Quer seja a época em que se comemora a ressurreição de Cristo segundo uns, quer seja a altura em que se relembra o momento em que o seu cadáver foi roubado do sepulcro para ser enterrado no deserto em local desconhecido segundo outros, este período convida a uma reflexão histórica sobre o confronto, o conflito e a oposição de ideias, mas também sobre a cooperação, a solidariedade e o respeito – afinal, elementos todos eles presentes no desporto, donde o seu carácter bivalente. Segunda-feira teremos a oportunidade de reflectirmos sobre a nossa condição de liberdade, pois como dizia Sarte, «estamos condenados a ser livres»...
Cai esta refelexão sobre uma modalidade – o rugby – e a sua projecção nos últimos tempos. Três factos pertinentes: o primeiro referente à entrada desta modalidade nos J. O. em detrimento do Karaté; o segundo em relação ao seleccionador nacional Tomaz Morais que há tempos atrás revolucionou os treinos da selecção – como exemplo recordo-me que pôs os seus atletas a treinarem com os fuzileiros navais; e o terceiro com o que aconteceu no passado fim-de-semana com esta modalidade em Lisboa e em Braga.
No que diz respeito a este último, Tomaz Morais, em «A Bola» de hoje, na página 42, diz que “...é um marco!”
E é ele próprio que afirma que “quem passou no último fim-de-semana pelo Jamor para assistir ou participar no incomparável Youth Festival, ou por Braga, para ver eventos de carácter internacional, ficou com a clara ideia de que o rugby é, acima de tudo, um jogo de valores que nos ensina a viver... Com regras adaptadas ao escalão etário em causa e uma progressão pedagógica na introdução do contacto físico, o rugby torna-se tão seguro como qualquer outra modalidade que permita o contacto entre os praticantes.” Poderemos dizer o mesmo do Karaté? Um jogo de valores que nos ensina a viver (sim, mas muitas palavras e poucos actos!)? Regras adaptadas aos escalões etários mais baixos (não, modelos competitivos dos infantis, iniciados e juvenis semelhantes aos dos adultos!)? Segurança e integridade física no contacto corporal (só se não houver contacto...)? Sidónio Serpa dizia há uma semana atrás no mesmo diário, em «Desportivismo e violência», que os “portugueses são empenhados na conversa mas pouco dados à acção concreta.”
E Tomaz Morais continua afirmando que “ganhar significa aplicar tudo o que foi ensinado e treinado nos momentos vividos em equipa na perspectiva de que se utilizarmos correctamente os gestos técnicos e formos tacticamente superiores poderemos vencer....” não só no desporto, mas em todos os aspectos da vida, atrever-me-ia a acrescentar...
Relevante o parágrafo em que nos diz que “a ética, o espírito de equipa, a aplicação prática de valores comportamentais como o respeito, a partilha, a procura do conhecimento entre muitos outros são o elo de ligação entre jogadores, pais, amigos e mesmo os mais curiosos que se chegam à modalidade na busca de algo fora do comum.” O elo de ligação entre... aqui está um aspecto fundamental quando muitas vezes, como dizem os orientais, «enquanto uns constroem muros outros procuram construir pontes!»
Parafraseando Manuel Patrício (1993, “Lições de Axiologia Educacional”, Lisboa, Universidade Aberta), este afirma que o estudo dos valores a que deve proceder o professor (treinador) não pode limitar-se à dimensão teórica dos problemas. E acrescenta às grandes competências que deve possuir o professor (treinador), «saber», «saber-fazer» e «saber-ser», uma outra que considera essencial: «saber-fazer-ser», salientando que “compete ao professor (e logicamente ao treinador! - n. a.), com efeito, a difícil e grave tarefa de fazer-ser. Não um fazer-ser técnico; mas um fazer-ser ético. Ele não faz-ser «coisas»; ele faz-ser «pessoas».”
Tem-se provado que o treindor português de sucesso é aquele que tem sabido conduzir homens... Moniz Pereira, José Mourinho, Tomaz Morais, Mário Palma, António Livramento (e por que não Carlos Queiroz e José Torres?)... E para não esquecer as treinadoras, realço os nomes de Sameiro Araújo (que dispensa apresentações), Helena Costa (seleccionadora feminina de futebol no Qatar desde Abril de 2010) e Liliana Gomes, a primeira treinadora de hóquei patins desde 2005.
... provar-se-á que o dirigente português de sucesso também será aquele que igualmente souber conduzir homens!
... provar-se-á que o dirigente português de sucesso também será aquele que igualmente souber conduzir homens!
Durante dois dias passaram pelo Jamor mais ou menos 1 800 jovens de vários países para praticar râguebi.
ResponderEliminarEm Portugal há cerca de 5 500 federados a partir dos 7 anos e mais de 25 mil jovens praticam râguebi no Desporto Escolar.
O Karaté (ou antes, a FNK-P)tem um protocolo com o Desporto Escolar... às moscas!
Mas vamos comemorar o aniversário da Federação (o 19º) colocando posters em toténs no Parque Eduardo VII... Qual a empresa que vai confeccionar esses posters? Quanto se vai investir nesta iniciativa? Que visibilidade terá o evento? Que benefícios trará para a modalidade?
A Federação Portuguesa de Râguebi deve ter uma máquina bem montada: um Dept.º de relações públicas, um Dept.º de marketing, um Dept.º de merchandising, um Dept.º de Informação - reparem que não são a mesma coisa.
ResponderEliminarPor que digo isto?
1 - Revista Pública, 24.04.11, suplemento do jornal «Público» - 3 páginas.
2 - Revista Tabu, n.º 242, 21.04.11, distribuida
com o jornal «Sol» - 3 páginas
AÍ TEMOS MAIS UM EXEMPLO DE COMO SE DIVULGA UMA MODALIDADE JUNTO DE PRATICANTES, PAIS E PÚBLICO EM GERAL...
POR QUE É QUE NO KARATÉ NÃO É ASSIM?