Aqui há tempos, no blog «Colectividade Desportiva», deixei um comentário que terminava com a seguinte parágrafo: “O que vamos nós fazer? Por mim vou continuar a ensinar e treinar crianças e jovens todos os dias da semana sem estar preocupado com medalhas. Só porque a criança, o jovem e o Homem estão primeiro que o desportista ou o competidor.”
Logo um anónimo, daqueles que não dão a cara, comentou a seguir: “A sua ideia de "continuar a ensinar e treinar crianças todos os dias da semana sem estar preocupado com medalhas" é uma ideia banal, é o que todos os professores fazem, sem que o país evolua, tanto no Desporto como em qualquer outra área...
A sua ideia de que "a criança, o jovem e o Homem estão primeiro que o desportista ou o competidor" também é uma ideia banal, pouco exigente; e não há contradição na eventualidade de se conseguir tudo, incentivando os melhores a progredirem...”
Hoje chamo a atenção para a crónica de Tomaz Morais publicada em «A Bola» ontem (25.11.2011) na página 38 e que a seguir respeitosamente transcrevo:
"Não ganha quem quer…
A tendência para reproduzir os seniores no desporto continua a ser um tema muito discutido entre técnicos e dirigentes. O mais fácil é a aplicação dos princípios, filosofias e metodologias que os mais velhos empregam, mas a vivência desportiva dos mais jovens é antagónica no processo e aplicação de sistemas de treino e competição. É indispensável que todos os que optam por investir o seu tempo no ensino e treino de crianças e jovens sintam que estão inseridos numa fase de preparação fundamental, cujas necessidades se apoiam no desenvolvimento de capacidades motoras, cognitivas e afectivas básicas. Nos seniores a preparação é orientada quase exclusivamente, para a optimização e maximização da performance dessas e outras capacidades. Não é difícil preparar um treino cheio de materiais e exercícios inovadores, que enchem o olho, mas podem ser vazios de conteúdo e significado. Na preparação de um treino para os mais novos deve ser considerado acima de tudo a integração de componentes que visem a exploração de cada um como um ser individual, com necessidades específicas e níveis de maturação distintos. As sugestões de grande simplicidade, mas com riqueza pedagógica, implicam um envolvimento construtivo do treinador para que os jovens se entreguem com entusiasmo e empenho na execução. Aprender bem os gestos técnicos mais elementares nestas idades significa muito em termos futuros. Fidelizar o jovem à modalidade e proporcionar-lhes riqueza técnica torna-o capaz de, mais tarde, responder às necessidades tácticas. Um dos segredos dos treinadores dos escalões de formação é a capacidade de criar formas jogadas e exercícios que cativem e concentrem os jovens na tarefa. Desta forma sentir-se-ão bem na modalidade e jamais deixarão de comparecer aos treinos. A retenção dos mais novos, fidelizando-os ao desporto, deve ser baseada numa integração constante para garantir uma capacitação e desenvolvimento em todas as áreas. Formar primeiro para ganhar depois é a pedagogia apropriada, infelizmente nem sempre aplicada. Não ganha quem quer, mas quem se prepara para ganhar!"
Provavelmente uma segunda leitura seria aconselhével para melhor assimilação!
Nem sempre concordo com o que Tomaz Morais escreve, e sou ninguém ao pé dele. Desta vez congratulo-o!
Mas seria bom que os Treinadores de Karaté percebessem e praticassem aquilo que ele aqui deixou escrito...
Seria???
...
Amigo Armando, são estes "comentadores anónimos" aqueles que nós vemos constantemente a exibir troféus e que participam em tudo o que é competição, criando nos seus alunos a ideia falsa de que o karaté é aquilo. Este é um assunto já batido mas não posso deixar de comentar a observação que relaciona a competição com evolução, o que discordo. Karate já era karate antes de ser desporto.
ResponderEliminarUm abraço
Caro José Ramalho:
ResponderEliminarCom o devido respeito, não vejo no texto onde se relacione competição com evolução...
Mas nos tempos das artes marciais o mawashi geri não existia. A principal defesa era o "barai" varrendo a todos os níveis - só depois apareceu age-uke e soto-uke.
Mesmo para quem não faz competição, esta lança pistas para o treino normal e faz evoluir o karaté!
Se karaté já era karaté antes de ser desporto, vamos continuar com o treino militarista ou evoluímos? É que o texto de Tomaz Morais é sobre pedagogia...
Um abraço
JANeves
Recebido por e-mail, de autor identificado, o que agradeço:
ResponderEliminar"Só tem um probleminha...
Mesmo para se ensinar e formar de forma sólida a juventude e proporcionar-lhes um futuro promissor, é necessário "estudar" métodos para este fim...
E lá estamos nós "a bater no ceguinho"! (^_^)
Para que o artigo fosse realmente válido, deveria - antes de pensar nos jovens - pensar naqueles que os formam.
Porque enquanto a mentalidade da preguiça não mudar nos nossos formadores , por muito que se diga, por muito que se aponte o rumo a seguir, poucos (ou nenhum) hão-de achar que o artigo está correto... Infelizmente.
Joseverson Goulart"
Enviado através de e-mail, por autor identificado, com os meus agradecimentos:
ResponderEliminar"Viva Armando,
- Comentário do ANÓNIMO (blog “colectividade desportiva”): O Anónimo não será banal ou ignorante?
- Quem afirma que o Karate é Japonês (de origem nipónica), também demonstra ignorância.
Abraço.
Regino Ramos."