sexta-feira, 18 de maio de 2012

Novos tempos...

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Talvez coincidência, ou não, as crónicas desta semana de Sidónio Serpa e de Jenny Candeias no jornal «A Bola» (respetivamente no dia 15, página 34, e no dia 17, página 40) quase que se tocam.

Sidónio Serpa começa por nos dizer que "a evolução das palavras ajuda-nos a compreender a evolução dos conceitos que exprimem", opinião de que sou adepto e que também defendi na minha tese de mestrado em relação à evolução do termo «violência» dado que se tratava de uma dissertação sobre a violência na prática desportiva infanto-juvenil. E continua afirmando que "assim se passa no contexto desportivo com os termos que têm designado quem exerce funções de treino dos praticantes de competição."
Passando à evolução dos termos propriamente dita, da "clássica designação de treinador, (...) de um especialista que transmite o seu saber-fazer aos atletas, que conhece e domina de forma intuitiva, e cuja vontade pretende mobilizar", passou-se para a designação de «coach» cuja "intervenção transcende os aspectos técnico-tácticos" e cuja palavra "exprime uma abordagem do treino mais abrangente na qual a dimensão psicológica e humana passa a ter um papel determinante e sistematizado, associado à técnico-táctica." Entrou-se assim no domínio do saber-fazer-ser.
Por último, aborda o conceito de «manager», algo mais do que treinador, pois "coordena a equipa técnica com profissionais de diversas áreas, fixa objectivos, concebe estratégias, gere o projecto e orienta os atletas no terreno." E conclui que "é um enorme desafio para quem abraça a tarefa, mas igualmente para os dirigentes que têm de entender o seu lugar num mundo de elevada especialização." Os dirigentes... que estão na retaguarda dos treinadores-coaches-managers... e que na realidade são (deveriam ser!) gestores.

Por seu lado, Jenny Candeias, embora abordando a ginástica, aponta-nos para "um bom princípio: colher informações no terreno e validar a estrutura de cada desporto"  implicando "a organização, buscando o compromisso tácito, ou expresso, de muitos que nela participam." E se uma Federação (generalização minha!) "não tem razão de ser sem clubes, sem atletas, treinadores e juízes, precisa - e de há muito! - dos pareceres responsáveis e fundamentados de especialistas nos modernos meios de suporte do treino desportivo e seu enquadramento."

Nem o treinador pode exercer eficazmente as suas funções se não trabalhar numa equipa multidisciplinar, nem uma Federação pode singrar se não se rodear de especialistas nas mais diversas matérias. Passámos a fase do técnico-táctico, do intuitivo e do improviso, para já estarmos na fase da dimensão cultural, científica e das relações humanas... no âmbito da actividade que exercemos.

3 comentários:

  1. Completamente de acordo. Treinadores devem rodear-se de especialistas. A federaçãotambém.

    Os primeiros já o começaram a fazer... a segunda nunca o fará - pelo menos em relação a alguns especialistas especializados que foram tomados de ponta... é o velho ditado: quem não está comigo está contramigo,mesmo que essa pessoa seja superior em conhecimentos e saber.

    Abraço
    Pedro Correia

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  2. Caro Armando:

    O Coaching é uma grande ferramenta... por isso mesmo professores, treinadores e federações deveriam preocupar-se com isso.

    Aproveito para te aconselhar "Coaching para Docentes - motivar para o sucesso", da Porto Editora, escrito por Juan Fernando Bou Pérez. Um bom livro que dá boas pistas para professores e formadores.

    Resto de um bom domingo!
    Luísa Costa

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  3. Mas quando é que os nossos dirigentes e os treinadores de Karaté irão perceber o que é o Coaching?

    Só se esta nova geração começar a trabalhar em conjunto criando novas sinergias... mas enquanto forem os dinossauros a estarem no poleiro isso será difícil.

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