quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Desporto no feminino - Maria José Carvalho

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Ao navegar pela internet, chamou-me a atenção há uns dias um título de uma das apresentações do célebre Congresso do Desporto: "REFORMA DO SISTEMA DESPORTIVO: Dos Moicanos ao Harry Potter; da Invenção do Cronómetro ao Cyber-Robot." Curiosidade activada, power point passado a fino...

Apresentação feita a 10 de Dezembro de 2006 por uma Mulher que abre a dizer que "há mais de 20 anos que participo, passiva e activamente em sessões públicas deste cariz. Resultados práticos..?? Poucos...!!" para continuar afirmando  que não "caíu de pára-quedas no sistema desportivo", que "o futuro é hoje" e que cita John Lennon: a vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro”.

Ex-praticante de voleibol e de andebol, tendo nesta modalidade sido campeã nacional, internacional A com cerca de 95 internacionalizações, e tendo participado em diversos Campeonatos do Mundo (1980 a 1994), Maria José Carvalho é Licenciada em Educação Física, Licenciada em Direito, Mestre em Gestão Desportiva, possui uma uma Pós-Graduação em Direito do Desporto e em 2007 concluíu o seu Doutoramento em Ciências do Desporto (Gestão Desportiva). Para além de dirigir o Gabinete de Gestão Desportiva da FADEUP, Maria José Carvalho ainda tem tempo, além da vida familiar, para se ocupar com a advocacia.    


Esta introdução serve pura e simplesmente para demonstrar que a par de uma vida profissional e familiar é possível atingirmos os nossos objectivos: é uma questão de gestão de tempo, é uma questão de opções, é uma questão de sacrifícios e também de força de vontade e de apoio familiar. Mas não desejando apresentar aqui nenhum currículum, aquilo que pretendo realçar é o tema da Tese de Doutoramento (2007) da Prof.ª Maria José: "Os Elementos Estruturantes do Regime Jurídico do Desporto Profissional em Portugal". Assunto com que muitos de nós pouco se preocupa e daí não percebermos porque Figo se passou do Barcelona para o Atlético de Madrid ou porque André Villas-Boas foi para o Chelsea... Confesso que não li a Tese, mas sei que existe um desporto profissional!

Logo no início de "Estado e Desporto Profissional: Relação Política e Regulativa" (1) a Prof.ª Maria José revela-nos que "o desporto goza de uma omnipresença e de uma omnipotência invulgares nos dias de hoje, sendo abusivo e incorrecto evidenciar e, sobretudo, superlativar uma das suas formas de expressão em detrimento de outras". Donde podemos inferir que há portanto várias formas de expressão do desporto, as nomenclaturas é que por vezes são diferentes (arte marcial, desporto de combate, etc.), mas que são Desporto.

Neste texto a autora percorre a história do desporto amador ao desporto profissional, aborda conceitos jurídico-desportivos e realça que o Direito não se reporta ao desporto profisisonal em si, mas sim às competições desportivas profissionais. Não temos nós no Karaté treinadores que são autênticos profissionais?

Da relação política passa para a relação legislativa (esta apresentada cronologicamente), mas o seu epílogo é fenomenal de onde transcrevemos o seguinte:

"Não podemos menosprezar a relevância da actividade económica e social e a peculiar lógica empresarial do desporto profissional, traduzidas principalmente no volume de negócios, de empregos e de fluxos turísticos." Mediante esta afirmação, talvez percebamos um pouco melhor por que motivos o Karaté nunca irá chegar a uns Jogos Olímpicos...

Continuando a transcrição: "Também não podemos olvidar o facto da prática desportiva profissional constituir um modelo, um referencial, para o bem e para o mal, do panorama desportivo nacional ." E aqui temos outro busílis da questão: até 2007 nunca foram detectados casos positivos de doping no Karaté... Processos disciplinares poucos... não por não haver indisciplina...

Mas o último parágrafo merece ser citado. "Contudo, é tempo de se proceder ao balanço deste intervencionismo, reflectir sobre a sua oportunidade e eficácia, sobre os seus pontos fortes e fracos, as suas ameaças e oportunidades, no fundo efectuar a reflexão e o debate público em torno da problemática do desporto profissional. Poderia ter sido o Congresso do Desporto, realizado entre 12 de Dezembro de 2005 e 18 de Fevereriro de 2006, o palco de excelência para o confronto de ideias e confluência de estratégias políticas, públicas e privadas, um passo importante para o projecto de desenvolvimento do desporto profissional (e aqui eu atrever-me-ia a acrescentar também o desporto amador, o de lazer e o escolar, embora não fosse este o tema a ser tratado na altura pela Prof.ª Maria José). Não o foi! Outros momentos terão de ser agendados e a curto prazo porque «não dar ao desporto (profissional) a devida importância é agir como se fôssemos circunstantes, vivêssemos fora do nosso tempo e ignorássemos a função que lhe pertence na modelação e feitura do mundo, da civilização e das pessoas» (palavras do Prof. Dr. Olímpio Bento)". 

"Outros momentos terão de ser agendados e a curto prazo..." o otimismo da Prof.ª Maria José sempre presente, mas já estamos em 2011...



Nota: negritos da responsabilidade de Karate-Do.pt.

(1) Maria José Carvalho, 2006, "Estado e Desporto Profissional: Relação Política e Regulativa", in J. O. Bento & J. M. Constantino, "O Desporto e o Estado - Ideologias e Práticas", Porto, Ed. Afrontamento.
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2 comentários:

  1. Recebido via e-mail, de autor identificado, agradecendo a amabilidade:

    Grato por partilhar
    Cordialmente
    João Boaventura

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  2. Recebido via e-mail, de autora identificada, agradecendo a gentileza:


    Caríssimo Amigo,

    Há sempre algo de bom em marés de azar...

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