terça-feira, 3 de agosto de 2010

Haverá indícios?...

A holandesa Laura Dekker, com apenas 13 anos de idade no ano passado, pretendia dar uma volta ao mundo num veleiro sozinha, para tentar tornar-se na mais jovem pessoa solitária a circum-navegar o nosso planeta por mar, mas a isso foi impedida em Agosto de 2009 pelo tribunal de Utreque, contra a vontade dos pais. Aliás, o pai da criança-jovem chegou a perder sua guarda por decisão da justiça, dado ter sido ele a autorizar a viagem.

(foto: Corne van der Stelt/AP in www.csmonitor.com/World/Global-News)

Já este ano, em Julho, o tribunal de Middleburg considerou que entretanto Laura cumpriu os requisitos para iniciar a travessia, tendo até concluído um curso de primeiros socorros e efectuado várias viagens em veleiro para adquirir maior experiência.

O Conselho de Protecção à Criança da Holanda declarou que não irá recorrer da decisão do tribunal de Middelburg, afirmando o seu porta-voz que o tribunal tinha sido muito claro: “os pais de Laura têm a responsabilidade final sobre a filha. Fizemos tudo o que podíamos". Foi graças à intervenção deste Conselho que se passou mais um ano e apesar de na audiência de 20 de Julho, o mesmo ter pedido aos juízes a prorrogação por mais 12 meses, com o objectivo de tentar impedir esta viagem com dois anos de duração, alegando preocupação quanto ao seu desenvolvimento sócio-afetivo, o tribunal holandês rejeitou o pedido de prolongação da supervisão de Laura Dekker.

Pai e filha deverão partir amanhã, quarta-feira, da Holanda para Portugal, numa viagem à vela que servirá para realizar (segundo fazem constar) os últimos ajustes da sua embarcação.

Com partida de Lisboa, Laura Dekker iniciará então sozinha a sua travessia com o objectivo de completar a volta ao mundo.

Colocam-se aqui várias questões, apesar de se afirmar que 60% das crianças no norte da Holanda sabem manobrar barcos a vela melhor que muitos adultos na condução de um automóvel.

Cabe aqui perguntar o seguinte:

1º - irão as autoridades portuguesas permitir a largada de um barco à vela tripulada por uma criança-jovem de 14 anos para fazer uma travessia sozinha de tal extensão?

2º - que patrocínios, que verbas e que publicidade estão implicadas neste evento?

3º - só porque os pais autorizam a viagem da filha (e provavelmente planearam a mesma em conjunto) deverão ser os únicos responsáveis por ela?

4º - quais os limites de liberdade que devem ser dados aos adolescentes?

5º - haverá indícios (ou existirá mesmo?) no desporto exploração infantil?

6º - no momento em que são anunciados pela primeira vez os Jogos Olímpicos da Juventude – a chama foi acesa numa cerimónia oficial no passado dia 23 de Julho, em Olímpia, na Grécia – que se irão realizar de 14 a 26 deste mês em Singapura e em que irão participar 3600 jovens (a comitiva portuguesa será composta por 19 atletas) não deveremos fazer uma reflexão sobre o papel do desporto na educação dos nossos jovens?

3 comentários:

  1. Aposto que a relação destes pais com a filha dava um lindo filme, tipo Ingmar Bergman. Já estou a imaginar os planos Mãe, Pai, Filha, silêncio...

    Maria Camarão

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  2. Vejo centenas de adolescentes com 12, 13, 14 anos de idade em zonas de diversão nocturna, até de manhã, onde bebem alcool e fumam tabaco (pelo menos tabaco!) de forma desmedida. Vejo-os sem os pais e sem enquadramento de alguém mais velho!
    Esta miúda, que vai com o pai, não deve fazer tão nobre actividade?!
    Devemos enraizar o desporto nas crianças desde tenra idade, pois ele é um excelente pilar na formação dos homens de amanhã.
    Claro que há quem se aproveite de alguns dotes dos filhos e daí tire dividendos, mas não podemos confundir a floresta com a árvore.

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  3. Os meus agradecimentos aos dois comentadores anteriores.

    Cara Maria Camarão:
    Destes filmes andamos todos nós fartos, mas ninguém nos diz como são produzidos ou realizados, pelo que só vemos a ponta do iceberg...

    Caro Jordão:
    Claro que não podemos confundir a árvore com a floresta, mas também não podemos ver só a floresta pois deixamos de ver a árvore!
    Tens toda a razão em relação ao 1º ponto, mas isso é uma questão de educação e de orientação (ou desorientaçao familiar) e infelizmente é o rumo que segue "alguma" da nossa juventude.
    Claro que devemos enraizar o desporto nas crianças e nos jovens, mas em que condições e orientados por quem e sob que pretextos?
    E ATENÇÃO, Laura Dekker NÃO VAI COM O PAI! Ela vem da Holanda até Lisboa com ele, mas daqui PARTE SÓ para dar a volta ao mundo em solitário!
    Daí as minhas questões!

    Um abraço a ambos.

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