Uma cobra tinha decidido começar a treinar karaté. Assim, lá na selva, inscreveu-se num health club e durante anos praticou arduamente debaixo da orientação do seu mestre, um macaco muito conhecedor e sabedor desta arte, alto dan e expert em karaté há muitos anos.
Finalmente alcançou a sua faixa preta - tinha obtido o seu shodan. Resolveu então frequentar um curso de treinadores na federação de karaté lá dos animais, foi aprovada e acabou por abrir o seu próprio dojo. E para que tudo corresse bem, outro remédio não tinha senão que obedecer a todas as diretrizes… Os alunos lá se iam inscrevendo e praticando sob a orientação da cobra faixa negra.
Certo dia, ao regressar após um treino a casa, depara-se com um elefante, que por sinal era a primeira vez que via uma cobra. Muito intrigado, este pergunta:
- Que espécie de bicho és tu, e para que serve esse um fato branco com uma faixa preta que aí levas dobrado?
- Sou uma cobra e sou treinadora de karaté - respondeu-lhe a cobra com certo orgulho.
- Que espécie de bicho és tu, e para que serve esse um fato branco com uma faixa preta que aí levas dobrado?
- Sou uma cobra e sou treinadora de karaté - respondeu-lhe a cobra com certo orgulho.
(David Hughes e Bruce Coleman in E. Ayensu e P. Whitfield, 1983, "Os ritmos da vida", Lisboa, Círculo de Leitores)
- Como é que fazes para te deslocar? Não tens patas!...
- É muito simples - responde a cobra - rastejo, o que me permite avançar e recuar, atacar e defender - disse gabando-se.
- Ah... E como é que fazes para te reproduzires? Não tens tomates!...
- É muito simples - responde a cobra recorrendo à paciência que os muitos anos de treino lhe haviam dado - ponho ovos.
- Ah... E como é que fazes para comer? Não tens mãos nem tromba para levar a comida à boca!...
- Não preciso! Abro a boca assim, bem aberta, e com a minha enorme garganta engulo a minha presa diretamente - responde a cobra com uma exemplificação típica de quem é treinadora.
- Ah... Ok! Ok! Parece que conheço outros treinadores de karaté iguais a ti que há por aí!... Resumindo.... rastejas, não tens tomates e só tens garganta... e ainda por cima consegues gabar-te de ser treinadora de karaté !!!
アルマンド イノセンテス
Nota: neste conto não foi adotada a transcrição fonética dos termos japoneses.
Os meus agradecimentos a Hélio Ramos que possibilitou esta adaptação.
Os meus agradecimentos a Hélio Ramos que possibilitou esta adaptação.
Inocentes Sensei.
ResponderEliminarQuando li "A cobra faixa negra", ri até me fartar!
"Olha! Outro bicho!" (^_^) pensei.
A nível de contos sobre as Vias Marciais, a ideia de criar um "Zoo" não é nada má!
Além disso, a "Nota" colocada no final do conto foi colocada de forma exemplar!
Excelente!
Como no caso do "burro faixa preta", algumas pessoas vão ficar muito ofendidas ao ler o seu conto... mas nada podemos fazer se a carapuça servir.
Sensei Armando Inocentes!
ResponderEliminarO senhor já conhece dois animais de faixa negra: um burro e uma cobra. Mas se continuar a investigar garanto-lhe que vai encontrar muitos mais!!! E até encontrará também alguns Dirigentes faixas negras de estupidez!!! Investigue e verá que tenho razão! LOL.
Um abraço.
HRamos
Só faltou dizer que a "cobra faixa negra" tinha 2 metros de comprimento - 1,5m dos quais eram, de facto, a garganta! Se a carapuça serve? Uihhh, há-de servir a muita gente, mas que não virá aqui manifestar-se (uma não tem cura, pois se sempre rastejaram, para se levantarem... e a outra, se nunca tiveram, também já não vai nascer...)! Bjinhos ;)
ResponderEliminarBoa tarde, Inocentes-sensei!
ResponderEliminarAdorei o conto!
Conheço muitos assim por aqui.
Um abraço,
Denis.
Caro Dr. Armando:
ResponderEliminarA rastejar, sem tomates e com garganta há "cobras" em todas as profissões. Pena que existam no karaté!
Cumprimentos
JA Neves
Enquanto houver "cobras" a rastejar, com garganta mas sem tomates nada disto mudará. Como disse outra comentadora acima, uns não se conseguirão nunca levantar, a outros o que não têm já não lhes nascerá. Para que lhes serve a garganta?
ResponderEliminarOs rastejantes nunca serão quadrúpedes - veja-se a argúcia do elefante - e os quadrúpedes nunca conseguirão alcançar o bipedismo - veja-se Todo o Mundo e Ninguém.
Um abraço.
A cobra, pelo menos, poupa dinheiro na coquilha. Para a garganta tenha aqui na farmácia umas pastilhas muito boas, embora a alguns recomende mais supositórios - acabava-se-lhes a garganta de vez.
ResponderEliminarBelá fábula amigo Armando... Quem conta um conto...
Pois, já vi o burro faixa preta, a cobra shodan, e vou vendo alguns camelos armados em treinadores ou dirigentes por aí...
ResponderEliminarÉ isso mesmo, estamos entregues à bicharada!
Abraço grande.
Caro Dr. Armando:
ResponderEliminarSó é de lamentar que os que rastejam, os que não possuem tomates, os que só têm garganta e se gabam de ser treinadores de karaté não se revejam neste conto.
Não se trata de criticar, trata-se de assumir posições livres e independentes. Trata-se de assumir...
Repare só nas pessoas que tiveram coragem para deixar aqui um comentário... No entanto quantos o leram?
Um abraço
JA Neves
Caríssimos(as) amigos(as):
ResponderEliminarObrigado pelos vossos comentários aos meus fracos dotes literários...
Sá para satisfazer a curiosidade do José Augusto, até agora este conto foi visionado por 71 visitantes.
Um grande abraço para todos(as)!!!
De um outro amigo, devidamente identificado, via e-mail, recebi o seguinte comentário que agradeço igualmente:
ResponderEliminar"Sempre em grande,
abraço
RC"
Do mesmo amigo, recebi na volta o seguinte comentário, por e-mail:
ResponderEliminar"Agradecimentos, então porquê?
Fazes um trabalho excelente na divulgação de noticias, pesquisas e até no "diz-que disse" é bem feito e original sem sequer roçar a "cuscovelhice" ou intrigas.
Grande abraço e caro Armando precisávamos de mais 10 como tu para levar isto a bom porto.
Abraço
RC"
Caro Armando !
ResponderEliminarAndei uns dias afastado da blogosfera e só hoje li com atenção o blogue, esta da "cobra treinadora de karaté " foi um verdadeiro tiro na mouche. É verdade que as cobras ,infelizmente, estão por todo o lado, em todos os sectores da sociedade, mas era suposto que atendendo aos valores que apregoam estivessem em menor quantidade no karaté, mas, pelos vistos, só era suposto, porque actualizando o tempo verbal verificamos que estão em número elevado e duram, subsistem, até parece que têm 14 vidas, são muito superiores aos gatos, estas mordem pela calada, muitas vezes, rastejam sem serem vistas e com o seu rastejar sensual, encantam e seduzem as vítimas que são estropiadas sem se darem conta. É tudo uma questão de oportunidade dizem...
Grande abraço,
Luís Sérgio
Sensei Armando,
ResponderEliminarO senhor está falando de tudo o que um faixa preta da filosofia marcial como um todo (não só o Karatê) não precisa e nem pode ter se este vai ensinar e dar exemplos aos seus próprios alunos não é mesmo?! Gostaria que me ensinasse um pouco mais sobre o orgulho e a vaidade neste Caminho que seguimos! Obrigada pelos ensinamentos!
OSS...!