Esta semana o Presidente da República afirmou que "há um conjunto a que nós chamamos aqui, hoje, os novos pobres (...)".
O termo não é novo. Recordamo-nos que já em 2008 o jurista Pedro Lomba nos afirmava no Diário de Notícias (aqui) que "os «novos» pobres são mais propensos a casos de criminalidade do que no passado". E no mesmo artigo o autor revela que "percebemos que o núcleo do problema não é económico mas cultural. Depende das políticas de desenvolvimento humano que podem levar grupos de pobres especialmente vulneráveis a interiorizar valores de educação, aprendizagem social e preparação do futuro."
Mas na semana em que se falou dos "novos pobres" queremos trazer aqui um texto sobre os ricos, da autoria de Mia Couto e datado de 14.09.2011, que transcrevemos com a devida referência de «Liberal Online».
"A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza.
(...)
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas.
Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.
Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (....)".
Este texto exemplar poderá ser lido na íntegra aqui .
Já dizia Eça de Queiroz: "Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente. E pela mesma razão." Quase que nos atreveríamos a acrescentar que os ricos também...
Este texto exemplar poderá ser lido na íntegra aqui .
Já dizia Eça de Queiroz: "Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente. E pela mesma razão." Quase que nos atreveríamos a acrescentar que os ricos também...
Sensei Armando:
ResponderEliminarOs novos pobres deviam ser mudados, os políticos deviam ser mudados, os ricos deviam ser mudados, as fraldas deviam ser mudadas (tudo frequentemente), mas de nada servirá se as moscas continuarem a ser as mesmas.
Um abraço.
Pedro Correia
Michael Marmot no «Público», hoje, 04.03.2012, p. 32:
ResponderEliminar"Por cada 1% na subida da taxa de desemprego, os suicídios crescem 0,8%."
"Se se for pobre e burro fica-se burro, se se for burro e rico recupera-se. É a prova de que os genes não definem o destino e que a envolvência social é determinante e que o social potencia o biológico."
Uma entrevista onde este especialista em determinantes sociais da saúde e do impacto da pobreza na mortalidade afirma que "o empobrecimento pode provocar milhares de mortes prematuras em países como Portugal e Grécia" pode ser lida em http://apontamentos.blogspot.com/2012/02/michael-marmot-entrevista.html.
Caro Armando:
ResponderEliminarPortugal não é um país em crise. Portugal é um país onde há muito dinheiro, está é mal distribuído. Quantas comissões para estudo disto e daquilo, quantos estudos disto e daquilo, tudo a ser pago por nós? Quantas viagens, quantos almoços, quantos alojamentos, tudo a ser pago por nós?
Ficámos sem subsídio de férias e 13º mês, mas para os trabalhadores da TAP há uma exceção... Eles trabalham mais do que nós? Não, é por estar a ser privatizada, é por estar numa zona de concorrência...
Quando os pobres começarem a pensar com a barriga, i. e., quando começarem todos a roubar para sobreviver, o que vai ser deste país?
Um abraço.
Caro Dr. Armando:
ResponderEliminarSobre este post transcrevo o diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:
Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço...
Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado... é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - Criando outros.
Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: - Sim, é impossível.
Colbert: - E sobre os ricos?
Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável. É a classe média!
Caro Armando:
ResponderEliminarNa sequência do meu comentário anterior, agora temos a exceção para a Caixa Geral de Depósitos...
Deixo-te aqui o que foi dito há precisamente 210 anos (coincidência? premonição?), numa altura em que não havia computadores, estatísticas, sondagens, análises de mercado, agências de rating...
Thomas Jefferson, em 1802 afirmou:
"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que o levantamento de exércitos. Se o povo Americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão da sua moeda, primeiro pela inflação, e depois pela deflação, os bancos e as empresas que crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os seus filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais conquistaram."