"A questão não é o pontapé na bola.
É a indústria do espectáculo de futebol, a sua organização e desenvolvimento a nível mundial.
O que vale a pena reflectir após a votação na FIFA que elegeu o suíço Sepp Blatter, que, antes de presidente há 13 anos, foi secretário-geral durante 18. Há um ponto de vista que considera estes mandatos eternos prova de poder mafioso no futebol. E observa que Blatter, como antes Havelange e qualquer dia Platini, são autênticos ‘padrinhos’.
Porém, a acusação não explica tudo.
Obviamente que há cumplicidades, favores em negócios e presentes que compram votos, enfim, tudo o que se chama corrupção quando se escrutina os outros e convergência de interesses sempre que há decisões abstrusas do nosso lado. Denuncia-se corrupção a propósito do Mundial 2022 no Qatar e do afastado rival asiático de Blatter na FIFA, mas não há labéu sobre o Mundial na Rússia ou a ascensão de Platini.
O fulcral é que na economia, na política, como no futebol, a Europa vive tempos desesperados de supremacia mundial. As alianças com os EUA nas finanças e com o Brasil na bola perderam o poder de décadas atrás. Na Ásia, há emergentes com fome dos lugares de comando.
Pergunto quanto aguentaremos a chamar corruptos aos outros para mantermos os privilégios do poder."
Da autoria de João Vaz, redactor principal do Correio da Manhã, transcrevemos com a devida vénia da edição deste diário do dia 5 do corrente (página 2).
Nota: parágrafos da nossa responsabilidade.
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