quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A violência também existe no Karaté!..

Em 1975, no Campeonato Mundial de Long Beach, foi a vez do francês Dominique Valera violentar primeiro o adversário e depois o árbitro...
No Campeonato Regional dos Açores, em 2001, foi a vez de um treinador e de uma atleta agredirem uma oficial de mesa...
Em Almada, no Campeonato Nacional da FNK-P de 2007, um competidor (que posteriormente acusou o uso de substâncias dopantes) violentou o adversário mesmo após a voz de "yame" do árbito...
Temos o Código de Ética para o Karaté da WKF, temos o Dojo Kun dentro de cada estilo, temos as cinco máximas, temos valores que ainda são provenientes do código de honra "Bushido", temos o controlo, temos o respeito, temos..., temos... e mesmo assim estas coisas acontecem.
No Open de Arles mais uma vez se assistiu a uma situação semelhante!

As imagens estão disponíveis em
(claro que podia ter aqui o vídeo, mas a acção é tão rápida que eu prefiro as imagens estáticas - observamos melhor, captamos a sequência da acção, analisamos o pormenor, imaginamos os possíveis estragos...).
É lógico que não podemos generalizar, até porque uma gota de água não é o oceano, mas que existem, lá isso existem!
Como nos podemos admirar com o associar-se a violência à nossa modalidade? Veja-se por exemplo o post de 4 de Setembro do passado ano, intitulado «Conotar Karaté com violência».
Precisamos de comportamentos éticos no Karaté quando já temos o acima descrito? Claro que sim, e não só quando temos o karategi vestido!
Quando a chama dessa vela chamada ética se esvai, o karateca sai do reino do desporto e insere-se no reino da etologia. Nesse caso, a única coisa que lhe resta é a simbiose entre o karateca e o animal irracional.

...

5 comentários:

  1. Uma grande quantidade de Karatekas, e eu próprio, fala que o Karate é muito mais do que um desporto, mas eu pergunto, na grande generalidade das aulas de Karate o que se ensina mais para além da técnica e da preparação fisica? as duas são comuns a qualquer outro desporto, assim além da repetição do Dojo-Kun e da observação da ética aos Karatekas, pergunto como podemos treinar a parte Budo ou seja como acrescentar mais à pratica do Karate para além daquilo que é comum aos outros desportos?A parte espiritual? Sim mas como se treina ou trabalha isso?

    Oss!

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  2. Durante uma das acções de formação da FNKP a que assisti (não me recordo qual, neste momento), ao abordar-se este tema eu referi que, na minha opinião, os próprios treinadores deveriam ser mais comedidos no incitamento à agressividade que dirigem aos seus competidores enquanto combatem, estimulando a violência. Alguém, que não vou referir quem porque nem vale a pena, ripostou dizendo à boca cheia que quem diz uma coisa destas não tem a mínima experiência de Karate e que o incitamento à agressividade é FUNDAMENTAL para o bom desempenho do karateka numa competição. De facto não tenho nem nunca tive muita experiência de competição mas tenho alguma experiência do treino de jovens e sei, como todos nós, que eles agem de acordo com a nossa postura. Havendo agressividade excessiva do treinador ela vai-se reflectir no aluno que não o vai querer deixar mal. Apelar à agressividade controlada, é bom - incitamento à violência é desrespeitar a competição, os competidores e toda a disciplina do Karate. É, em ultima análise, desrespeitar a e adulterar os princípios que regem a sua prática. É nos treinadores que o aluno deve espelhar as suas acções, mas o inverso também é verdade.

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  3. Caro Armando!

    Devo ter algum problema técnico no meu computador que me está a impedir
    de comentar no teu blog, tentei ontem e hoje e, não consegui, por isso, faço
    um pequeno comentário via e-mail que podes publicar.

    Levantas um problema extremamente importante, as questões da ética e do
    respeito entre karatekas parece que estão a ser deliberadamente esquecidas.
    Em muitos dojos aprende-se a dar murros e pontapés ignorando completamente a
    ética. Em quantos se aprende e pratica o DOJO KUHN? Que exemplos dão alguns
    mestres? Terão eles desenvolvimento moral suficiente para si
    próprios. Nalguns casos vemos gente que manobra tudo e todos para poder subir a qualquer
    preço. O aluno (atleta) é uma mercadoria e não um Ser em desenvolvimento
    físico e moral. É mais fácil fabricar uma máquina de dar murros e pontapés
    do que formar um atleta íntegro capaz de se respeitar a si próprio e aos
    outros. Infelizmente, cada vez mais, se opta pelo mais fácil.

    Um abraço,
    Luís Sérgio

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  4. Olá, como vão?
    Vocês estão eaquecendo o maior fator de todas as pelejas, a índole dos envolvidos!
    Karate, dojokun, nijunkun por si só não muda a essência de nenhum praticante, as diretrizes do karate são apenas mais uma ferramenta para ajudar na formação do caráter de seus praticantes, mas existem várias outras.
    Aquele que tem inclinação para se envolver em problemas, pode treinar durante 1 século, mas sempre terá na sua essência a distorção do seu caráter.
    Como você bem disse, são apenas gotas no vasto oceano, claro que os responsáveis ( dirigentes, sensei) devem tomar as devidas providências pelo o ocorrido, mas em muitos casos isso não modifica em nada o responsável pelo acontecido.
    Uma possível solução é a "caça" aos brigões e mal-caráter, mas serial uma solução parcial.
    Se karate, budo, dojokun formasse o caráter de alguém, não teríamos esses tantos corruptos dirigentes!
    Oss!

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  5. É sabido que "a educação se traz de casa".
    Mas a educação sempre pode evoluir ou - em alguns casos e circunstâncias - também pode regredir.
    Partindo deste princípio, as diretivas japonesas, tais como o Dō 道, Dōjōkun 道場訓, Nijūkun 廾訓 etc. são "ferramentas auxiliares" para o desenvolvimento do caráter e evolução pessoal e não fórmulas mágicas que irão transformar a educação de uma pessoa da noite para o dia.
    Quando as escolas Dō 道 substituiram as escolas Jutsu 術 essa premissa era (e ainda é) verdadeira: "as vias marciais (japonesas) devem criar elementos úteis à sociedade". Não como meio único, mas como uma ferramenta de apoio à aducação prévia do praticante.
    A questão que se coloca não é "estarmos horrorizados com demonstrações de total descontrole comportamental" mas com a aparente permissividade com que isto acontece.
    Sejamos realistas: qual é o instrutor ou mestre que não conhece os seus próprios alunos? E, neste contexto, o que faz o instrutor para que comportamentos como estes sejam evitados?
    Neste preciso momento tenho a certeza absoluta que alguém deve estar a pensar - principalmente se for instrutor (^_^) - "E o que dizer daqueles instrutores que se portam mal?"
    Amigos, antes de ser instrutor, qualquer pessoa foi aluna de outra... e só chegou a instrutor por / com permissão explícita do seu mestre/instrutor.
    Assim, será que estas situações lamentáveis não poderiam ser minimizadas através de uma observação dos alunos que temos de uma forma mais rigorosa? Afinal de contas, se estamos a ensinar (ou predispomo-nos a ensinar) o tão conhecido Dō 道, não seria mais do que evidente que esta também deveria ser a nossa obrigação?
    Não quero dizer com isso que o problema está unicamente no instrutor, mas o exemplo, a liderança, a orientação representam uma grande percentagem na ocorrência (ou não) de tais eventos lamentáveis.
    Se os pais permitirem, irmãos sobre o mesmo teto podem andar à porrada... Se os instrutores permitirem, naturalmente, haverá um descalábrio a nível de comportamento dos alunos.
    Olhamos - escandalizados - a estas imagens de violência... Enquanto que praticantes do Budō 武道 o que fazemos para previnir que tais atos vergonhosos ocorram novamente?
    Somos realmente o fator de diferença ou só refletimos sobre o assunto quando algo de mal já aconteceu?

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