segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"O Juiz Garzón" - uma crónica da Prof.ª Dr.ª Fernanda Palma


Com a devida vénia transcrevemos alguns excertos da opinião da Prof.ª Dr.ª Fernanda Palma intitulada "O Juiz Garzón" e publicada a 19 do corrente no jornal «Correio da Manhã», na página 14, e também na sua edição on-line (
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/o-juiz-garzon).
"Baltasar Garzón foi condenado a onze anos de inabilitação por decisão unânime dos sete juízes que compõem a ‘Sala Penal’ do Supremo Tribunal espanhol (...).
O juiz Garzón foi um inventor de ideias e práticas judiciárias, levando o Direito para áreas que não lhe estão subtraídas, mas em que habitualmente se não arrisca a penetrar. Revelou-se um homem corajoso e criativo, demonstrando que o julgamento da História pode recorrer às armas do Direito e que este é um projeto superior de realização da Justiça.
(...)
Nem sempre Garzón foi apoiado pelas melhores razões. Hoje, os seus inimigos políticos atacam-no em nome da Justiça, enquanto alguns juízes apagados violam quotidianamente a lei, não só por ignorância mas também confundirem a sua visão do mundo com o Direito. A pena de inabilitação não é aplicada com frequência, mas Garzón paga pelo mediatismo.
Resta saber se esta severa punição pertence ao Direito ou à Política. Garzón abriu uma Caixa de Pandora que acabou por o vitimar. Porém, com o seu caso, a credibilidade do Direito fica ferida de morte, porque a sua razão está contaminada por interesses que lhe são estranhos – tanto nas decisões do juiz inibido do cargo como na sentença dos que o condenaram."


E será sempre assim... restará sempre saber algo e o justo acabará sempre por ser penalizado... mas mais uma vez, como escreveu Álvaro de Campos in «Pecado Original», "Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido?"...   


  アルマンド  イノセンテス

1 comentário:

  1. Nem sei como não lhe deram um tiro antes...

    Mas como mexeu em tanta porcaria, teria de haver uma maneira de lhe poderem chegar. Finalmente descobriram, mesmo que continuem alguns juízes apagados a violar quotidianamente a lei, como diz a autora.

    Mas isto parece ser norma e até tradição entre nós. Quem denuncia e quem procura a justiça (a justiça justa, que por vezes não é a justiça legal) acaba sempre como o mexilhão.

    Grande abraço!
    Pedro Correia

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