segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Portugal dos pequeninos...

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-----O meu amigo Joaquim Gonçalves, Professor de Educação Física, Formador da FNK-P e Seleccionador Nacional de Karaté, na acção de formação de 22 de Janeiro na FMH teve a oportunidade de nos dizer que “Mourinho defende aqueles que estão com ele até à exaustão” mostrando assim um verdadeiro trabalho de equipa.
-----Não perdi a ocasião de, nesssa mesma acção de formação, complementar as suas palavras, aquando da minha intervenção, afirmando que essa é a grande diferença entre um líder e um gestor. E agora justifico, porque, como disse Leo Rosten (1908-1997), escritor nascido na Polónia debaixo do domínio russo, “profissionais de primeira categoria contratam pessoas de primeira, enquanto profissionais de segunda contratam gente de terceira”. E como também disse este mesmo autor, “os extremistas julgam que comunicar é concordar com eles”.
-----Porque na nossa modalidade a procura do poder e do protagonismo por alguns (felizmente alguns!) é uma constante... o que os leva muitas vezes a intervirem em áreas que não são da sua especialidade! Porque na nossa modalidade quando há uma equipa é difícil descortinar o líder e o gestor (porque o líder quer ser gestor e o gestor quer ser líder e acaba por haver o líder-gestor-omnipotente-autocrático*) e por isso as divergências não se resolvem internamente no seio da mesma acontecendo sempre cisões... porque alguém tem de fazer prevalecer a sua opinião...
-----O que me fez lembrar uma crónica sobre José Mourinho, escrita por Duarte Moral, e que não resisto a transcrever, pois é um exemplo para o Karaté nacional e que nos mostra como devemos pensar grande:
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«Contra o Portugal dos paninhos quentes, das meias-palavras, do meio-termo. Contra o Portugal da meia-dose, dos caldinhos de galinha, dos brandes costumes, dos medos de correntes de ar, dos medos do próprio ar, dos medos de tudo e de nada, até do medo de ir em busca da própria felicidade. Contra o Portugal do “desculpem qualquer coisinha”, dos “pobrezinhos mas honrados” e do “cá vamos indo”. Contra o Portugal reverendo e obrigado, o Portugal “feira e cabisbaixa” e “remorsos de todos nós”, de que falava Alexandre O’Neill. Contra o Portugal bafiento, do orgulhosamente só e das gloriosas vitórias morais. Contra o Portugal conformado, das mãos nos bolsos, da inércia, dos braços caídos. Contra o Portugal medroso e desistente, que não corre riscos, que não se aventura, que fica em casa. Contra o Portugal corroído pela inveja, pelo ciúme, pela desconfiança do outro. Contra o Portugal pequenino, contra os pequeninos de Portugal.
Parabéns, José Mourinho, português e orgulhoso, português e confiante, português e vencedor. Sim, nós podemos.»
(
Duarte Moral, “Em Bolandas”, Correio da Manhã – Sport, 15.Jan.,2011, p. 20.)
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E como já disse, não sou admirador incondicional de Mourinho, pois por vezes detesto a sua vaidade e alguns dos seus métodos...
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*Neste ponto, quase que me apetece remeter-vos para o Sr. Smith, "O Perfeito" do meu amigo José Ramalho em http://gojuhoshindo.blogspot.com/ ou para uma história excepcionalmente bem contada, a "história de uma rã", a rã cozida, em http://www.youtube.com/watch?v=xp97IcRSYpg de Jorsgeschlee...

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