domingo, 29 de maio de 2011

Recordando Abel Manta e Miguel Torga...

DA AGRESSÃO CÍVICA

É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto.
Falta-lhe o romantismo cívico da agressão.
Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados.

Miguel Torga, Diário IX, (Chaves,17 de Setembro 1961)

sábado, 28 de maio de 2011

Forma e conteúdo - ideologia, pragmática e caos!


Enchamos nove garrafas de formas diferentes com diversos líquidos - água, cerveja, vinho, azeite, whisky, sumo de laranja e por aí fora...

Enchamos nove garrafas de formas diferentes com Coca-Cola...


Não teremos dúvidas que no primeiro caso teremos formas e conteúdos diferentes, enquanto no segundo teremos formas diferentes mas sempre o mesmo conteúdo...

E sempre que nos dirigimos a um supermercado para comprar uma Coca-Cola, cuja embalagem actual está na última garrafa da foto, nem sequer colocamos a questão de estar a adquirir sempre a mesma forma e o mesmo conteúdo...

Como tudo na vida, e é Roland Bhartes (1) que nos explica isso, "«forma» e «conteúdo» são duas faces constitutivas do mesmo fenômeno. Desse modo, «forma» e «conteúdo» compõem o próprio processo de interpretação do mundo. Na experiência concreta da realidade, não vemos primeiro a «forma» das coisas para depois interpretar-lhes o «sentido» ou «conteúdo». Essa separação não ocorre na experiência, pois é fruto de uma cisão meramente teórica."

O mesmo se passa com o Ser Humano: o seu carácter e a sua personalidade definem as suas acções... A sua adaptação entre a eficiência (como fazer) e a eficácia (o resultado) apresentam-nos o produto final da sua acção intencional, a sua obra.  Por isso mesmo se fala na tríade valores-atitudes-comportamento!

É de reflectir numa citação encontrada no blog "basta que sim" (aqui), num post denominado «a pseudo dialéctica entre forma e conteúdo», colocado a 16.02.2008:

"Não há bom conteúdo que salve a arte sem a forma ideal. Não há ética que perdure sem uma estética que a suporte. Não há ideologia defensável sem a pragmática adequada."

E por que motivo? Porque, como nos diz Eduardo Lourenço (2), "pode discutir-se se a desordem em que estamos mergulhados - desde a económica até à da legalidade e da ética - releva ou não, em sentido próprio, do conceito de caos. Do que não há dúvidas é de que o habitamos como se fosse o próprio esplendor."

Façamos algo para não o habitarmos e façamos algo mais ainda para para que não seja o próprio esplendor...

(1) Eco, Umberto, 1999, "As Formas do Conteúdo", São Paulo, Perspectiva, p. 66.
(2) Lourenço, Eduardo, 1999, "O Esplendor do Caos", Lisboa, Gradiva, p. 11.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Será que a parede vai ser demolida? As Assembleias Gerais da ANTK...


Estão convocadas duas Assembleias Gerais da ANTK para o próximo dia 11 de Junho, pelas 18.00 horas.  A 1ª, uma AG Extraordinária, tem como ordem de trabalhos informações e assuntos de interesse geral da Associação, apreciação e votação do balanço e contas, do relatório da Direcção e do parecer do Conselho Fiscal, e, para terminar, outros assuntos.

A 2º AG tem como ordem de trabalhos a eleição dos Órgãos Sociais para o triénio 2011 - 2014.


(montagem sobre a capa do álbum "The Wall" dos Pink Floyd)


Será que a ANTK, que tem sido uma parede em vez de uma ponte, irá desmoronar-se, ressurgir das cinzas e termos finalmente uma ASSOCIAÇÃO representante e defensora dos interesses dos Treinadores de Karaté?

Será que os Treinadores saberão dar resposta a estes desafios? Esperamos que sim! Mas para isso, dia 11 teremos de estar lá!...
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domingo, 22 de maio de 2011

I Convenção Internacional de Gestão do Desporto da FADEUP


Não há palavras que possam descrever a I Convenção Internacional de Gestão do Desporto realizada pelos  estudantes das unidades curriculares de Metodologia do Desporto I, II e III (ramo opcional da Licenciatura em Ciências do Desporto) da FADEUP neste fim-de-demana.

Pela organização, pelos conteúdos apresentados, pelos prelectores convidados, valem mais algumas imagens do que a descrição de tudo o que se passou nestes dois dias. Horários cumpridos, recepção e hospitalidade impecáveis, conteúdos diversificados e transversais à Gestão do Desporto... excepcionais, inexcedíveis!

A Comissão de Honra, durante a abertura, composta por Pedro Sarmento, Maria Joana Carvalho e, incontornável presença, o Director da FADEUP, Jorge Olímpio Bento, vendo-se ao fundo os estudantes Miguel Nicola e Diana Ataíde, membros  da Organização.

Auditório pleno durante os dois dias, por onde passaram talvez mais de uma centena de pessoas.

Maria José Carvalho dando sempre uma ajuda aos seus estudantes e o poeta Luís Viana, antigo ciclista, declamando um poema de sua autoria.

Gustavo Pires, Pedro Marques e José Manuel Constantino versando sobre «Políticas Desportivas: Gestão Municipal versus Gestão Empresarial».

Armando Inocentes, Vítor Pereira e António Cunha abordando o tema «Competição e Arbitragem: da ética à regulação».

Lançamento do livro de Carlos Januário "Políticas Públicas Desportivas: estudo centrado nos municípios da área metropolitana do Porto", prefaciado por Olímpio Bento e apresentado por José Manuel Constantino.

Demonstração de Capoeira.

Programa Corrida e Marcha que contou com a presença de Aurora Cunha.

«É o futebol um espectáculo rentável e seguro?» pergunta a que foi dada resposta por André Seabra e Hermínio Loureiro.

Jorge Vieira, Paula Botelho Gomes e José Manuel Meirim no encerramento, dissertando sobre «Política, Desporto e Direito: direitos humanos e gestão de programas desportivos».


Como súmula, aqui ficam os principais conselhos que os prelectores deixaram aos estudantes presentes:

1º - "Quem não sabe gerir controla!"
2º - O desporto é bivalente!"
3º - "O futebol é o melhor desporto do mundo!"
4º - "Gerir é liderar, mas liderar pode não ser gerir"
5º - "Há uma crise no alto rendimento e outra no desporto infantil!"
6º - "Leis há muitas, aplicação das mesmas pouca!"

Os meus votos de felicidades e de futuro feliz a estes alunos como Gestores Desportivos!...

Nota: as minhas desculpas a Manuela Ribeiro, aos alunos do ERASMUS de Múrcia e a João Petrolitano de Assis pela ausência das respectivas fotos.


quinta-feira, 19 de maio de 2011

Local da AG da ANTK - À ATENÇÃO DE TODOS OS TREINADORES!

Sobre a AG da ANTK de dia 21, embora o "brevemente seguirá informação sobre o assunto" até agora não chegasse, segundo a página da net da FNK-P  "A Acção de Formação “Importância do Treino de Karate nos Escalões de Formação” irá realizar-se nos dias 21 e 22 Maio de 2011, nos Bombeiros Voluntários do Estoris, sito na Av. dos Bombeiros Voluntários nº89 – 2765-202 Estoril."

Logo, presume-se que a AG da ANTK deverá ser aí... às 18.00 horas...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

À ATENÇÃO DE TODOS OS TREINADORES - ANTK!



IRÁ  A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TREINADORES DE KARATÉ RESSUSCITAR?  SE SIM, EMBORA PASSADA JÁ A PÁSCOA, ESTE É O MOMENTO IDEAL!...

De e-mail recebido a 7 de Maio do Prof. Dr. Abel Figueiredo sobre o  3º CCAMDC, dado o seu interesse, transcrevemos os últimos parágrafos:

"Aproveito ainda para salientar que teremos uma Assembleia Geral da ANTK a 21 de Maio de 2011 no CAR, após o segundo módulo de formação do Prof. Doutor Pierluigi. Brevemente seguirá informação sobre o assunto.

Com os melhores cumprimentos,

Abel Figueiredo"

Todos sabemos que a ANTK foi declarada moribunda, cadavérica e pesávamos que enterrada! O que é certo é que nós, Treinadores de Karaté, não temos neste momento uma associação de classe que nos represente e defenda os nossos interesses!

Dado que o segundo módulo ministrado pelo Prof. Dr. Pierluigi Ashieri termina no sábado às 18.00 horas, presume-se que a AG da ANTK seja a essa hora!...

Pelo menos estarão presentes os Treinadores que estão a frequentar a AF...  assim como todos os outros que compareçam a essa hora!

MAS É NECESSÁRIO QUE TODOS OS OUTROS SE MOBILIZEM DE MODO A PODEREM TAMBÉM COMPARECER!...

Nota: O Centro de Alto Rendimento situa-se no edifício das piscinas no Jamor, na Cruz Quebrada. 


sábado, 14 de maio de 2011

Programa da I Convenção Internacional de Gestão do Desporto da FADEUP


Dada a relevância do evento, para todos os interessados aqui fica o ciclo de conferências e de palestras que se irão desenrolar durante a I Convenção Internacional de Gestão do Desporto da FADEUP no próximo fim-de-semana, no Porto.

Mais informações e inscrições poder-se-ão obter no site http://mgd3.webnode.pt/

1ª Conferência:
«Políticas Desportivas: gestão municipal vs gestão empresarial»
Gustavo Pires, Hermínio Loureiro e José Manuel Constantino

1ª Palestra:
«Competição e Arbitragem: da ética à regulação»
António Cunha, Armando Inocentes e Vítor Pereira

2ª Palestra:
«Como se cria um produto desportivo? O Neomove Menopause®»
Miguel Maia e Marco Monteiro

3ª Palestra:
«Como se organizam cursos de salvamento aquático»
José Arturo Abraldes

4ª Palestra:
«Organizações Desportivas: gerir é liderar e liderar é gerir?»
João Petrolitano de Assis

5ª Palestra:
«É o Futebol um espetáculo rentável e seguro?»
Fernando Gomes e Paulo Bento (a confirmar)

2ª Conferência:
«Política, Desporto e Direito: direitos humanos e gestão de programas desportivos»
Fernando Mota, José Manuel Meirim e Paula Botelho Gomes


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sexta-feira, 13 de maio de 2011

I Convenção Internacional de Gestão do Desporto no Porto


Exemplo científico e académico de relevo vem da FADEUP com a realização da I Convenção Internacional de Gestão do Desporto, em que docentes e alunos de Metodologia de Gestão do Desporto III (Unidade curricular da licenciatura em Ciências do Desporto) resolveram avançar com este evento.


Com um painel de conferencistas formado por especialistas mais que conhecidos e credenciados na área do Desporto, em que para além de Gustavo Pires, José Manuel Constantino, Hermínio Loureiro, Vítor Pereira, António Cunha, Marco Loureiro, Fernando Gomes, Paulo Bento, Fernando Mota e José Manuel Meirim estarão presentes também José Arturo Abraldes (Departamento de Atividade Física e Desporto da Universidade de Múrcia) e Anita Vlasveld (Gestora de Programas do Instituto da Atividade Física e do Desporto da Holanda), os temas a serem abordados revelam uma enorme expectativa e prometem grande êxito.


Desejo por este meio agradecer publicamente à FADEUP e à Universidade do Porto, nas pessoas da Prof.ª Dr.ª Maria José Carvalho, de Diana Ataíde e de Miguel Nicola, assim como da restante Comissão Organizadora, o convite que me foi endereçado para integrar um tão ilustre painel de conferencistas.

Participarão ainda neste evento Luís Viana (fundador da Associação de Ténis do Porto), Manuela RibeiroRaul Trapero, a Tuna Feminina Desportuna e a Tuna Masculina Musicatta Contractile - ambas da FADEUP, a par da realização de actividades de exterior tais como Futebol (3x3), Radar, Hóquei, Rugby, TRX, Corrida, Marcha, Esgrima e Body Combat.

Uma Convenção que será de certeza mais do que aquilo que se espera...
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sexta-feira, 6 de maio de 2011

46th EKF Senior Championships, de 6 a 8 de Maio.


A nossa selecção nacional participa com 6 competidores neste Campeonato Europeu que decorre em Zurique.

Segundo fonte federativa, Portugal conquista a medalha de bronze em Kata Feminino através de Patrícia Cardoso no primeiro dia das competições.

Parabéns à competidora, assim como ao treinador José Carvalho e ao Seleccionador Nacional Joaquim Gonçalves.
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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Arte sim, mas «marcial» não! Desporto sim, mas «de combate» não!


Vem este a propósito de dois posts colocados em «Colectividade Desportiva», intitulados "Karaté: arte marcial ou desporto de combate ? (I)" e "Levantar o véu: Karaté, nem arte marcial nem desporto de combate... (II)".

Uma «arte» (do latim ars, "técnica e/ou habilidade") geralmente é entendida como uma actividade humana ligada a manifestações de ordem estética. Ora, abordando nós o Karaté, estamos no domínio das "artes corporais", da intencionalidade, da motricidade humana - logo, o Ballet é arte, tal como é arte o Hip-Hop!

Mas a técnica sinónimo de arte para os latinos, para os gregos (τέχνη - téchne - "arte, técnica, ofício") confundia-se com a arte, tendo sido separada desta ao longo dos tempos.

Numa Sistemática do Karaté, o problema não está na "arte". O problema coloca-se no «marcial» das ditas «artes marciais» - sistemas guerreiros de treino para combate (conflito violento cuja intenção é dominar o inimigo), logo, no próprio combate. Tal como o problema não se coloca no «desporto» do «desporto de combate, mas sim no «combate». Não é por acaso que «Kumite» significa "encontro de mãos".

No Japão, do século XIV ao século XIX foi vigente o paradigma Bujutsu, etimologicamente composto pelas raízes «bu» (em japonês: ) e «jutsu» (em japonês: ) que significa ciência, ofício, ou arte, vigorando o paradigma Budo - composto por «bu» (em japonês:  ), que significa a guerra ou as artes marciais, e por «do» (em japonês:  ), o caminho, a via, sendo este “do” derivado do sânscrito marga budista (e significa o "caminho" para a iluminação) - sensivelmende desde 1868 até 1936, ano em que os japoneses institucionalizaram o termo Karate-Do, tendo a Japan Karaté Association organizado em 1957 a primeira competição formal. Aqui fez-se a transição de «arte marcial» para «desporto de combate»...

Ora, nós temos comprado as coisas ao preço a que elas nos têm sido vendidas. Uma coisa é aquilo em que acreditamos, outra coisa é aquilo que conseguimos fundamentar e provar. Até os cépticos precisam acreditar que em nada acreditam. Dar só uma denominação, qualquer um pode dar a que quiser...

No célebre livro de 1643, escrito por Miyamoto Musashi, “Go Rin No Sho” (Musashi, 2007), o termo heiho é traduzido como «arte marcial» (p. 35). A tradutora, Catarina Fonseca, explica-nos que este termo, escrito com dois caracteres, levanta um problema: o primeiro ideograma pode significar «soldado», «batalha», «arma» ou «estratégia», pelo que defini-lo como «marcial» é correcto, enquanto o segundo é um pouco mais complicado e pode significar «lei», «método», «técnica», «arte», «modelo», «sistema» ou «doutrina».


No budismo, acrescenta ainda a tradutora, no qual Musashi era versado, este segundo ideograma pode significar «verdade» enquanto percepção ou prática do budismo em si e, apesar de existir o termo gei para designar outras artes (tal como a cerimónia do chá, o teatro noh ou a arte do arco – kyudo), Musashi utiliza este termo para descrever o seu «caminho».

Curioso é o facto de na tradução de Luís Serrão, a partir da versão inglesa do livro “The Book of Five Rings”, de Musashi (2002), todos os termos em que na tradução anterior (Musashi, 2007) aparecem como «arte marcial», neste segundo livro aparecem sempre e só traduzidos como «estratégia». Será só uma questão de tradução ou haverá aqui algo de conceptual?

Quando Yonnet (2004) afirma que "é o uso do utensílio que faz a classificação da actividade, não o utensílio por si próprio" refere-se ao «hoje», ao treino civil, e é isso próprio que nos quer transmitir...

Que "uso" fazemos actualmente do utensílio "Karaté"?

Por isso mesmo tenho defendido a classificação taxonomica do Karaté não como «arte marcial» nem como «desporto de combate», mas sim como um desporto de contacto corporal directo...

Outros contentam-se com a divisão entre «Karaté tradicional» e «Karaté desportivo».

O tradere latino significava transmitir ou dar qualquer coisa a guardar a outra pessoa (Giddens, 2006) - e aí estamos mais próximos do que fazemos dentro do dojo, nada tendo a ver com a competição. O problema não está no fazer competição ou não - muitas vezes fazemos mais competição no treino no dojo do que no próprio campeonato formal! O problema está no actual modelo competitivo...  A competição TEM DE SER pedagógica. A actual NÃO É!

"A resistência à passagem do tempo não é característica fundamental da tradição, nem do seu primo um pouco menos visível, o costume. As características que definem a tradição são o ritual e a repetição. (...) O que torna qualquer tradição diferente é o facto de ela definir uma espécie de verdade. Para alguém que age de acordo com uma prática tradicional, as perguntas sobre a existência de alternativas não fazem sentido. Contudo, por muito que mude, a tradição proporciona meios de acção que são pouco questionáveis. É normal que as tradições possuam guardiões próprios: homens bons, sacerdotes, sábios. Mas ser guardião não é o mesmo que ser especialista." (Giddens, id.). E aqui estamos mais próximos do "nosso" Karaté...

Aquilo que a federação nos dá (ou que nós pagamos!) é desporto, é a competição, a formação para a competição e o seguro desportivo.

O problema reside no que a instituição nos dá (ou não dá!) no aspecto da formação do ser humano integral, no sentido do «caminho», da «via»...
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terça-feira, 3 de maio de 2011

«O "dirigente ideal"», de Ricardo Costa


O Professor Dr. Gustavo Pires sempre nos ensinou que vivemos num mundo e num desporto em permanentes transformações.  Num sistema em que só a mudança é imutável.” Logo, tudo muda... menos a mudança... E maiores poderão ser as alterações quando o trabalho é realizado por uma equipa ou por um grupo e melhores e mais rápidas poderão ser as variações quando a equipa é heterogénea (com diferentes competências e saberes mas ideais e objectivos comuns) mas coesa. Mudanças que possuem velocidades diferentes e graus de complexidade diversos.

Quer seja numa empresa, quer seja numa federação, numa associação ou num clube, o seu líder – normalmente o Presidente da Administração ou o Presidente da Direcção  –  assim como os seus colaboradores directos (administradores ou directores) devem estar na posse de conhecimentos que lhes permitam ler, interpretar e até construir, em equipa, escalas de turbulência, matrizes de decisão estratégica, planos de qualidade e projectos de desenvolvimento estratégicos, assim como conhecer metodologias e estratégias diferenciadas que possibilitem uma evolução do organismo “vivo” que superintendem, tendo em conta as suas características, forma e substância dos conteúdos, principalmente nestes tempos de "crise". 


Quem leu o jornal «Record» de domingo passado, deve ter reparado que Ricardo Costa, abordando a problemática dos dirigentes desportivos, dizia que “os «velhos» não se renovam. E os «novos» personagens que aparecem querem ser «velhos».” O que nos quer fazer crer que as metodologias dos dirigentes que já estão «fora de prazo» permanecem as mesmas há anos (obsoletas, cristalizadas!) e que aqueles que surgem de novo adoptam as mesmas sem procurar revolucionar métodos e estratégias (no sentido de rentabilizar, de produzir, de obter melhores resultados).

E continuando com a sua caracterização, afirmava que «é toda uma casta que – com exceções, é certo – banalizou um certo “dirigente-tipo”, que, anos a fio, foi colocado no pedestal do “dirigente ideal”.

Este dirigente tem diversos graus e patamares, em razão do poder e influência que tem e consegue perpetuar. Aspira a uma rede de domínio fático e ao pacto formal para a negar. Mimetiza-se em “testas-de-ferro” ou em seguidores leais. Não consegue vislumbrar no seu meio exceções: todos devem ser como ele ou eles, não é plausível que se encontrem outros modos de ser e outras concepções éticas. Na dificuldade, fecha-se e reconquista. Na vitória é protuberante e incrementa a acrimónia contra o vencido. Na melhor oportunidade, aproveita para a traição e, com isso, reforça a sua coesão interna. Persegue os opositores – ou, em alternativa, atrai-os –, já que não suporta a pluralidade. Sente-se bem na guerra como na paz e, nesta, quase sempre “berra”. É esperto e felino, logo, foi e é vencedor, cada um à sua escala e medida.

Foi esta a escola de “gestão desportiva” que se seguiu como modelo, remetendo para o “truque” e o “jeitinho”. O que favoreceu essa linhagem de dirigentes, que neutralizaram a “diferença”.» (Ricardo Costa, «O "dirigente ideal”», «Record», 01.05.2001, p. 2).

O que significa que precisamos de dirigentes diferentes, criativos e dinâmicos, inovadores e voluntariosos, visionários e realistas, progressistas e produtivos. Dirigentes sinceros e verdadeiros, ambiciosos mas humildes e transparentes, com valores, com princípios éticos, com carácter moral...

Em suma, novos dirigentes novos...

O que terá isto a ver com o Karaté, perguntarão os leitores? Muito, ou talvez nada, dependendo da perspectiva! Os nossos clubes estão inseridos em associações, que por sua vez se encontram federadas, e cujos praticantes, treinadores, dirigentes e árbitros deveriam obedecer – recorrendo aos nossos amigos do Shotokan – às suas cinco máximas: carácter, sinceridade, esforço, etiqueta e auto-controlo... só isso!!! E só isso para já não falar do Código de Ética do Karaté emanado da Federação Mundial...
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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Colectividade Desportiva - «Levantar o véu: Karaté, nem arte marcial nem desporto de combate... (II)»


Dada a sua importância para uma Sistemática do Karaté, aconselhamos todos os leitores deste blog uma leitura atenta do post «Levantar o véu: Karaté, nem arte marcial nem desporto de combate... (II)» publicado no blog "Colectividade Desportiva".
É so clicar em http://colectividadedesportiva.blogspot.com/ e já lá estão!...

Com textos de Alfredo Silva, Ana Santos, Carla Gil Ribeiro, Fernando Parente, João Almeida, Jorge Olímpio Bento, José Manuel Constantino, José Manuel Meirim, Maria José Carvalho, Miguel Nogueira Leite, Rui Lança, Susana Feitor, Luís Leite e Víctor Martins, «Colectividade Desportiva» é um blog de referência no plano do Desporto, não só a nível do que nele é publicado mas também em relação aos comentários.

domingo, 1 de maio de 2011

Pensar e agir com com os pés...

(Bartoon, de Luís Afonso - fonte: «Público», 01.05.2011, p. 33)

Como diz Daniel Sampaio "aos nossos actuais/futuros dirigentes falta a densidade intelectual, a componente ética e a história da vida que caracterizam os grandes estadistas." ("Notoriedade e mérito", Pública, 01.05.2011, p. 65).
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Daquilo que ainda é tabu no estranho mundo do desporto!


Joanna Maranhão tinha 9 anos em 1996 e já era uma promessa na natação. De uma hora para outra, começou a não querer treinar. Bateu pé, chorou e acabou convencendo a mãe, a médica Teresinha de Albuquerque Maranhão, a mudá-la de clube. Também não quis mais frequentar a casa de seu treinador, Eugênio Miranda. Em 2008 Joanna Maranhão resolveu abrir o livro e afirmar que nessa altura sofria abusos sexuais da parte do seu técnico (consulte-se  on-line a revista VEJA, Edição 2048 de 20.02.2008, em http://veja.abril.com.br/200208/p_110.shtml) .

Só aos 21 anos Joanna resolveu falar, mas embora alguns outros casos sejam conhecidos, muitos outros continuarão na sombra.

Na mesma revista podemos verificar que «a bielo-russa Olga Korbut, uma das maiores ginastas de todos os tempos, cuja marca registrada era o par de maria-chiquinha no cabelo, chocou o mundo em 1999 ao revelar, mais de duas décadas depois de seu auge, que ela e suas companheiras de esporte sofriam abusos frequentes dos treinadores soviéticos nos anos 1970. Renald Knysh, seu técnico desde os 8 anos, seria o mais atroz deles. "Muitas ginastas não eram apenas ‘máquinas esportivas’, mas também escravas sexuais dos treinadores", disse. Outro caso de repercussão ocorreu em 2004, quando o australiano Gavin Hopper, que foi técnico da tenista Monica Seles, foi preso sob acusação de ter abusado de uma aluna nos anos 1980. Em 1995, Paul Hickson, técnico da equipe de natação britânica na Olimpíada de Seul, foi condenado a dezessete anos de prisão por ter abusado sexualmente de meninas que frequentaram suas aulas, em diferentes escolas.»

Catherine Moyon de Baecque foi abusada sexualmente pelos seus colegas masculinos da equipa de França durante um estágio organizado pela federação de atletismo em 1991, o que é descrito pela própria em “La Medaille et son Revers”, Paris, Albin Michel, 1997.

Sexta-feira, o jornal «Record», na última página, trazia-nos o caso de Patrik Sjoeberg, antigo campeão do Mundo de salto em altura em 1987 e vice-campeão Olímpico de 1984 e 1992, que revelou que durante quatro anos foi molestado sexualmente pelo seu treinador Viljo Nousiainen (entretanto falecido em 1999). Aos 46 anos de idade Sjoeberg resolveu escrever um livro porque tinha sido uma vítima e "gostava de ter tido coragem de o ter dito quando Viljo ainda era vivo", afirmou o sueco de 46 anos em declarações ao jornal "Dagens Nyheter". "O que Viljo fez, a mim e a outros miúdos, é a razão principal que me levou a escrever este livro. O meu objetivo não é difamar alguém que até já está morto e sim a necessidade de contar a história." Sjoeberg contou ainda que foi mais fácil tomar a decisão depois dos também antigos saltadores em altura Christian Skaar Thomassen e Yannick Tregaro terem revelado que igualmente tinham sido abusados sexualmente pelo treinador quando tinham 12 ou 13 anos.

Coisas que ainda são tabu no estranho mundo do desporto...
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Porque Hoje é dia da Mãe, porque Hoje é dia do Trabalhador!



Todos somos trabalhadores... embora haja os trabalhadores e os que trabalham! Todos somos trabalhadores... embora haja os que se sirvam do trabalho dos outros e os que produzam!


Mas nem todos somos MÃES!


Mas há uma MÃE em casa da minha Mãe e há uma MÃE em minha casa... Um grande obrigado a ambas! E muita saúde e  amor para quem criou o pai dos meus filhos e também muito amor para quem me ajuda a criar os mesmos!


E um obrigado a todas as MÃES deste mundo pelos filhos que deixam ao mesmo.


E para comemorar este dia, aqui deixo Fernando Pessoa:


Entre o sossego e o arvoredo,
Entre a clareira e a solidão,
Meu devaneio passa a medo
Levando-me a alma pela mão.
É tarde já, e ainda é cedo.
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