Faleceu hoje João Aguiar. Vítima de cancro...
Pouco dirá este nome aos praticantes de Karaté, pois era jornalista e escritor. Em 1985 publicou o seu primeiro livro "A Voz dos Deuses - memórias de um companheiro de armas de Viriato". Mas em 1985 eu fazia competição e uma frase desse livro sempre me ficou na memória - ainda a semana passada a citei por duas vezes aos meus alunos durante os treinos.
Num confronto (este sim, marcial, de espada contra espada) entre um centurião romano e esse companheiro de armas de Viriato, um lusitano, este conta: "o ódio e a sede de vingança roubavam-me a lucidez e faziam-me cometer erros. De súbito ouvi uma voz precisa e clara dentro da minha cabeça... «Menos ardor e mais estratégia!», a voz de Beduno, a frase que ele sempre me lançava durante os treinos."
Foi precisamente esse «menos ardor e mais estratégia» que a partir do momento em que eu li o livro de João Aguiar começaram a nortear a minha actuação em Kumite...
Mais recentemente, em 2008, numa das suas crónicas mensais de uma conhecida revista aprendi com este autor que "onde entram as questões de lucro, saem a moral e os princípios, voando pela janela como andorinhas assustadas."
Afinal, João Aguiar sempre tinha algo a ver com o Karaté. Escreveu ainda, entre outros, "O Trono do Altíssimo", "A Hora de Sertório", "Uma Deusa na Bruma" e "Lapedo - Uma Criança no Vale.
Jão Aguiar não poderia passar sem esta singela homenagem de um seu leitor... Obrigado pela oportunidade de ter consigo aprendido algo!
Caro Armando !
ResponderEliminarA morte de um escritor de que gostamos é sempre uma perda irreparável, mais grave ainda se de alguma forma nos inspirou. Tal como tu recebi com grande tristeza esta notícia, nem sequer sabia que estava doente. De qualquer modo, um escritor nunca morre, ficará para sempre na nossa memória e na memória cultural e colectiva. Os seus livros continuam por cá, para nossa inspiração e deleite. Neste mundo onde a alienação vai imperando é muito bom encontrar homens como tu, capazes de ver para além dos programas das suas actividades e que não se fecham em capelinhas.
Grande abraço,
Luís Sérgio