Regressamos a Mizaru (o macaco que não vê o Mal), Kikazaru (o que não ouve o Mal) e Iwazaru (o que não fala sobre o Mal), para nos questionarmos se de facto serão sábios.
A informação gera conhecimento e este transforma-se em sabedoria...
Como poderá qualquer um dos macacos sábios saber quando vê o Bem, ter consciência de que ouve o Bem, conhecer quando fala bem sobre o Bem, se antes não vivenciou o seu contrário?
No século XVII esta poderia ser uma perspectiva em vigor, mas só há branco quando existe o preto: é a teoria do yin e do yang... só sabemos e conhecemos o Mal quando sabemos e conhecemos o Bem - e saber e conhecer não são exactamente a mesma coisa...
Numa sociedade democrática que se pretende cada vez mais transparente e mais justa, onde existe a liberdade de expressão, sábios são os macacos que ouvem, vêem e falam o Bem porque conhecem o Mal.
As opiniões, desde que fundamentadas, provadas e irrefutáveis, não são para serem deixadas na gaveta, mesmo que não sejam pedidas. Principalmente quando forem para denunciar injustiças ou irregularidades. Watergate foi um primeiro exemplo, Murdochgate um dos últimos.
Claro que há a confidencialidade quando pedida! Claro que há o «off the record!». Claro que há a inviolabilidade da correspondência! Claro que há a privacidade do indivíduo!
Miguel Deusdado, no «Jornal de Notícias» de 21 do corrente terminava a sua crónica dizendo que "por muitas voltas que se dê, há coisas no jornalismo que não mudam: verdade, justiça, interesse público. Por muito vertiginosa que seja a velocidade do progresso, estes princípios pairam no tempo e não deveriam mudar. O jornalismo nasceu assim, que morra ou sobreviva assim. Mas há uma pergunta que é uma espada de Dâmocles: o que querem afinal os leitores?"
Mas começava esta sua coluna com as seguintes palavras: "Grandes órgãos de informação, alguns deles líderes, traficam notícias como se fossem droga. E milhões de leitores querem ver esse mundo degradado, a uma distância voyeur, lamentando repetidamente a decadência a que se chegou (e de que eles, obviamente, não fazem parte). Querem, e têm. Sangue? Escândalos? Tomem lá. Traições, ódios, coscuvilhices... Com fotos ou imagens, se possível. Lamentável e maravilhoso. Mas triste."
Serão na realidade, actualmente, sábios os três macacos?
Como disse Einstein, "o mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer."
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Caro Armando!
ResponderEliminarmais um bom post, na verdade com macacos ou sem macacos, mais macaco menos macaco, penso que quem tem razão é o Einstein. Sim! O mundo está mau não só pelos maus, mas, sobretudo, pelos justos, pelos bons que se limitam a assistir e nada fazem. Até quando?
Grande abraço,
Boas férias para ti e restante família.
Luís Sérgio