sábado, 3 de setembro de 2016

O que resta dos J. O. do Rio 2016? (II)

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92 competidores portugueses foram aos J. O. do Rio de Janeiro.

Telma Monteiro regressou com uma medalha de bronze.
Emanuel Silva e João Ribeiro (K2 1000m) regressaram com um quarto lugar.
Fernando Pimenta (K1 1000m) e João Pereira (triatlo) trouxeram dois quintos lugares.
Chegaram aos quartos de final Marco Freitas (ténis de mesa) assim como a Selecção Nacional de Futebol.
Nelson Évora e Patrícia Mamona (ambos no triplo salto), Ana Cabecinha (20Km marcha) e os canoístas do K4 1000m deram ao nossos país quatro sextos lugares.
Nélson Oliveira (ciclismo, contra-relógio) volveu a Portugal com um sétimo lugar.

Para uns foram boas classificações. Para outros, nem por isso. Conclusões poderão ser tiradas de 3 formas diferentes:

1ª - Comparando o número de medalhas com o número de habitantes de Portugal (e aí poderemos olhar para a Austrália, para a Hungria e para a Holanda);

2ª - Comparando o número de medalhas com o total de competidores da comitiva olímpica (e aí também constataremos que países houve com comitivas menores e maior número de medalhas);

3ª - Descobrindo o quociente entre o número de participantes numa determinada prova e o lugar em que fica o competidor que se pretende analisar. 

A história do desporto mostra-nos que por vezes os maiores candidatos a vitórias fracassam no momento decisivo, tal como nos mostra o inverso (dir-me-ão que há um padrão médio: claro que há!). São demasiadas as variáveis que estão em jogo na prestação de um competidor nuns J. O. e por vezes nem todas são tidas em conta. Ficar-se em 123º ou em 134º lugar numa maratona em que 140 atletas chegam ao final não nos parece serem boas classificações, apesar das 15 desistências. Dizer-se que "não era o dia", que "não consegui ser eu", que "não caiu para o meu lado" ou que "não tinha que ser" nada justifica...
E chegados aqui, entramos no reino do mito da igualdade de oportunidades dos participantes no desporto. O desporto pretende apresentar a todos os seus interveniente directos uma igualdade de possibilidades dado que o espaço onde desenvolve as suas actividades assim como as normas que regem as mesmas são comuns. Mas o desporto ignora a igualdade de condições desses mesmos competidores – condições individuais diferentes (quer sejam de ordem genética, anatómica, fisiológica ou psíquica), condições de treino diferentes (no que diz respeito a metodologias, a instalações, a treinadores e a todo o restante apoio, incluindo o económico) e até diferentes condições de participação no momento (tempo) comum a todos os competidores (onde os antecedentes e todos os níveis de preparação emergem tal como as variáveis de circunstância momentâneas).

(continua)

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