segunda-feira, 14 de junho de 2010

Para finalizar, mais uma vez o Karaté ao som da poesia (III)...

Após ter assistido ao Fórum Nacional de Treinadores, mais convencido fiquei que se a poesia tem som, música, ritmo, também o Karaté os tem… Analisando de novo o Karaté em Portugal à luz da poesia (o Karaté também deveria ter luz, brilho, fluidez…), volto mais uma vez a Sidónio Muralha em «O VOO DE SUA ALTEZA», quando ele nos conta:

O rei vai partir.
Seu avião a jacto de platina
ronca em estereofónico
e de suas turbinas
jorra uma disenteria de rubis.

Mas um bode pára na pista
e sua barbicha que não é a jacto
desafia o avião do rei.

É um bode subversivo
- gritam milhares de pessoas
simetricamente quadradas.
E o bode é enquadrado
na lei que protege os soberanos
e é fuzilado por ter tido a ousadia
de roubar ao rei um minuto de voo.

Mais um bode fuzilado
por crime de lesa-magestade
- pensam os reis.

Mais um rei que voa por
crime de leso-bode
- respondem os bodes.

(Questão de pontos de vista)

A verdade é que ser bode
Não oferece garantia nenhuma.

Há por aí muitos “reis” mas também há muitos “bodes subsersivos”... Mas se há bodes fuzilados por crime de lesa-magestade, há reis que voam por crime de leso-bode.

Para complementar mais uma vez com José Gomes Ferreira, em «CHOVE!»:

Chove...
Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?
Chove...
Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino até na lama.

E se ser bode não oferece garantia nenhuma, se é do destino de quem ama ouvir um violino até na lama então também nenhumas garantias nos estão a ser oferecidas e parece que o nosso destino será nem ouvirmos aquilo que amamos, o Karaté, na própria lama... São, na realidade, questões de ponto de vista!
Tirem as necessárias ilações, estabeleçam as conotações que vos apetecer, façam as comparações que quiserem, mas meditem, parem um pouco e façam uma reflexão.
Tal como já referi, nos «POEMAS» de Makarenko podemos ver que:

Primeiro
É preciso
Transformar a vida
Para cantá-la
Em seguida.

Mas há quem a ande a cantar primeiro, para a transformar de seguida!...

1 comentário:

  1. Transformar a vida e não "transtornar" a vida. O valor real do Karaté não é económico mas sim humano - é esta a sua riqueza e foi esta que o trouxe até aqui... para outros colherem os frutos amarga e duramente cultivados. Estamos numa época em que 4 anos de escola suplantam 30 ou 40 de experiência... pela necessidade de "encaixar" pela necessidade de ostentar. Tenho dito.

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