Caso César Cielo - FINA arrasa TAS: "Com bom advogado qualquer um se safa".
Da responsabilidade de Duarte Ladeiras, com AFP, transcrevemos na íntegra, com a devida vénia, a notícia publicada ontem no jornal «Diário de Notícias» sobre este controverso caso.
(Foto © Christinne Muschi-Reuters in http://www.dn.pt/desporto/antidoping/interior.aspx?content_id=1940366)
O sucesso de um atleta acusado de doping junto do Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) depende do nível do seu advogado e não da infracção de que está acusado. Esta forte crítica ao organismo máximo da justiça desportiva partiu da Federação Internacional de Natação (FINA), que não ficou satisfeita com o desfecho do caso César Cielo.
O brasileiro, campeão olímpico dos 50 metros livres, registou um controlo positivo, por detecção de furosemida, assim como outros três nadadores. Os quarto argumentaram que se tratou de dopagem acidental, por contaminação com furosemida de um suplemento nutricional, de cafeína, que os nadadores tomavam regularmente por prescrição médica. Todos foram punidos pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) com advertência e desclassificação, mas a FINA recorreu. O TAS só alterou a sanção de Vinicius Waked, impondo um ano de suspensão, por ser o segundo positivo da carreira deste nadador. De resto, o organismo máximo da justiça desportiva manteve as advertências.
O director executivo da FINA, Cornel Marculescu, mostrou o seu desagrado pela decisão do TAS. "Se tem um bom advogado qualquer um se safa. Se tem um mau advogado apanha o máximo. Se tiver um bom advogado e uma boa argumentação, consegue influenciar o painel de juízes. A margem é demasiado grande. Considero que é demais", afirmou Marculescu, referindo-se às sanções variáveis introduzidas pelo último código mundial antidopagem: dois a quatro anos de sanção para dopagem grave e intencional; até dois anos para substâncias específicas e doping acidental.
O responsável da FINA garantiu que quer discutir este assunto junto da Agência Mundial Antidopagem, para acabar com as enormes discrepâncias entre casos semelhantes. Marculescu deu como exemplo o caso da nadadora russa Anastasiya Ivanenko, que foi suspensa por dois anos, devido a um teste positivo também por furosemida, em Fevereiro de 2007 (altura em que o novo código antidoping não estava em vigor).
"Não é fácil explicar aos atletas porquê num dia é negro e no outro é branco. Como explicamos que se possa ir de uma simples advertência, que não significa nada, até dois anos pela mesma substância?", vincou Marculescu, considerando normal os assobios, vindos da tribuna dos atletas, quando Cielo ganhou os 50m mariposa no primeiro dias dos Mundiais [ganhou depois também os 50m livres]. "As pessoas estão frustradas."
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