sábado, 25 de junho de 2011

Um caso de Justiça!


Há três pessoas detidas há mais de dois dias e que devem ser hoje presentes a um juiz de instrução por causa de fraude nos exames finais do Secundário em França. Foi descoberta uma fuga de informação sobre a prova de Matemática, a que se submeteram perto de 165 mil jovens, e de imediato o respectivo ministro da Educação apresentou queixa na Justiça. Ao mesmo tempo, anulava a classificação do problema que valia quatro valores em 20 do total do exame.” Isto diz-nos na edição de hoje o redactor principal do «Correio da Manhã», João Vaz, na página 2.

Compare-se o tipo de medidas usados em França – alunos do secundário – com o recente caso de futuros magistrados passado em Portugal. Numa primeira fase o Centro de Estudos Judiciários decide atribuir nota 10 a todos os alunos. A seguir, o Conselho Pedagógico do CEJ resolve anular o exame de Investigação Criminal e Gestão de Inquérito e e repetir o mesmo. Depois assistimos à demissão da Directora do CEJ...

Algumas observações:

1º - quem copiou vai ser futuro magistrado – logo, mande-se a ética e a moral à fava, às urtigas...

2º - as sucessivas "punições" aplicadas aos futuros magistrados são uma farsa – copie-se, se se for “apanhado” o teste é repetido...

2º - se ouve copianço, há os que copiaram, os que não copiaram e os que deixaram copiar... e meta-se tudo no mesmo saco! Apure-se quem teve responsabilidades (copiando e deixando copiar) e puna-se – como em França! Ou será que "futuro magistrado" em Portugal é menos que "aluno do secundário" em França?

3º - como provavelmente ficaremos só por uma demissão, no futuro, futuro magistrado que copie sem ser “apanhado” está a cometer uma fraude, que é crime, mas que compensa...

Um caso de justiça! Ou não?...

2 comentários:

  1. A mediocridade do "português médio" mede-se por estas espertezas saloias.

    O aspecto para mim mais grave não foi a infantilidade de alguns dos 137 futuros magistrados. Aliás, eles só devem estar verdadeiramente incomodados porque o povo a quem eles irão futuramente servir ficou a conhecer esta 'jurídica' prática ou habilidade.

    O mais grave dizia, foi a ilustre juíza desembargadora e directora do (CEJ) Cento de Estudos Judiciários ter proposto a passagem para todos com 10.
    Não considerou importante e necessário conhecer realmente o se passou e punir quem infringiu as normais gerais (de bom senso) exigíveis a qualquer estudante do ensino básico - não copiar e depois de o fazer ser censurado à frente dos seus colegas e pais e ver a prova anulada.
    E, para terminar, precisou de saber que o Conselho Pedagógico a iria desautorizar para se afastar deste importante cargo.

    A minha tristeza, neste momento, é ficar a saber que a Dra Ana Luísa Geraldes vai voltar a exercer a magistratura quando tem da justiça e da formação dos magistrados que a vão executar a opinião de que um licenciado em direito adulto que copia descaradamente em provas de exame tem condições de seriedade e idoneidade e, mesmo competência, para não ser afastado de imediato do curso. Antes, deve ser premiado com a passagem.

    É caso para dizer mais do que "ferreiros em espeto de pau" que "o crime compensa". Iria, de facto, compensar se não fosse do conhecimento público.

    Muito interessante, justa e oportuna a associação que o Armando faz do copianço dos adultos juristas às crianças estudantes francesas, e, em especial, ao comportamento diferente das autoridades competentes.

    Um abraço.

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  2. De autor devidamente identificado, recebi por e-mail o seguinte comentário:

    "A justiça existirá apenas onde aqueles não afectados pela injustiça se encherem da mesma indignação que os ofendidos."

    Platão, 428/427 – 348/347 a.C.

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