sábado, 31 de dezembro de 2011

Esperamos...


Nestas alturas, costumamos desejar sempre a familiares e amigos uma ótima passagem de ano e que o próximo seja próspero e repleto de felicidade...

Já aqui referimos as palavras de Vergílio Ferreira:
Tenho esperança. É o que me vem sustentando: a esperança de que amanhã é que é.

Não sabemos na realidade se amanhã é que é... mas esperamos que pelo menos haja amanhã!

A nossa única certeza é a de podermos e devermos contar connosco próprios. Esse é o único dado adquirido!

Como dizia Ary dos Santos na abertura da sua «Nona Sinfonia»:

É por dentro de um homem que se ouve
o tom mais alto que tiver a vida
a glória de cantar que tudo move
a força de viver enraivecida.

Por isso mesmo, desejamos a todos os leitores e comentadores deste blog...


Mas para isso as nossas palavras terão de passar a ações, os nosso comportamentos terão de ser regidos por valores positivos, as nossas atitudes terão de ser forjadas por uma moral e uma ética que sejam ambas práticas...

Desejamos um desporto - quer seja amador quer seja profissional - sem comportamentos de violência, sem dopagem, sem corrupção, sem fraudes, sem exploração infantil... sem... sem... sem...

Desejamos um desporto que tenha impacto no bem-estar e na qualidade de vida das pessoas, quer esse desporto seja um produto comercializável, quer seja uma actividade formativa ou competitiva, quer seja um modo de vida ou um meio de lazer.

Porque, retornando num movimento allegro ma non troppo à «Nona Sinfonia» de Ary dos Santos:

Num palácio de sons erguem-se as traves
que seguram o tecto da alegria
pedras que são ao mesmo tempo as aves
mais livres que voaram na poesia.

Para o alto se voltam as volutas
hieráticas sagradas impolutas
dos sons que surgem rangem e se somem.

Mas debaixo é que irrompem absolutas
as humanas palavras resolutas.
Pois deus não basta. É mais preciso o Homem.


Tudo dito na última estrofe do soneto, com realce para o último verso: Pois deus não basta. É mais preciso o Homem!

アルマンド  イノセンテス

E terminamos o ano com boas notícias...


A FNK-P, publicou no seu site um ofício datado de 29 do corrente, onde anuncia que se encontra concluída a avaliação dos seguintes cursos: 2º TN3, 2º TN2, 3º TN2, 4º TN2, 12º TN1, 13º TN1, 21º TM, 22º TM e 23º TM.

No mesmo especifica que "devido a procedimentos administrativos, de necessária execução, a classificação final apenas será publicada na primeira semana de janeiro", agradecendo a todos os formandos a compreensão dispensada a tal fato.

Queremos aqui realçar aquilo que deve ter sido um trabalho hercúleo dos formadores que tiveram de fazer a respetiva correção e classificação das provas, pois para além do imenso número de candidatos, são provas que se encontram por sair à luz do dia desde 2009.

Congratulamo-nos pois com este fato e com o funcionamento do novo Departamento de Formação.
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Para um balanço do ano de 2011 (II)



É prática comum fazer-se no final de cada ano um balanço desportivo. É prática comum elegerem-se os “melhores” – leia-se “os mais mediatizados” – e esquecerem-se outros tantos...

Fala-se dos melhores desportistas do ano: Lionel Messi (futebol, Argentina), Sebastian Vettel (Fórmula 1, Alemanha), Ryan Locht (natação, EUA), Novak Djokovik (ténis, Sérvia), Usain Bolt e Yohan Blake (atletismo, Jamaica), Dirk Nowitzki (basquetebol, Alemanha)...
Fala-se dos melhores treinadores do ano: Pepe Guardiola e José Mourinho (dispensam apresentação!), Graham Henry (râguebi, Nova Zelândia), Rick Carlisle (basquetebol, Estados Unidos)…

Fala-se das melhores equipas do ano: Barcelona (futebol, Espanha), All Blacks (râguebi, Nova Zelândia), Dallas Mavericks (basquetebol, EUA)…
Fala-se dos melhores portugueses: Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão e João Moutinho (futebol), Nelson Évora, Marcos Chuva e Dulce Félix (atletismo), Hélder Rodrigues (motociclismo), Telma Monteiro (judo), João Silva (triatlo), Rui Machado (ténis), Teresa Portela (canoagem)…
Raro é ouvir-se falar de Inês Correia, 18 anos, que venceu o Campeonato Europeu de Freestyle e o Mundial de Kitesurf… Pouco se fala de Lexi Thomson, 16 anos, norte-americana, a mais jovem golfista a vencer um torneio do Circuito Mundial, ao conquistar o Dubai Ladies Masters…
Não se fala de Sílvia Almeida, 17 anos, que conquistou a Taça da Europa de Patinagem Artística em Solo Dance…
Soube-se sem grande pompa nem circunstância que o norte-americano Jordan Romero, de 15 anos, foi em 2011 o mais jovem alpinista a escalar as sete maiores montanhas do mundo, ao subir ao cume do monte Vinson Massif, o mais alto da Antártica.
Passaram despercebidas as medalhas de prata de Patrícia Cardoso e as medalhas de bronze de Maria Teresa Santos e de Filipe Reis  no 38º Campeonato Europeu de Cadetes e Juniores de Karaté… 
E peguei precisamente nestes exemplos para constatarmos que ser falado, ser conhecido, ser “o melhor do ano”, depende da modalidade, depende do género, depende de ser amador ou profissional, depende de ainda estar num escalão etário mais baixo ou ser-se consagrado…
E alguém ouviu falar nos europeus de corta-mato (INAS-FID) para atletas portadores de deficiência intelectual realizado na República Checa? Alguém soube que Portugal recuperou o título colectivo em masculinos? Alguém teve conhecimento de que os atletas do nosso país conquistaram 2 medalhas de ouro, 3 de prata e 1 de bronze?
No ano em que jovens, desempregados e professores foram aconselhados a emigrar, contabilizam-se 41 treinadores de futebol em 26 países do mundo… mas pouco relevo se dá a Helena Costa, selecionadora nacional no Qatar, ou Paula Rego, igualmente selecionadora nacional no Qatar mas de futsal… e poucos sabem que Mário Palma e Alberto Babo treinam equipas de basquetebol em Angola e João Costa no Luxemburgo… e poucos sabem que Pedro Antunes orienta uma equipa de hóquei em patins na Suíça e Hélder Santos uma outra em França…
Em 2011, num país em crise e sem dinheiro, 15 dos 25 árbitros de futebol de primeira categoria receberam uma média de 1466 Euros por jogo…
No ano em que Carlos Queiroz ganhou a batalha jurídica contra a ADOP, Gilberto Madail abandonou a cátedra da FPF e o ciclismo disse adeus a Emídio Pinto…
E para terminar, nas edições de 20 e 27 de dezembro do jornal «A Bola», respetivamente nas páginas 26 e 28, Manuel Martins de Sá elucida-nos que “o poder corrompe” apresentando-nos a corrupção que grassa no futebol internacional… datas entre as quais ficámos a saber que, a 23, pelo «Jornal de Notícias» (p. 48), o mais famoso árbitro chinês de futebol, Lu Jun, o primeiro do seu país a dirigir jogos em Campeonatos  Mundiais e Jogos Olímpicos, admitiu ter recebido cerca de 98 mil Euros para manipular resultados em 2003… e a 24, segundo o «Correio da Manhã» (p. 30), que o tenista sueco Lucas Renard, de 19 anos, foi suspenso por seis meses por corrupção…

E de certeza que eu próprio também me esqueci de muitos que deveriam ser recordados em relação a 2011...

アルマンド  イノセンテス
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Para um balanço do ano de 2011 (I)



É prática comum fazer-se no final de cada ano um balanço desportivo.

Disse Rui Lança (1), ontem, em «Colectividade Desportiva»: “Quase a terminar o ano de 2011, constatamos que um conjunto de decisões relacionadas com a prática e a gestão desportiva foram e vão continuadamente sendo adiadas. Para lá da necessidade dessas decisões, é importante referir que existiram afirmações públicas que essas mesmas decisões iriam acontecer ainda durante 2011.” Referia-se o autor a decisões governamentais…
Mas podem-se extrapolar estas afirmações também para o campo da nossa modalidade – o Karaté!
Isto acontece porque entidades, ou organizações, ou instituições são constituídas por pessoas. E são geridas por pessoas… e “pessoas” são seres humanos, com virtudes e com defeitos, servindo ou servindo-se…
Federações, associações ou clubes não são geridos como empresas. Se o fossem, cada uma ou cada um deveriam “contribuir activamente para o desenvolvimento social, não apenas por meio dos lucros económicos que gera [no caso do desporto, a serem de novo investidos no mesmo], mas também por meio de uma intervenção directa na resolução de problemas de ordem social e na minimização dos efeitos prejudiciais que a sua actividade pode ter no bem-estar colectivo” (2).
É generalizada a ideia de que a constituição de um grupo, institucional ou não, cria um coletivo de pares que remam todos na mesma direção. Um coletivo constituído por indivíduos que representam outros coletivos dificilmente representa todos esses coletivos. Mas cada direção tem sempre dois sentidos…
Um sentido aponta para a união dos indivíduos do grupo ainda que alguns considerem que outros não funcionam, funcionam mal, ou ainda que certos funcionam ao contrário, criando-se um certo corporativismo. Cria-se a ideia que o coletivo é maior que a soma dos indivíduos que o constituem… Cria-se a ideia que nenhum deles se deve atraiçoar a si próprio renunciando aos seus princípios e valores… Cria-se a ideia que o interesse (ou “os interesses”) da maioria (ou por vezes a imposição de uma minoria mascarada de representante dessa maioria) deve sobrepor-se aos imperativos éticos de cada um dos seus elementos. Cria-se a ideia de que quem é divergente deve ser ostracizado, marginalizado…
Outro sentido aponta para uma liderança forte (não confundir com autocracia nem despotismo!), com objetivos comuns, com uma gestão alicerçada numa Ética em que os efeitos que produzem ou possam vir a produzir tenham “impacto no bem-estar ou na qualidade de vida de indivíduos e de colectividades” (2). Mas quanto maior for esse coletivo, mais facilmente a sua cisão… embora a sua ação possa seguir as normas impostas pelo Direito, embora a sua ação justifique a sua existência e assegure a sua continuidade. Sem valores morais e princípios comuns aos constituintes desse coletivo, de nada lhe valerá a Ética…
A Ética é uma componente de qualquer Sociedade e é o que distingue de um bando de um grupo estruturado. Os valores em que a sociedade se apoia, o seu sistema de crenças, é o elemento que mais contribui, no médio prazo, para definir a forma como uma sociedade funciona. Um país depende totalmente do sistema de crenças do seu Povo, do conjunto de valores que pratica, do grau em que exige a si próprio o respeito por esses valores” (3). Reside o problema principalmente nas crenças, convicções por vezes não fundamentadas mas existentes porque fruto de um sistema reprodutivo.
Termina Rui Lança (1) o seu post com as seguintes palavras:  É urgente decidir. Prefere-se ir adiando a decisão com a esperança de que a decisão irá doer menos pelos esforços que estão a ser feitos? E quais esforços e quais os indicadores e factores críticos que estão a ser levados em conta? A ideia - não contabilizada ou quantificada - é que algumas entidades foram forçadas a desistir, terminar ou ir para outros campos de acção. E isto agradará a quem decidirá? No meu ponto de vista, sim…"
Modestamente, no meu ponto de vista também… e também no karaté...



1) – Lança, Rui, 2011, “Quando a ausência de decisões e de sinais são os melhores sinais”, «Colectividade Desportiva».
(2) - Almeida, Filipe, 2010, “Ética, Valores Humanos e Responsabilidade Social da Empresas”, Cascais, Princípia.
(3) – Silva, Mário Parra, Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Ética Empresarial, Revista Negócios Portugal, n.º 2, 2011, pp.39-41.
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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A TRADIÇÃO NO KARATE-DŌ

Com o devido consentimento de Denis Andretta, que amavelmente autorizou a sua transcrição, replicamos o seu post publicado a 24 do corrente em http://karatedosaishinnews.blogspot.com/.


A tradição é composta por diversos aspectos e sempre teve um papel muito importante nas centenas de anos de desenvolvimento das artes marciais orientais e ocidentais.

A tradição técnica do KARATE-DŌ [空手道] está, de uma forma geral, baseada no KIHON [基本][1], no KATA [形][2], e no KUMITE [組手][3].

A tradição teórica tem sido deixada de lado ou, na melhor das hipóteses, abordada de forma superficial, nos países ocidentais. Porém, deve ser retomada urgentemente para que as futuras gerações possam vislumbrar um KARATE-DŌ [空手道] global.

O KIHON [基本] tem por objetivo o aprimoramento técnico dos praticantes, pois é através dele que aprendemos as angulações e os pontos importantes dos diversos ataques, chutes, defesas, batidas e posturas.

Geralmente, o KIHON [基本] está dividido em: TSUKI-WAZA [突技][4], KERI-WAZA [蹴技][5], UKE-WAZA [受技][6], UCHI-WAZA [打技][7] e TACHI-KATA [立方][8], ou seja, o KIHON [基本] é a base que dá sustentação para que o praticante possa pouco a pouco ampliar o domínio sobre seu corpo, dando a ele condições para aumentar o grau de dificuldade dos exercícios, sempre com o objetivo de superar suas limitações. Enfim, o KIHON [基本] é o alicerce sobre o qual o KARATE-DŌ [空手道] é construído.

Após praticar inúmeras vezes, os movimentos básicos eles acabam transformando-se em uma espécie de segunda natureza. Além do aperfeiçoamento “mecânico” do exercício, o aumento da estética, a ampliação da força e a melhora velocidade também se tornam evidentes após algum tempo de treinamento.

Tradicionalmente o KIHON [基本] é ensinado de forma rigorosa e exaustiva, pois o aprendizado e aperfeiçoamento destes “fundamentos” são necessários para a evolução do KARATE-KA [空手家][9].

Os KATA [形] são, sem dúvida alguma, uma tradição nas artes marciais, estando presentes nos mais diversos estilos, sejam estes chineses, japoneses, coreanos, etc...

“Muitas são as definições que se fazem a respeito dos KATA [形]. Comumente são definidos como uma seqüência de movimentos de ataque e defesa onde se enfrenta adversários imaginários a partir de uma seqüência predefinida. Tratam-se de uma prática individual cujos resultados se refletem no desenvolvimento de muitas qualidades essenciais, como: força, ritmo, equilíbrio, coordenação entre as técnicas de defesa e ataque, concentração, respiração coordenada com os movimentos, etc. (ARAKAKI, Hélio).

“Os KATA [形] são métodos através dos quais os aspectos da defesa pessoal são transmitidos de geração em geração. Os KATA [形] precisam ser trabalhados, surgindo para nós como uma pedra bruta que precisa ser limada. Isto quer pela prática da forma (execução do KATA [形]), ou pelo entendimento de suas partes (BUNKAI [分解][10])... (para que seja possível a) sua aplicação prática (ŌYŌ [応用][11]). (MAGALHÃES, Mário).

“A propósito dos KATA [形] é necessário treinar repetindo-os muitas vezes. Porém, é absolutamente essencial conhecer o significado (BUNKAI [分解]) e a aplicação (ŌYŌ [応用]) de cada técnica. É necessário saber que existem numerosos ensinamentos teóricos complementares aos KATA [形] para as técnicas de ataque, de defesa, de desprendimento e de agarre” (ITOSU, Ankō).

“Inegavelmente os KATA [形] fazem parte da vida de todos praticantes de Artes Marciais. Eles são os ensinamentos ainda vivos de mestres antigos e, portanto, um legado para as gerações contemporânea e futura. Contudo, devemos ser capazes de entender o contexto em que os KATA [形] estiveram - e estão - inseridos a fim de que possamos entender as suas razões para ainda existirem. São os KATA [形] que ensinam as técnicas de uma determinada escola ou estilo. São o ensinamento das técnicas transmitidas de geração em geração e que mantém as características de terminado estilo, diferenciando os sistemas uns dos outros. Estes KATA [形] são tão válidos hoje como eram a centenas de anos atrás e desenvolvem as aptidões marciais dos seus praticantes. Há, portanto, de praticá-los até que os movimentos tornem-se instintivos, pois esta é a natureza da "técnica"” (GOULART, Joséverson).

O KUMITE [組手] é uma tradição que existe desde o inicio das artes marciais e continua a ser incorporado a cada novo sistema. É a melhor maneira para que o estudante possa testar seus conhecimentos na prática, cometendo erros e corrigindo-os para progredir e se tornar um lutador mais experiente/eficiente, que tenha a possibilidade de dominar seu oponente sem precisar feri-lo gravemente. Assim como acontece com o KIHON [基本] e os KATA [形], o KUMITE [組手] também possui diversas formas de expressão, entre elas: IPPON-KUMITE [一本組手][12], NIHON-KUMITE [二本組手][13], SANBON-KUMITE [三本組手][14], JIYŪ-IPPON-KUMITE [自由一本組手][15], YAKUSOKU-KUMITE [約束組手][16] e SHIAI-KUMITE [試合組手][17], entre outras.

No que diz respeito à filosofia e a disciplina, algumas tradições foram preservadas através dos anos e sobreviveram ao tempo.

Embora o KARATE-DŌ [空手道] não seja autenticamente japonês, com o passar dos anos algumas influências da cultura japonesa foram inculcadas nesta arte marcial. A influência do BUDŌ [武道][19], por exemplo, se torna evidente no REISHIKI [礼式][20].

No estilo SHITŌRYŪ [糸東流][21], por exemplo, um aluno curva-se inúmeras vezes durante uma sessão de treinamento, demonstrando assim seu respeito à memória dos mestres que nos precederam, ao KARATE-DŌ [空手道], ao DŌJŌ [道場][22], a seu SENSEI [先生][23] e a seus companheiros de treinamento.

Outra tradição que nos remete ao BUDŌ [武道] e nos recorda os costumes dos SAMURAI [侍] é o ZAREI [座礼][24], ou saudação em SEIZA [正座] [25], onde nos colocamos de joelhos e curvamos o corpo à frente levando primeiramente a mão esquerda ao chão e realizamos uma saudação. Esta ordem existe devido ao fato de que todo o SAMURAI [侍] empunhava sua espada com a mão direita, e sendo assim, se fosse atacado estaria com a mão livre para empunhar a espada e contra atacar se necessário. Ao levantar-se o SAMURAI [侍] utilizava primeiro sua perna direita, pois se fosse necessário desembainhar sua espada poderia fazê-lo sem a possibilidade de cortar-se.

O uso do KARATEGI [空手衣][26] (erroneamente chamado de KIMONO [着物][27] pelos ocidentais) e da OBI [帯][28] são indumentárias que tornaram-se uma tradição no KARATE-DŌ [空手道] com o passar dos anos, pois antigamente não havia um uniforme padrão utilizado para o treinamento. A roupa usada durante os treinos foi implementada no KARATE-DŌ [空手道] por GICHIN FUNAKOSHI [義珍船越][29] que adaptou o JŪDŌGI [柔道着][30] para este fim.

O sistema de graduação do KARATE-DŌ [空手道] segue a mesma lógica do uniforme e também foi “importado” do JŪDŌ [柔道][31], aliás este sistema foi “copiado” por quase todas vias marciais japonesas (BUDŌ [武道][32]).

No Japão, originalmente, eram usadas somente duas cores de faixas para designar a graduação do praticante: branca e preta. Algum tempo depois, a faixa marrom foi adicionada para distinguir um meio termo entre a faixa branca e a faixa preta. Logo após, surgiu a faixa verde... e assim por diante.

Paralelamente, surgiu no ocidente um sistema de faixas coloridas (branca, amarela, laranja, verde, azul e marrom) elaborada pelo mestre de JŪDŌ [柔道] MINOSUKE KAWAISHI [酒造之助川石], que define de forma mais detalhada o nível em que o praticante se encontra.

Antes do KARATE-DŌ [空手道] ter sido “exportado” existiam somente cinco níveis de faixa preta, do SHODAN [初段] ao GODAN [五段] (do nível inicial ao 5º nível). Alguns anos mais tarde, foram acrescidos mais cinco níveis, chegando ao JŪDAN [十段] (10º nível) em nossos dias. Mesmo que o sistema de graduação e as normas para concessão de faixas tenham mudado ligeiramente com a passar dos anos, permanece uma importante tradição no KARATE-DŌ [空手道].

Socos, chutes e bloqueios também fazem parte da tradição do KARATE-DŌ [空手道], porém machucar alguém é relativamente fácil, conseguir controlar seu movimento, desferindo-o com máxima potência e parando-o a alguns centímetros do oponente é extremamente difícil. Este conceito de “controle de movimento”, conhecido pelos japoneses como SUN-DOME [寸止め][34], também faz parte da longa tradição do KARATE-DŌ [空手道]... foi este princípio que tornou possível a realização de competições de KARATE-DŌ [空手道].

O uso do KIAI [気合][35] (vulgarmente conhecido como “grito” entre os ocidentais) também é uma tradição importante, que se segue desde os primórdios da arte.

Diz-se que alguém que domina o KIAI [気合] tem o poder de vida e de morte, porém a respeito disto nossa ignorância não permite comentar. Entretanto, utilizar o KIAI [気合] focalizando potência e energia e também para intimidar o adversário é uma tradição marcial utilizada em todo o mundo.

Enquanto surgem novas tradições, algumas são perpetuadas e passadas de mestre para discípulo e outras, (in)felizmente, se perdem.

Um exemplo de tradição que está se perdendo com o passar do tempo é a MAKIWARA [巻藁], ou “palha enrolada” (MAKI [巻]: enrolada; WARA [藁]: palha). Atualmente, são raros os centros de treinamentos que mantém esta técnica de fortalecimento de mãos e pulsos. O uso da TETSU-GETA [鉄下駄], ou “sandálias de ferro”, que era utilizada para o fortalecimento de pés e pernas também está se perdendo com o passar dos anos. As técnicas de fortalecimento das pontas dos dedos, tais como: encher uma espécie de balde de areia (SUNA-BAKO [砂箱]), onde eram “mergulhadas” as mãos, também perderam sua utilidade e são raros os DŌJŌ [道場] que as utilizam... este são apenas pequenos exemplos porque, na realidade todos os HŌJŌ-UNDŌ [補助運動] (exercícios complementares) seguem esta mesma lógica.

Antes de terminar este texto que trata sobre a tradição dentro do KARATE-DŌ [空手道][36] faz-se necessário entender o que é TRADIÇÃO. Isso por que muitos falam sobre ela, porém poucos realmente sabem a que este termo se refere.

“A palavra tradição vem do latim, do verbo "tradere" (traditio, traditionis) que significa trazer, entregar, transmitir, ensinar. Logo, tradição é a transmissão de fatos culturais de um povo, quer de natureza espiritual ou material, ou ainda, é a transmissão dos costumes feita de pais para filhos no decorrer dos tempos, ao sucederem-se as gerações. É a memória cultural de um povo. É um conjunto de idéias, usos, memórias, recordações e símbolos conservados pelos tempos, pelas gerações, sendo assim a eterna vigilância cultural. A tradição e sua presença na sociedade baseiam-se em dois pressupostos antropológicos:

a) As pessoas são mortais;

b) Existe a necessidade de haver um nexo de conhecimento entre as gerações.

Um detalhe importante para o qual pouco atentam e que faz com que muitas pessoas metam os pés pelas mãos... a "tradição não é simplesmente o passado (...) é a continuidade (...), é o fermento que prossegue (...), é a corrente que continua (...), é a dinamização das condições propulsoras de novos fatos (...), é a semente que perpetua (...). Enfim: tradição é tudo aquilo que do passado não morreu". (ROCHA, Hélio)

"Tradição (...) não é o passado, fixação e psicose dos saudosistas. É o presente como fruto sazonado de sementes escolhidas. É o futuro, como árvore frondosa que seguirá dando frutos e sombra amiga às gerações do porvir". (SARAIVA, Glaucus)

Portanto, ser tradicional não significa estar simplesmente apegado a conceitos antigos (muitas vezes equivocados) e, tão pouco, seguir formas de execução técnica do “tempo da pedra”, mas sim “entregar” as demais gerações os ensinamentos (práticos e teóricos) dos antigos mestres (sim, “dos”! por que muito foi acrescido aos diversos estilos depois do falecimento dos fundadores), com todos os agregados e melhorias que porventura a arte tenha adquirido através dos anos.

Há, no entanto, um fator que permanece inalterado através dos tempos: a tradição do treinamento rigoroso, disciplinado e do trabalho duro ainda é, e sempre será, a chave para tornar alguém inábil em um indivíduo mais hábil.

Enfim, a tradição é um dos fatores mais importantes dentro das artes marciais, independentemente do estilo praticado, porque ajuda a preservar as técnicas antigas unido-as com as novas, desta forma tornando a arte cada vez mais eficaz, completa e estética.

É justamente este conjunto de tradições, novas e velhas, que ajudam a manter a existência das artes marciais, tais como o KARATE-DŌ [空手道], por muitos e muitos anos.

Muitas vezes, embora tais tradições possam variar em sua manifestação física fazendo com que apareçam e desapareçam os mais variados estilos, formas e técnicas sua essência é sempre a mesma: a preservação de aspectos importantes para aquela parcela da sociedade que as segue.

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Referências:
ANDRETTA, Denis A. Cordeiro. Minhas Reflexões: A tradição no Karate-dō. Porto Alegre/RS. Junho de 2005.
ANDRETTA, Denis A. Cordeiro. A tradição no Karate-dō. Seidenkai Saishin Nyūsu - Informativo nº 0014 - Junho/2005 - Ano II.
ARAKAKI, Hélio. A respeito dos Kata. Disponível em: http://www.muryokan.com.br. Acesso em: 22 de Fevereiro de 2008.
GOULART, Joséverson. Os Kata. Disponível em: http://groups.msn.com/ShinseiKaiShito-RyuKarate-Do/. Acesso em: 22 de Fevereiro de 2008.
MABUNI, Kenwa. Significado de kata. Disponível em: http://www.shitoryu.com.mx/temas/tema.asp?ID_TEM=2. Acesso em: Setembro de 2006.
MAGALHÃES, Mário. Kata – Conceitos e pensamentos. Disponível em: http://www.cao.pt. Acesso em: 15 de Outubro de 2005.
MURAYAMA, Shito-kai. La importância de la kata. Disponível em: http://www.shitokaimurayama.com/arti.htm. Acesso em: Setembro de 2006.

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Nota: A fim de não tornar este post muito extenso, foram retiradas a 30.12.2011 as notas de rodapé, aconselhando-se os interessados a consultarem o post original no blog de Denis Andretta.


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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mais uma infeliz analogia!

Estavas linda Inês, posta em sossego,
Dos teus anos colhendo doce fruito,
Naquele engano de alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito, (...)
(Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto III)

Assim estava eu, pensando nada mais postar até ao Natal, quando me entram em casa as imagens pela televisão... para logo a seguir me deparar com elas na comunicação social escrita...

O espectador entra em campo, tenta agredir o guarda-redes, este defende-se, o  espectador  cai, o guarda-redes pontapeia-o no chão duas vezes, um segurança domina o  espectador, o árbitro interrompe a partida, mostra o cartão vermelho ao guarda-redes, o treinador manda retirar de campo toda a equipa e... FIM! Fim do jogo, claro...


(Jornal de Notícias, 23 de dezembro de 2011, p. 48)



Duas situações: ato disciplinar desportivo do guarda-redes para ser punido desportivamente? - ou ato do mesmo para ser punido penalmente?

Quanto ao espectador não restam dúvidas....

Se a federação retirou o castigo, também não restam dúvidas: o caso é para o tribunal...

Mas o que é de lamentar é que mais uma vez se venha fazer uma  ANALOGIA (mais uma!) ENTRE UMA SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA NO FUTEBOL E O KARATÉ - com todo o respeito, o Sr. José Luís Pimenta não prestou um bom serviço ao nem ao karaté, nem ao futebol, nem ao Desporto, não prestou um bom serviço ao Jornal de Notícias e não prestou um bom serviço nem à comunicação social nem à sociedade!
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

... e humor não explosivo!!! Porque no fim de ano também convém rir...


Com os meus agradecimentos a Joseverson Goulart San.
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Humor... explosivo!!! Porque no Natal também convém rir...

Enviada pelo meu amigo Hélio Ramos, da Ilha Terceira... praticante de Karaté... um Homem da AKA!
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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Compreender o Karate-Do numa quadra natalícia...

Nesta quadra merece especial atenção debruçarmo-nos um pouco sobre a cultura japonesa. Qual o motivo, perguntarão alguns... Tanto mais que não fosse, porque o Karate-Do, para além de se sentir, tem de se compreender…
São já conhecidos os sete princípios (ou virtudes) do Bushido:
  • GI (, GI) - Justiça e moralidade, atitude direta, razão correta, decidir sem hesitar;
  • YUU (, YUU) - Coragem, bravura heróica.
  • JIN (, JIN) - Compaixão, benevolência.
  • REI (, REI) - Polidez e cortesia, amabilidade.
  • MAKOTO (, MAKOTO) - Sinceridade, veracidade total.
  • MEIYO (, MEIYO) - Honra, glória;
  • CHUU (, CHUU) - Dever e lealdade.
Vamos precisamente analisar o quinto princípio, designado “MAKOTO”, para o que nos apoiaremos em Maurice Pinguet, (1987), “A Morte Voluntária no Japão”, Rio de Janeiro: Editora Rocco.
Diz-nos este autor que este termo poderá significar sinceridade, lealdade, autenticidade. Algo propício numa época natalícia…
Na tradição autóctone, o termo makoto (ma – verdade e koto – conduta) significa a pureza do coração constatada nas ações – algo afastado da sociedade atual nos dias de hoje…
O mesmo autor afirma que na especulação confuciana, a sinceridade é igualmente considerada como uma virtude cardeal que autentica as outras quatro (embora Pinguet não as refira, elas são: decoro, sabedoria, benevolência e retidão).
Pinguet diz-nos ainda que foi a partir do século XVII que a filosofia moral, particularmente no bushido, se referiu constantemente a makoto como a um princípio essencial.
Sendo toda a obra sobre o seppuku*, Pinguet (p. 128) diz-nos que “todas as virtudes que evoca o termo makoto (sinceridade, pureza, autenticidade, lealdade) são fundamentais nesse elo presumido que faz com que a verdade dependa da energia, num ato decisivo capaz de impor silêncio ao repisar das palavras e de estabelecer um fato irreversível. É a mim apenas que cabe decidir o que sou – agindo.”
Ora, é precisamente nesta quadra, em que desejamos tantas coisas boas a uns e a outros - o tal Natal que é sempre Natal quando o homem quiser (na gíria futebolística poderíamos dizer que "penalty é como o Natal ... sempre que o homem - ou o árbitro - quiser ...") -  que deveremos refletir sobre nós, fazermos uma instrospeção, e desejarmos a nós próprios decidirmos o que queremos ser, agindo...  

* suicídio honroso efetuado com um tanto através de uma incisão no abdómen, ato último de dignidade.
Nota 1: negritos da nossa responsabilidade.

Nota 2: graças à atenção e à especialidade de Joseverson Goulart San, agradecendo a gentileza, foram retirados os ideogramas iniciais e colocados os corretos (23.12.2012). Aos interessados em conhecerem os motivos reais, aconselha-se vivamente a consulta de http://jojimonogatari.blogspot.com/2011/12/50-karate-e-shodo.html.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Como vamos atravessar o rio amanhã?



Ainda a propósito do post  "Do «Desejado» à implosão...", Winston Churchill dizia que “quanto mais para trás se olhar, mais para a frente se poderá ver”... enquanto o nosso Vergílio Ferreira era mais apologista de que a esperança é a última a morrer: 

Tenho esperança. É o que me vem sustentando: a esperança de que amanhã é que é.” 

E se o amanhã não chegar? Vamos continuar à espera de D. Sebastião?

Mas a perspectiva pode ser diferente! Recordo-me do célebre conto Zen denominado "Atravessando o Rio":


Dois monges viajavam juntos por uma caminho lamacento. Chovia torrencialmente o que dificultava a caminhada.  A certa altura tinham que atravessar um rio, cuja água lhes dava pela cintura. Na margem estava uma rapariga que parecia não saber o que fazer:

- Quero atravessar para o outro lado, mas tenho medo!
Então o monge mais velho carregou a jovem às suas cavalitas para a outra margem. Horas depois, o monge mais novo não se conteve e perguntou:
- Nós, monges, não nos devemos aproximar das mulheres, especialmente se forem jovens e atraentes. É perigoso. Por que fez aquilo?
- Eu deixei a rapariga lá. Você ainda a está carregando?

Como vamos atravessar o rio amanhã? Não será que o amanhã começa hoje?...

...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Prendinha de Natal: as Kata de Goju-Ryu

Com a  ajuda fantástica de Joseverson Goulart, que agradeço, e porque os meus alunos andam sempre a perguntar "qual é a Kata a seguir a esta Kata", aqui fica uma prendinha de Natal...

Apesar de treinarmos inicialmente Tachi Kata (a fim de definir posições de pés, pernas e distribuição do peso do corpo - linha perpendicular que passa no centro de gravidade dentro da base de sustentação), damos um maior relevo a Fukyu Kata Dai-ichi e a Fukyu Kata Dai-ni precisamente para começarmos a coordenar as posições, o equilíbrio e a sustentação com a movimentação técnica de base do trem superior. Por vezes, para um treino de rotações a 180 e a 270 graus também treinamos Taikyoku Shodan, apesar de ser uma Kata de Shotokan...

Mas são as seguintes as principais Kata do nosso estilo, com a sua escrita em japonês e os significados dos seus nomes:

GEKISAI (1º e 2ª) 撃砕 - "Atacar e esmagar". Estas foram criadas por Miyagi Chōjun. Quanto à 1ª e à 2ª, em japonês são Dai-ichi 第一 e Dai-ni 第二 respectivamente.
SAIFĀ 砕破/最破 Dois significados são possíveis para este kata (de acordo com os ideogramas / formas escritas) encontrados em publicações japonesas: 
SAIFĀ 砕破 - "Esmagar e Destruir"
SAIFĀ 最破 - "Destruição Extrema"
SEIYUNCHIN 制引戦/征遠鎮  Em japonês SEIENCHIN - Dois significados são possíveis para este kata (de acordo com os ideogramas / formas escritas) encontrados em publicações japonesas. Existem vários significados para o nome deste kata espalhados por diversas fontes, por esta razão os ideogramas são apresentados separados de modo a criar-se a nossa própria interpretação:
制 SEI - "sistema, lei, regra"
引 YUN / EN - "puxar, rebocar"
戦 CHIN - "Guerra, luta, confronto"
制引戦 - "Sistema de lutar a puxar" (porque é isso exactamente que fazemos nos primeiros movimentos deste Kata).
征 SEI - "Subjugar".
遠 EN - "à distãncia"
鎮 CHIN - "Tranquilizar, pacificar"
征遠鎮 - "Subjugar e tranquilizar".
SHISŌCHIN 四向戦/師壯鎮 Dois significados são possíveis para este kata (de acordo com os ideogramas / formas escritas) encontrados em publicações japonesas:
SHISŌCHIN 四向戦 - "Lutar enfrentando quatro (adversários)"
De facto, "SŌ" simplesmente significa "Encarar, confrontar, enfrentar...", mas um grande número de fontes ocidentais definem este kata como "Lutar em quatro direções" (?).
SHISŌCHIN 師壯鎮 - "Depois da Batalha, Grande Tranquilidade"
SANSĒRŪ 三十六 Em japonês SANSEIRU - "36".
SĒPAI 十八 Em japonês SEIPAI - "18".
KURURUNFĀ 久留頓破/来頓破 Dois significados são possíveis para este kata (de acordo com os ideogramas / formas escritas) encontrados em publicações japonesas:
KURURUNFĀ 久留頓破 - "Prender Por Muito Tempo Destruir Subitamente" onde: KU significa "longo tempo", RU significa "deter, apertar, parar", RUN significa "subitamente, imediatamente, com pressa", FĀ significa "quebrar, destruir, derrotar".
KURURUNFĀ 来頓破 - "Vir e Destruir Subitamente".
SĒSAN 十三 Em japonês SEISAN - "13".
SŪPĀRINPAI 一百〇八 (ou 百歩連 PETCHŪRIN)  Dois significados são possíveis para este kata (de acordo com os ideogramas / formas escritas) encontrados em publicações japonesas:
SŪPĀRINPAI  一 百〇八 - "108". Também conhecida por PETCHŪRIN  百歩連 - "Encadeamento de cem passos".
SANCHIN 三戦 - "Três batalhas".
TENSHŌ 転掌 "palmas rotativas, palmas giratórias, palmas circulares".

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Do "Desejado" à implosão...


Saudosismo é continuar à espera do «Desejado»... Preocuparmo-nos em comparar o passado com o presente para que não se cometam os mesmos erros no futuro é fazer história, mesmo que muitas vezes sintamos que ficamos bradando no deserto...

Como diria Camões na sua poesia lírica, em mil quinhentos e qualquer coisa:

Já me desenganei que de queixar-me
Não se alcança remédio; mas quem pena
Forçado lhe é gritar, se a dor é grande.
Gritarei; mas é débil e pequena
A voz pera poder desabafar-me,
Por que nem com gritar a dor se abrande.


Parecer é uma coisa, ser é outra! Como se costuma dizer, à mulher de César não basta parecê-lo, há que sê-lo! Há os que se sentem assim...

... mas há coisas que parecem e não o são... e faço minhas as palavras de António Aleixo (1899-1949):

Gosto do preto no branco,
Como costumam dizer:
Antes perder por ser franco
Que ganhar por não ser. 

Por outro lado há outros que parecem assim... e se sentem assim...

... e que para além de sê-lo parecem-no e que para além de parecê-lo são-no, tal como a mulher de César!

O problema está em distinguir os que parecem e são dos que parecem e não são... Quando exprimimos as nossas posições publicamente estamos sujeitos à crítica, ao confronto, à ameaça, ao afastamento, à ostracização, principalmente se somos discordantes do poder instituído. 
Não sou saudosista, nem por uma questão de idade nem de sonhos. Quando começamos a colocar recordações no lugar dos sonhos aí sim, já nem saudosistas somos. Somos derrotados, vivemos agarrados ao passado e nem sequer vivemos. O passado ninguém o pode modificar, mas podemos servir-nos dele para avançarmos para uma coisa que se chama progresso na evolução... para algo que se chama conhecimento, via transcendente para a sabedoria... 
Ser saudosista é discutir muito sobre a forma como o Karaté deve ser em vez de tentarmos compreender como ele de facto existe, para nos podermos servir disso para o servirmos a ele. Quando exprimimos as nossas posições publicamente, quando as fundamentamos, estamos a servir o Karaté e não a servirmo-nos dele.

Volto de novo a António Aleixo (hoje estou para aqui virado!):

Queremos ver sempre à distância
O que não está descoberto,
Sem ligarmos importância
Ao que está à vista e perto.

Porque será que nós temos
Na frente, aos montes, aos molhos,
Tantas coisas que não vemos
Nem mesmo perto dos olhos?

Em democracia prevalece a vontade da maioria. Mas respeitando a vontade das minorias.

A maioria detém a legitimidade do poder que lhe é concedido através dos actos eleitorais e das votações.

Mas democracias alicerçadas em minorias (veja-se o "extraordinário" número de delegados na última AG da FNK-P) caminham para a implosão...

O poder regulamentar em qualquer federação desportiva titular do estatuto de utilidade pública desportiva, é atualmente exercido, primariamente, pela Direcção.

A Direcção da Federação é, na substância, o órgão regulamentar por excelência. Que façam os regulamentos... nem precisam de ir à AG! Até porque, com Assembleias-Gerais destas, acabou-se a democracia... Tanto interessa ter 2 praticantes inscritos como 200...

アルマンド   イノセンテス

Para treinar o espanhol...


É  DE  FÁCIL  TRADUÇÃO , VALENDO  A  PENA  A SUA  LEITURA  INTEGRAL .!!!!!!....




FÁBULA DEL TONTO
                 
Se cuenta que en una ciudad del interior, un grupo de personas se divertían con el tonto del pueblo, un pobre infeliz de poca inteligencia, que vivía haciendo pequeños recados y recibiendo limosnas.  
Diariamente, algunos hombres llamaban al tonto al bar donde se reunían y le ofrecían escoger entre dos monedas: una de tamaño grande de 50 centimos y otra de menor tamaño, pero de un euro. Él siempre tomaba  la más grande y menos valiosa, lo que era motivo de risas para todos.  
Un día, alguien que observaba al grupo divertirse con el inocente hombre, lo llamó aparte y le preguntó si todavía no había  percibido que la moneda de mayor tamaño valía menos y éste le respondió:
- Lo sé señor,  vale la mitad, pero el día que escoja la otra, el juego se acaba y no voy a ganar más mi moneda.
Esta historia podría concluir aquí, como un simple chiste, pero se pueden sacar varias conclusiones:
La primera: Quien parece tonto, no siempre lo es. 
La segunda : ¿Cuáles son los verdaderos tontos de la historia?
La tercera: Una ambición desmedida puede acabar cortando tu fuente de ingresos.
La cuarta, y la conclusión más interesante: Podemos estar bien, aun cuando los otros no tengan una buena opinión sobre nosotros. Por lo tanto, lo que importa no es lo que piensan los demás de nosotros, sino lo que uno piensa de sí mismo.
                
MORALEJA
'El verdadero hombre inteligente es el que aparenta ser tonto delante de un tonto que aparenta ser inteligente'...
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