-----Em qualquer actividade, desportiva ou não, objectivar o fim último e alcançá-lo tem pelo menos como componente a concentração – onde o silêncio se ouve ainda como mais silêncio e o vazio se torna mais vazio… Silêncio do corpo em movimento, vazio da mente, ambos contínuos, fluidos...
-----Esse fim último reside em superar as dificuldades, ultrapassar as adversidades, lutar contra si próprio e ao mesmo tempo contra os outros, contra os elementos, em suma, construir-se – opor-se, combater, cooperar, estar em harmonia… O caminho que se percorre entre a oposição e a harmonia está repleto de outras componentes: umas de índole pedagógica e psicológica, outras de carácter mais técnico e científico, algumas de carácter mais sociológico e de gestão, mas todas elas abarcando uma axiologia antropológica que permitem e resultam na realização do ser humano com vontade moral e ética a fim de não se reduzir a um instrumento desprovido de intencionalidade, submetido somente a uma lógica de arbitrário cariz etológico. E essas componentes devem permitir-nos “distinguir o «Bem» do «Mal»” para que o homem não se anule “gradualmente na prática de uma moralidade de indiferença” (1).
-----Costumamos englobar essas componentes nas noções de treino e de competição, por vezes forma clandestina da noite se abater sobre a calçada onde morrem Homens que nunca viveram…
-----Esse fim último reside em superar as dificuldades, ultrapassar as adversidades, lutar contra si próprio e ao mesmo tempo contra os outros, contra os elementos, em suma, construir-se – opor-se, combater, cooperar, estar em harmonia… O caminho que se percorre entre a oposição e a harmonia está repleto de outras componentes: umas de índole pedagógica e psicológica, outras de carácter mais técnico e científico, algumas de carácter mais sociológico e de gestão, mas todas elas abarcando uma axiologia antropológica que permitem e resultam na realização do ser humano com vontade moral e ética a fim de não se reduzir a um instrumento desprovido de intencionalidade, submetido somente a uma lógica de arbitrário cariz etológico. E essas componentes devem permitir-nos “distinguir o «Bem» do «Mal»” para que o homem não se anule “gradualmente na prática de uma moralidade de indiferença” (1).
-----Costumamos englobar essas componentes nas noções de treino e de competição, por vezes forma clandestina da noite se abater sobre a calçada onde morrem Homens que nunca viveram…
-----O treino só terá um reflexo positivo no espelho da vida se for um «formar» e não um «amestrar». A competição e o espectáculo só serão dignificantes se se desenrolarem contra (entre) semelhantes e com oportunidades iguais (um mito do desporto!) – o homem e a natureza, o eu e o outro, o raciocínio lógico e a inteligência emocional, o confronto e a harmonia – tal como só se dignificará os mesmos se existir cooperação entre diferentes – eu e as minhas circunstâncias, como diria Ortega y Gasset. “É a diversidade que enriquece a igualdade, é a igualdade que dá o significado comum que assegura dignidade vivencial à diversidade” (2).
-----O treino e competição não foram feitos a pensar na saúde do indivíduo, mas levam a uma eficácia, transparente no espectáculo, em que são os meios que justificam os fins e não o inverso. Como se deve salientar, “o essencial não é o que foi feito do homem, mas o que ele faz daquilo que fizeram dele” (3).
-----A técnica – pensar, sentir, agir – e a táctica – em que a cooperação transforma o adversário não num inimigo mas num parceiro, em que transforma o colega numa simbiose consigo próprio – fazem com que o desporto tenha de rejeitar a guerra e o espectáculo realce o sublime e o estético.
-----Movimentar o «eu» e o corpo, deslocar ou deslocar-se em movimento – espaço e tempo, quatro dimensões –, fazer o pensamento fluir numa corrente contínua desde a percepção passando pela tomada de decisão até ao acto intencional, transcendendo-se, parecem ser integrantes destas actividades. Atingir o cume onde o mais difícil é regressar ao ponto de partida, controlar o espaço-tempo, aprender mais com a derrota que com a vitória e deslumbrar os outros numa sincronização e coordenação motora e auditivo-visual perfeitas também parecem ser integrantes do desporto.
-----O caminho é infinito…
-----O treino e competição não foram feitos a pensar na saúde do indivíduo, mas levam a uma eficácia, transparente no espectáculo, em que são os meios que justificam os fins e não o inverso. Como se deve salientar, “o essencial não é o que foi feito do homem, mas o que ele faz daquilo que fizeram dele” (3).
-----A técnica – pensar, sentir, agir – e a táctica – em que a cooperação transforma o adversário não num inimigo mas num parceiro, em que transforma o colega numa simbiose consigo próprio – fazem com que o desporto tenha de rejeitar a guerra e o espectáculo realce o sublime e o estético.
-----Movimentar o «eu» e o corpo, deslocar ou deslocar-se em movimento – espaço e tempo, quatro dimensões –, fazer o pensamento fluir numa corrente contínua desde a percepção passando pela tomada de decisão até ao acto intencional, transcendendo-se, parecem ser integrantes destas actividades. Atingir o cume onde o mais difícil é regressar ao ponto de partida, controlar o espaço-tempo, aprender mais com a derrota que com a vitória e deslumbrar os outros numa sincronização e coordenação motora e auditivo-visual perfeitas também parecem ser integrantes do desporto.
-----O caminho é infinito…
(1) Luís de Araújo, 2010, “Ética”, Lisboa, INCM.
(2) Artur Parreira, 2010, in Prefácio, Paulo Finuras, “Humanus – Pessoas Iguais, Culturas Diferentes”, Lisboa, Ed. Sílabo.
(3) Luís de Araújo, op. cit..
Todo o praticante que procura o contínuo aperfeiçoamento acaba por chegar à conclusão de que os momentos perfeitos são aqueles em que ele "não está lá". Mushin no shin, ou "a mente da não-mente", é a procura incessante de todas as artes, sendo que, ironicamente, só pode ser encontrado quando não é procurado. Dado que o meu interesse recai mais na vertente desportiva sinto, por vezes, que tal não é encarado como arte. Parece-me que actividades físicas de cariz competitivo são, ainda, percepcionadas por muitos, como uma faceta humana mais primitiva, não digna de ser colocada na categoria de "arte". Alguém que se sujeita ano após ano a um aperfeiçoamento contínuo de técnica e táctica, bem como de capacidade intuitiva, sujeito continuamente a possíveis lesões, apenas com o objectivo de atingir um apogeu que poucos anos dura é, na minha opinião, um verdadeiro artista!
ResponderEliminarUm grande abraço,
Nuno Almeida.