O título é enganador. Até os menos céticos sabem que uma das instituições associativas privadas mais poderosas no mundo jamais virá abaixo por padecer de uma doença denominada corrupção. Esta tem vindo a denegrir e manchar, contínua e sigilosamente, o nome e a instituição em si desde há muitas décadas mas atingiu o seu auge a meio dos anos 90 e em meados da década de 2000.
Nomes como João Havelange (ex-Presidente da FIFA), Ricardo Teixeira (ex-Presidente da CBF e ex-membro do Comité Executivo da FIFA), Jack Warner (ex-vice Presidente da FIFA e ex-Presidente da CONCACAF), Bin Hammam (ex-Presidente da AFC e ex-membro do Comité Executivo da FIFA) têm vindo a ser arrastados na lama. Já Sepp Blatter, actual Presidente do organismo máximo do futebol mundial, luta todos os dias contra acusações provenientes de todo o lado, aumentando os seus telhados de vidro.
Ficou recentemente provado pelo Ministério Público Suíço que os dois primeiros, curiosamente ex-sogro e ex-genro respectivamente, receberam mais de 41 milhões de dólares em subornos relacionados com a atribuição dos direitos de imagem e marketing dos Mundiais FIFA. Por outro lado, para além de Warner ter lucrado balúrdios com a venda de bilhetes para os Mundiais FIFA no mercado negro, este e o seu ex-amigo Bin Hammam foram figuras de respeito na movimentação obscura que sempre ocorre nos bastidores que antecedem a decisão final sobre a candidatura vencedora da organização de um mundial de futebol.
Hammam chegou mesmo a perfilar-se como um sério candidato a bater Blatter nas últimas presidenciais. A única entrave foi uma denúncia feita à FIFA a indicar que o qatari tinha comprado votos a seu favor lá para os lados de Trinidad e Tobago onde quem mandava era, precisamente, Jack Warner. Resultado: Hammam retirou a candidatura, foi banido para sempre da FIFA mas ganhou na semana passada o recurso que interpôs para o Tribunal Arbitral do Desporto, não tendo ficado provada a sua ligação a tais pagamentos mas, antes e apenas, a Jack Warner.
Agora, para nos ir entretendo como se de uma verdadeira novela se tratasse, temos apenas os telhados de vidro de Sepp Blatter: entre outros, regozijo-me com a transferência erroneamente efetuada por uma empresa suíça corrupta já falida (ISL), no valor de 1 milhão de dólares em Março de 1997, para a conta bancária da FIFA que Blatter fez questão de reencaminhar, acertadamente, para a conta pessoal de Havelange. Mas, para mim, o mais recente Comité de Ética da FIFA criado por Blatter e a imposição de um novo Código de Ética são a cereja no topo do bolo. Se o futebol fosse uma indústria séria e credível, os seus administradores não eram mais ricos que muitos clubes que lutam pela sua própria sobrevivência...
Transcrito com a autorização do autor, João Diogo Manteigas, publicado no Expresso de hoje (aqui).
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Caro Armando,
ResponderEliminarno mundo da FIFA, no mundo do futebol, já nada nos surpreende, já nei sei se a corrupção e compadrio fazem parte das regras. Um amigo meu brincalhão dizia-me Há dias," é pá , se calhar no futebol de hoje , até a bola é falsa, com algumas equipas rola de modo diferente. " Ripostei que o problema não estava na bola, mas sim como todos sabemos nas bolas ( maços ) que circulam por fora. Há dirigentes que entram pobrezinhos para a modalidade , saem de lá, empresários com chorudas contas , será coincidência: tanta herança, enquanto desempenham o cargo, ou andam a tirar os cursos de gestão financeira na Lusófona ?
A ética deste senhores é o nosso nojo.
Grande abraço,
Luís Sérgio
E pronto, Dr. Armando!!! Penso que está tudo dito no comentário anterior, do Sr. Luís Sérgio!
ResponderEliminarUm abraço.
HRamos