sábado, 5 de fevereiro de 2011

Aos mais antigos... uma proposta de reflexão!

Imaginemos que somos anões e que tudo aquilo que temos de aprender, ou tudo aquilo que somos obrigados a fazer, nos é imposto por gigantes que circulam à nossa volta... Suponhamos que nos encontramos de repente mergulhados num mundo severo e rigoroso, onde temos de ter atenção a tudo e onde temos de nos concentrar nas tarefas a executar, no qual temos de realizar movimentos até então desconhecidos, alguns até assimétricos, executá-los com perfeição, memorizar sequência dos mesmos e que, ainda por cima, cada um deles tem um estranho nome...

E após estas hipóteses, não teremos acabado de entrar no mundo das nossas crianças que aprendem Karate-Do?...




Será que já equacionámos se é a criança que tem de se adaptar ao Karate-Do, ou se é este que tem de se adaptar a ela própria? Como responsáveis, poder-nos-emos limitar a transmitir a técnica?

Como responsáveis, poderemos deformar em vez de construir? Ser-nos-á permitido transmitir só conhecimentos e não criar condições que permitam a aquisição harmoniosa dos mesmos?

Estaremos a contribuir para uma formação desportiva e pessoal de futuros adultos?




Quando tanto se fala em que é necessário repensar o modelo competitivo dos mais novos, quando se aborda a problemática do ensino do Karaté às crianças, quando tanto se propala o seu desenvolvimento harmonioso e equilibrado, lembrámo-nos de desenterrar um velho texto no n.º 2 do «Sendatsu», publicado pela PGKS em Maio de 2002 e assinado por Cristina Lopes, com o título deste post e que transcrevemos dada a sua actualidade... quase nove anos depois!

Quando se fala no modelo de formação italiano preconizado por Pierluigi Ashieri, com o qual concordamos na íntegra, apesar de entre nós existirem os seus detractores, recordamos as vantagens de um modelo de ensino pedagógico e completamente cientificado. De qualquer modo, nada que há muitos anos não se fizesse embora mais empiricamente (até porque "a imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo." como disse Einstein), pois o desenvolvimento do domínio do corpo e da percepção espaço-temporal são fundamentais durante as fases sensíveis do desenvolvimento. Mas a necessária atenção também deverá ser dada ao domínio do objecto - de vários objectos ao "objecto" ser humano, companheiro e adversário - assim como à sociomotricidade (esta última com futuras implicações éticas, morais e axiológicas). Não são só as capacidades condicionais que relevam importância, mas as coordenativas e as psico-cognitivas dinâmicas também... e principalmente!

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