Deixou-nos ou não? Eis a questão! Sempre nos orgulhámos de ter um Prémio Nobel da Medicina (embora tivesse havido tentativas posteriores para que o mesmo lhe fosse retirado) e sempre nos orgulharemos de um Prémio Nobel da Literartura - tal como nos orgulhamos dos 7-0 à Coreia do Norte... independentemente do futuro!
O poeta sevilhano António Machado disse
"Caminhante, são os teus passos
o caminho e nada mais;
Caminhante, não há caminho,
o caminho faz-se ao andar.
Ao andar se faz o caminho,
e ao olhar para trás
se vê a senda que nunca
se há-de voltar a pisar.
Caminhante não há caminho
somente rastos no mar."
Saramago retorquiu:
“Não é verdade. A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: «Não há mais que ver», sabia que não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.”
Mais uma vez contestatário, mas sem deixar de ter razão (pelo menos a sua razão!).
Aqui fica, embora tardia, mas oportuna, a minha homenagem.
Aqui fica, embora tardia, mas oportuna, a minha homenagem.
Os karatecas também são caminhantes... fazem caminho? São capazes de ver a senda que nunca se há-de voltar a pisar? Voltam aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles? É preciso recomeçar a viagem? Claro que é! Sempre!
(...)
José Saramago foi um escritor singular. Singular como a sua narrativa, singular como as suas convicções e muito criticado por isso. É engraçado que, quando foi o seu funeral, algumas das pessoas que o homenagearam foram aquelas que o criticaram severamente quando publicou a sua obra Caim, pelo facto de exibir o seu ateísmo sem rodeios como exibia a sua convicção politica. Odiado ou amado é incontestável o valor da sua obra literária e é digno de reconhecimento pelo legado literário. Apesar de ter residido fora de Portugal foi,é e será sempre português.
ResponderEliminarSaramago estava ao nível dos animais irracionais. Infelizmente, todos os ateus encontram-se ao nível dos animais irracionais. Por muito que pensem, por muito valor que tenham, por muito cultos que sejam, por muita sabedoria que acumulem. Encontrar-se-ão sempre ao mesmo nível dos animais irracionais, sem alma. É isto que eles próprios defendem e professam. E assumem.
ResponderEliminarQuanto ao ter recebido o Prémio Nobel, interrogo-me se isso terá algum valor nos tempos que correm, dada a influência preponderante da esquerda ateísta na Academia Sueca. Para terminar, parafrasearia Eça de Queirós: "Tudo na Vida é passageiro. Só Deus é Motorista".
Até Saramago... certamente.
Caro Eduardo Lopes:
ResponderEliminarPela primeira vez comenta no meu blog. Os meus agradecimentos.
Parece conhecer bem a obra de Saramago - eu, infelizmente por falta de tempo, só consegui ler o "Memorial do Convento". Mas penso que o facto de não se concordar com Saramago - também não concordei com muito daquilo que ele disse aos mídia durante a sua vida - não é motivo para dizermos que não tinha valor (penso eu, mas quem sou eu para pensar?).
Se a questão se põe entre ateus e crentes, entre Darwin e Richard Dawkins, então aí vamos por outros caminhos e entre o criacionismo e o evolucionismo talvez seja melhor discutirmos o sexo dos anjos (se é que eles existem).
Com Nobel ou sem Nobel, o que não podemos contestar é que foi (pelo menos) escritor...
Parecendo-me pessoa ligada à literatura, curioso achei não ter comentado o meu post "Homenagem a João Aguiar".
Mas ainda está a tempo...
Um abraço
Só mais uma questão ao meu caro Eduardo Lopes:
ResponderEliminarSe reparar, tanto em relação a João Aguiar como a Saramago, como em relação a Sidónio Muralha e José Gomes Ferreira, ou ainda a Brecht ou Maiakowski, procuro fazer uma ponte entre o que estes escritores nos dizem e a nossa modalidade.
Alguém disse que em vez de construirmos muros, o essencial é construirmos pontes!
Um abraço