquem-se as katas e façam-se as duas provas. De qualquer modo,só kumite limita o desenvolvimento da modalidade. Numa visão mais simplista, já há muitas modalidades de murros e pontapés e , dessa maneira ,como poderia o Karaté fazer a diferença, pelo GI ?
    Abraço,
    Luís Sérgio

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