domingo, 1 de maio de 2011

Daquilo que ainda é tabu no estranho mundo do desporto!


Joanna Maranhão tinha 9 anos em 1996 e já era uma promessa na natação. De uma hora para outra, começou a não querer treinar. Bateu pé, chorou e acabou convencendo a mãe, a médica Teresinha de Albuquerque Maranhão, a mudá-la de clube. Também não quis mais frequentar a casa de seu treinador, Eugênio Miranda. Em 2008 Joanna Maranhão resolveu abrir o livro e afirmar que nessa altura sofria abusos sexuais da parte do seu técnico (consulte-se  on-line a revista VEJA, Edição 2048 de 20.02.2008, em http://veja.abril.com.br/200208/p_110.shtml) .

Só aos 21 anos Joanna resolveu falar, mas embora alguns outros casos sejam conhecidos, muitos outros continuarão na sombra.

Na mesma revista podemos verificar que «a bielo-russa Olga Korbut, uma das maiores ginastas de todos os tempos, cuja marca registrada era o par de maria-chiquinha no cabelo, chocou o mundo em 1999 ao revelar, mais de duas décadas depois de seu auge, que ela e suas companheiras de esporte sofriam abusos frequentes dos treinadores soviéticos nos anos 1970. Renald Knysh, seu técnico desde os 8 anos, seria o mais atroz deles. "Muitas ginastas não eram apenas ‘máquinas esportivas’, mas também escravas sexuais dos treinadores", disse. Outro caso de repercussão ocorreu em 2004, quando o australiano Gavin Hopper, que foi técnico da tenista Monica Seles, foi preso sob acusação de ter abusado de uma aluna nos anos 1980. Em 1995, Paul Hickson, técnico da equipe de natação britânica na Olimpíada de Seul, foi condenado a dezessete anos de prisão por ter abusado sexualmente de meninas que frequentaram suas aulas, em diferentes escolas.»

Catherine Moyon de Baecque foi abusada sexualmente pelos seus colegas masculinos da equipa de França durante um estágio organizado pela federação de atletismo em 1991, o que é descrito pela própria em “La Medaille et son Revers”, Paris, Albin Michel, 1997.

Sexta-feira, o jornal «Record», na última página, trazia-nos o caso de Patrik Sjoeberg, antigo campeão do Mundo de salto em altura em 1987 e vice-campeão Olímpico de 1984 e 1992, que revelou que durante quatro anos foi molestado sexualmente pelo seu treinador Viljo Nousiainen (entretanto falecido em 1999). Aos 46 anos de idade Sjoeberg resolveu escrever um livro porque tinha sido uma vítima e "gostava de ter tido coragem de o ter dito quando Viljo ainda era vivo", afirmou o sueco de 46 anos em declarações ao jornal "Dagens Nyheter". "O que Viljo fez, a mim e a outros miúdos, é a razão principal que me levou a escrever este livro. O meu objetivo não é difamar alguém que até já está morto e sim a necessidade de contar a história." Sjoeberg contou ainda que foi mais fácil tomar a decisão depois dos também antigos saltadores em altura Christian Skaar Thomassen e Yannick Tregaro terem revelado que igualmente tinham sido abusados sexualmente pelo treinador quando tinham 12 ou 13 anos.

Coisas que ainda são tabu no estranho mundo do desporto...
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2 comentários:

  1. Amigo Armando, importante denúncia de uma forma errada de estar e praticar desporto.

    A antiga 'Europa de leste', à medida que vai fazendo parte da Arqueologia da História vai mostrando que a sua pretensa superioridade assentava em muitsos equívocos extra-desportivos.

    Depois das inúmeras denúncias da perversão do desporto, através do doping, em especial, na natação, mas também atletismo e halterofilismo e na antiga RDA, o que levou a vários processos judiciais contra os treinadores e médicos, surge agora esta praga, o abuso sexual. Provavelmente não iremos ficar por aqui, não nos esqueçamos que não foi apenas na Alemanha hitleriana que se praticou o eugenismo.

    É possível o desporto alguma vez estar imaculado e livre de todos os fenómenos extra-desportivos que só o pervertem ou estamos condenados a viver na falta de transparência e mentira só possíveis a uma condição humana sem ética, sem princípios e sem valores?

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  2. De leitora devidamente identificada, via e-mail:

    Obrigada Armando, reencaminhei para imensas mulheres e tb homens..e as reações são logo de grande indignação.

    Bjinho e obrigada, mjc

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