terça-feira, 1 de junho de 2010

O Karaté ao som da poesia (I)...

Sebastião da Gama dizia que ser poeta “é estar encantado ou desencantado e contá-lo com palavras que pareçam música”. Após tomar conhecimento da carta enviada pela Associação JKF Goju-Kai Portugal a todas as associações e depois de ler na página da net da FNK-P a notícia sobre o “8º Campeonato da Europa por Regiões – Polónia” e constatar quem «nos» iria (foi!) representar, fica-se a saber porque aprecio tanto a poesia de Sidónio Muralha.

Em «ÂNGULOS DIFERENTES» ele escreve:

A diferença
entre cavalgar
e ser cavalgado
é pesada
contundente
crucial.

Cavalgando, o cavaleiro exclama:
– é épico.
Cavalgado, o cavalo constata:
– é hípico.

Frases de pouca monta
totalmente desmontadas
quando é o cavalo que monta
o cavaleiro.

Mas não me fico por este poeta! Também admiro o poeta militante, José Gomes Ferreira, principalmente quando ele imperativamente afirma no início de «MENINO QUE VAIS NA RUA»:
Menino que vais na rua,
não cantes nem chores: berra!
Cospe no céu e na lua
e aprende a pisar a terra.

E mais ainda quando no final do mesmo poema remata peremptoriamente:
Menino que vais na rua,
não chores, nem cantes: berra!
ou, então, salta p'rá lua
e mija de lá na terra.

Penso que são os dois poetas que melhor definem a realidade do actual panorama do Karaté português! Para além de pensar que um pouco de poesia (para além de pedagogia) é uma das coisas que faz falta no «nosso» Karaté...
Se não perceberem, talvez depois vos possa explicar...
... porque como escreveu Bertolt Brecht em «LENDO HORÁCIO»:
Nem o próprio dilúvio
Foi eterno.
Um dia as negras águas
Partiram. Mas como,
É verdade, houve poucos
Sobreviventes.


... ...

4 comentários:

  1. Lamento, mas não entendo a ligação entre os execertos de poesia apresentados e a notícia sobre o 8º Campeonato da Europa por Regiões... e o actual panorama do Karaté português.

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  2. Caro Armando !
    É sempre bom ver citados alguns dos nossos melhores poetas, neste caso alguns daqueles que mais se "rebelaram " contra as injustiças e contra as diferentes formas de tirania em defesa da razão e da justiça. Presumo que a escolha destes poetas não foi inocente, será que te : "Apetece saltar para lua" ?- Não quererás dizer-nos o que se passa com "as negras águas" ? Não esperes pelo fim do dilúvio, desembainha já " a tua espada de samurai".
    Conta-nos o que te "vai na alma". Desabrocha a tua razão.
    OSS!

    Grande abraço,

    Luís Sérgio

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  3. Fernando Gonçalves7 de junho de 2010 às 14:06

    Armando, compreendo que remar contra a maré seja complicado. Este é um problema recorrente da nossa actual sociedade. Os valores que falam mais alto agora, são os financeiros e da sede de Poder. Poucos são os que vêm mais que o próprio umbigo, e que põem à frente objectivos comuns e conjuntos em detrimento dos seus próprios. Já não é o ‘sonho que comanda a vida’, é mais a ganância, a vontade de ter mais e subir custe o que custar, passando por cima de quem for necessário. Creio que este é mal generalizado na nossa humanidade. Para quem tiver tempo deixo aqui 2 links de 1 manifesto que me acompanha à muito. Sempre que preciso, leio-o. Acho que muitos os deviam fazer todos os dias. É do filme ‘The Great Dictator’ do Charlie Chaplin. Para mim é verdadeiramente inspirador e intemporal. O mal não está na Politica, Educação, Saúde…ou no Karaté, mas sim em muitas das pessoas que usam os diversos sectores da sociedade em vez de os servirem. Para quem não conhece as palavras de Chaplin leiam, oiçam e digam-me o que acham. Texto: http://www.freshblurbs.com/look-hanna , Video: http://www.youtube.com/watch?v=5IvPIWzQcUY

    Abraço,
    Fernando Gonçalves

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  4. Efectivamente gostava de perceber o que é que nos quer dizer de verdade...quem foram os atletas que nos representaram? Que carta é essa que menciona? Explique-nos o que se passou.

    Abraço

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