Rui Santos é jornalista comentador da SIC e cronista do jornal «Record», onde publica hoje, 29.03.2012, na página 2 da edição impressa, a crónica que aqui transcrevemos parcialmante, com a devida vénia:
Os árbitros quiseram deixar de ser “anónimos” e contribuíram muito para aquilo que (de grave) está a acontecer. Quiseram adquirir importância e notoriedade.
Quiseram alcançar o estatuto de “estrelas”, a par de jogadores e treinadores. Os árbitros fazem-me lembrar aquelas “figuras públicas” que, num determinado momento das suas vidas, se colocam a jeito das revistas cor de rosa, e, depois, já cansadas de tanta exposição, queixam-se de não ter privacidade. Contudo, nada justifica – nem essa irresistível queda no “caldeirão da fama” – a entrada em cena do monstruoso Big Brother, capaz de tornar acessível a todos aquilo que deve ser do domínio privado, em nome da protecção do valor da cidadania.
Por mais resistência que se peça aos portugueses, não se trata de um caso de pieguice. É um caso muito sério de “direito à segurança” que não se pode nem deve alienar.
Outra coisa, bem diferente, é a chamada de atenção para as deformações do sistema, que potenciam o erro. O erro de facto e o erro por influência.
Em relação ao erro de facto já todos percebemos que numa superfície de 120x60 metros, mesmo com a ajuda de 2 ou 4 auxiliares e de um 4º árbitro, não é fácil decidir bem em todas as situações. É para isso que servem as reformas. O Mundo avança e o futebol está parado. Há algum paradoxo maior que este? A competição tornou-se mais rápida, mais atlética, mais “científica”, alcançou uma dimensão “industrial” e “comercial” compatível com a sua capacidade de gerar receitas (não confundir com a capacidade também enorme de destruir essas receitas…) mas as “leis do jogo” não acompanharam a evolução das sociedades modernas nem do futebol em si mesma. É também por isso que se estagnou nesta visão de erro por influência. É sobre ela que recaem há muito as atenções (e as movimentações), com maior prevalência nos países latinos.
Em vez de reformas, a persistência na manutenção ou na mudança das plataformas que geram essas influências.
(…)
Provada a existência de 2 erros: o erro de facto e o erro por influência.
ResponderEliminarO futebol deixou-se ultrapassar baseado na "paixão" e no "erro humano". Por acaso? Penso que não. As apostas nos jogos - as legais e as ilegais (veja-se o que se passa em Singapura e em Hong King, veja-se o que se passa na FIFA) - movimentam muitos dinheiros e interesses. Daí o não ser aconselhável "cientificar" o jogo de futebol em si... Já se provou que um fora-de-jogo não é humanamente detectável a 100% por uma pessoa numa Universidade dos EUA.
Por outro lado, um árbitro é um juiz - por isso lhe chamam juiz por vezes - mas quem não acredita na nossa justiça civil e penal vai acreditar na justiça desportiva?
Forte abraço!
JA Neves
Claro que não é Hong King nem King Kong. Penso que se percebe que é HONG KONG.
ResponderEliminarAs minhas desculpas...