sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Carta aberta ao anónimo das 12.30...


Desta vez dirijo-me a um anónimo... aos muitos anónimos, aos que escrevem comentários anónimos sem nada de construtivo... aos que me têm dado "certos" conselhos... aos que não mostram a cara (medo?, falta de coragem? receio de se identificarem e verem os seus privilégios comprometidos?)... aos que me têm desafiado para abordar isto e aquilo... É fartar, vilanagem...



É sabido que, por uma questão de princípio, não publico comentários anónimos... Gosto dos debates olhos nos olhos... com argumentos fundamentados mesmo que sejam contra os meus... contra fundamentalismos e hipocrisias. Já aqui publiquei opiniões contrárias às minhas (que de comentário até passaram a post)e debatêmo-las - lembro-me do Bruno Afonso, do Carlos Rodrigues, do Carlos Camelo...

Porque motivo este blog não tem mais comentários? Porque muitos receiam deixar aqui a sua marca, pois exijo uma identificação, e receiam represálias... têm medo de retaliações! Eu também tenho medo, tenho medo de ter medo, pois como diziam os romanos "veritas odium porit" - a verdade gera o ódio (já aqui o disse, volto a repeti-lo!).

Ao último anónimo, o das 12.30, que comentou o post anterior, deixo-o com Jorge de Sena e o seu "Camões dirige-se aos seus contemporâneos":

Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos, 
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável 
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos, 
Que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
Para passar por meu. E para os outros ladrões,
Iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Mas como Jorge de Sena pode ser areia demais para a sua camioneta, e já que este coloca Camões a dirigir-se aos seus contemporâneos, deixo-o com o próprio Luís de Camões e a sua Poesia Lírica (sempre é do século XVI e talvez perceba melhor!):

Quem pode ser no mundo tão quieto,
Ou quem terá tão livre o pensamento,
Quem tão exp’rimentado e tão discreto,
Tão fora, enfim, de humano entendimento,
Que, ou com público efeito, ou com secreto,
Lhe revolva e espante o sentimento,
Deixando-lhe o juízo quasi incerto,
Ver e notar do mundo o desconcerto?

Vá lá, caro anónimo, coloque lá mais um... mas fundamente, justifique, apresente obra feita!!! Pode ser que me apanhe bem disposto e abra uma exceção. Talvez eu publique o seu comentário!!!

...

1 comentário:

  1. E ainda se preocupa com esta casta? Deixai-os ladrar... que a caravana há-de continuar a passar.

    Claro que "teremos de o saber melhor ainda" (Jorge de Sena) por aquilo que aqui tem trazido, exposto e transmitido, pois "muito lhe revolve e espanta o sentimento, mas não lhe deixa o juízo quasi incerto, ver e notar do mundo o desconcerto!" (Camões). Antes pelo contrário...

    Um grande abraço!

    JA Neves

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