Austeridade… esperança… as palavras mais utilizadas no ano anterior!
Quando se acaba um ano e outro começa, é natural que transpareçam tendências otimistas… tendências pessimistas… e tendências realistas…
Quando se fala em dificuldades económicas, em crise, em sacrifícios, em solidariedade… o mesmo acontece…
Se refletirmos sobre o «talento especial» de que nos falava Tomaz Morais (1) ao terminar o passado ano observamos que na sua opinião “2011 foi um ano de formação e competição nas mais diferentes modalidades, começando o desporto a despertar cada vez mais interesse à sociedade portuguesa. (…) Mesmo em tempos difíceis, assistir a uma maior procura e respeito pelos benefícios transmitidos pelo desporto e actividades físicas são vitórias salutares que esperemos que sejam reforçados em 2012.” Para além de descortinarmos aqui um certo otimismo, verificamos também uma grande generalização pois as “diferentes modalidades” são modalidades diferentes. De certo que não se aplicará esta análise ao Karaté, nem no campo da formação nem no campo da competição, mormente da internacional (recordam-se do mundial da Malásia?)…
Martins de Sá (2) mostra-nos o pessimismo em relação ao futebol profissional quando faz soar o seu «alarme»: “haverá pelo menos 200 jogos sob suspeita de manipulação, incluindo da Liga dos Campeões, disputados em países como a Alemanha, França, Suiça, Hungria, Bósnia, Eslovénia, Croácia e, obviamente, Itália (…).” Ou talvez não seja pessimismo mas descrença… Descrença que também começamos a encontrar entre muitos praticantes e treinadores de Karaté (recordam-se do anúncio das classificações dos cursos de treinadores para a primeira semana de Janeiro?).
Se nos debruçarmos sobre o «desporto juvenil» (3), abordado por Sidónio Serpa, damos conta que “a prática desportiva mais consequente na evolução dos jovens tem tido lugar nos clubes.” Atrevemo-nos a acrescentar também tem tido lugar naquilo a que se chama ginásios, academias ou health clubs - no nosso caso, nos dojo. Se nos primeiros a actividade é quase gratuita, o mesmo não acontece nos últimos. São pois as famílias que em qualquer caso acabam por financiar as actividades desportivas de crianças e jovens. Lê-se na mesma crónica que “os constrangimentos financeiros em Portugal levarão à redefinição de prioridades nos gastos familiares e a economias no que se refere às actividades desportivas. Por outro lado as entidades oficiais cujos subsídios aos pequenos clubes têm um peso significativo nos orçamentos, tenderão a reduzi-los ou a cancelá-los, o mesmo acontecendo com os patrocínios comerciais.”
Diz-nos ainda Sidónio Serpa, numa posição mais realista, que perante este panorama, “a saída para a promoção da prática desportiva em que os jovens se sintam motivados e com objectivos está agora mais do que nunca na escola e no desporto escolar (…).” Será então a altura propícia para federações e desporto escolar porem a funcionar protocolos há muito assinados… e há um entre a FNK-P e o Ministério da Educação… recordam-se?
Mas enquanto muitos andam preocupados com quantas medalhas traremos de Londres ou com quem irá lá fora, Sidónio Serpa termina a sua crónica afirmando que “nestas circunstâncias não é a quebra de qualidade do desporto de alto rendimento e a representatividade nacional que me preocupa. É o adequado desenvolvimento dos jovens e a promoção da sua saúde.”
Será, ou não, com isso que nos deveremos preocupar?
Nota: O desporto continua a fazer os seus mortos… Rogério Alves, jogador de 36 anos da equipa de futsal do Condestável Atlético Clube, faleceu no último sábado após o jogo da sua equipa contra o Alvorninha, num jogo da 2ª divisão distrital de Leiria. Logo a seguir, no domingo de manhã, em Staffordshire, Liam Wood - com apenas 13 anos - faleceu no hospital após uma convulsão aquando festejava o quinto golo da sua equipa, o AFC Saints, no jogo contra o Stafford Falcons.
(1) Tomaz Morais, A Bola, 23.12.2011, p. 33.
(2) Martins de Sá, A Bola, 03.01.2014, p. 29.
(3) Sidónio Serpa, A Bola, 03.01.2014, p. 33.
(2) Martins de Sá, A Bola, 03.01.2014, p. 29.
(3) Sidónio Serpa, A Bola, 03.01.2014, p. 33.
アルマンド イノセンテス
Caro Armando!
ResponderEliminarMais uma conjunto interessante de ideias. Por mim, em tempos de crise e não só, identifico-me com Sidónio Serpa: preocupa-me "o adequado desenvolvimento dos jovens e a promoção da sua saúde". E não deveria ser esta uma consigna nacional?
Grande abraço,
Luís Sérgio
Falar de râguebi não é o mesmo que falar de karaté. Deve falar quem sabe do que sabe.
ResponderEliminarA corrupção ainda há-de chegar aos torneios de karaté em que o 1º lugar não tem taça mas tem cheque.
Mas o karaté preocupa-se com o desenvolvimento e a saúde dos atletas? Quantos andam aí a dizer ai! ai! por causa do que os obrigaram a fazer nos treinos? E o Michel Millon não faleceu de morte súbita?
Abraço
PC Correia