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As quatro virtudes cardeais foram apresentadas inicialmente a partir da discussão de Platão, sensivelmente 300 anos antes de Cristo, na sua obra "República", no Livro IV.
São elas a prudência (φρόνησις, phronesis),
a justiça (δικαιοσύνη, dikaiosyne), a temperança (σωφροσύνη, sophrosyne ou
moderação) e a fortaleza (ἀνδρεία, andreia ou força).
Foi durante o período feudal japonês que o código de honra dos Samurai se desenvolveu, embora o termo Bushidō raramente seja mencionado na literatura pré-moderna japonesa. O livro "Bushidō - The Soul of Japan" escrito por Inazō Nitobe é uma das primeiras obras escritas em inglês e para um público ocidental em 1905.
A justiça, a coragem, a benevolência, a cortesia, a sinceridade, a honra e a lealdade são apresentadas como sendo as virtudes do Bushidō.
Regista-se assim uma preocupação ao longo do tempo e em espaços diferentes em codificar conteúdos que possam orientar a vida do ser humano de um modo ético. Logo, e no mesmo sentido, normal também o aparecimento do Dōjōkun...
Na Stanza della Segnatura, que Rafael (1483-1520) pintou no Vaticano em 1509, a "temperança" segura com as mãos, numa pose suave, as rédeas de um corcel que não é visível aos nossos olhos.
Assim estamos nós hoje em dia em relação ao Dōjōkun, segurando as rédeas de um corcel que não é visível aos nossos olhos...
Normal a dissonância entre o propalado e o praticado!
Toda a gente pratica “o verdadeiro”, “o puro”, "o autêntico", “o tradicional” Karate-Dō! Ainda não encontrei ninguém que afirmasse praticar algo diferente (claro que estou a exceptuar aqueles que reconhecem só praticar "karate desportivo")...
Toda a gente recita o Dōjōkun, mas como refere Thérese Delpech*, "os valores, de que se faz grande eco nos discursos, parecem bons absolutamente para tudo, menos precisamente para a acção."