quinta-feira, 15 de março de 2012

Crer e Poder - da Prof. Dr.ª Jenny Candeias


"
Estive atenta ao programa da TVI sobre jovens desportistas vocacionadas para o alto rendimento. Têm grande motivação e objetivos ambiciosos. Tantos que nem se importam em não acompanhar a vida dos jovens da sua idade. Não são tão raras como se possa pensar, admiro-as, conheci e conheço várias. Todavia, hoje servem apenas como ponto de partida para o tema. É que gostava que a TVI – ou utra – entrevistasse também jovens que fazem desporto sem mais ambições que não as de formação e ocupação de tempos livres e outros que, tendo treinado intensamente, ficaram pelo caminho e porquê. Essa informação seria importante para quem legisla e dirige o desporto; para os contribuintes que devem saber como nele são aplicados os impostos; e para os pais que se preocupam com os filhos, no que respeita a alcançarem objetivos e com meios materiais e humanos que o país lhes deve proporcionar. Seria mais evidente a distância existente entre uns e outros: no enquadramento social; na (in)adequação da legislação a alguns; nas instalações indispensáveis; e, por fim, mas não exclusivamente, na diferente formação de treinadores, sua responsabilidade, sua responsabilidade no treino de alto rendimento, nos meios de recuperação (in)existentes, ou nas lacunas nas fases de iniciação, seja de quem for.
(…)
Ora, hoje em dia, não temos pessoas que sirvam, ao mesmo tempo e com igual eficiência, desporto de lazer e de alto rendimento. A formação e orientação de ambos são muito diferentes e(…) duvido que haja –  cá como lá – quem saiba tudo de todos, ou sequer tudo sobre o mesmo, nos diferentes objetivos e níveis. Ainda bem que ao contrário de mim, existem mais crentes na respetiva sapiência."

Crónica de Opinião, hoje, 15 de Março de 2012, no jornal «A Bola», página 40.

6 comentários:

  1. Na realidade, deveria haver treinadores, independentemente da sua graduação, do seu grau de treinador e das suas habilitações académicas, que se especializassem nos escalões de formação, no treino de lazer, no treino de defesa pessoal, no treino de alto rendimento...

    Mas isto deverá ser areia a mais para o novo programa de formação.

    Um abraço
    JA Neves

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  2. Por um acaso que não interessa (porque não costumo ler blogues) não resisto a esclarecer, ou responder, como entenderem e no mais curto espaço possível. Não é apenas um caso de «dever» haver... Quanto a mim é antes um caso de de-fi-ni-ção de objetivos,or-ga-ni-za-ção;e va-lo-ri-za-ção de quem trabalha da área de formação. No nosso país e salvo as exceções entregue a principiantes ou pessoas de menor formação,quando deveria ser, precisamente ao contrário. Não há maior cego do que quem não quer ver (e esta frase não é para quem me precedeu...) Jenny Candeias

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  3. Cara Professora Jenny Candeias:

    Obrigado pelo seu comentário e, já agora, pela leitura deste blogue. Várias vezes tenho publicado excertos de crónicas suas que põem o dedo na ferida...

    Trabalhar com os mais novos deveria ser feito por quem tem mais competências, por quem tem mais conhecimentos e por quem tem mais aptidões para trabalhar com crianças. Infelizmente no nosso país não é assim, queimam-se os escalões de formação e depois esperamos que no alto rendimento surjam milagres.

    Deixemos o alto rendimento para quem sabe de alto rendimento...

    Completamente de acordo consigo!

    Um abraço amigo

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  4. Exm.ª Sr.ª Prof.ª Dr.ª Jenny Candeias:

    Obrigado pela sua achega.

    O Dr. Armando Inocentes é um homem da formação (não me passou procuração!). Trabalha com crianças apesar de ser 5º Dan de Karaté, Treinador de Grau 4, Licenciado em Educação Física e Mestre em Formação Desportiva. Têm-nos dado muitos e bons exemplos, e alguns atletas por si formados mais tarde atingiram patamares elevados. Isto só quer dizer que é na formação que se começa e deve começar-se com quem é competente técnica e pedagogicamente!.

    Mas a formação não dá visibilidade, não dá louros... e por vezes até dá uma certa ostracização a quem contesta quanto trabalha com vista ao futuro. Foi o que lhe aconteceu! Desvalorizaram-no, de Director de Formação de uma Federação (de que se demitiu) e de formador passou "à reserva"...

    Vão lá as federações definir objectivos, estabelecer metas a longo prazo, formar em vez de deformar seres que se pretendem Homens de Futuro... não, o que interessa é a medalha, o resultado!

    Os meus cumprimentos!

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  5. Mas onde é que já vi isto?...

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  6. Onde é que a Professora já viu isto? Só pode ter sido em Portugal. Não deve ser por acaso que o Sensei Armando transcreve aqui de vez em quando algunas das suas crónicas da «Bola».

    A Professora diz acima que gostaria de saber porque é que outros, tendo treinado intensamente, ficaram pelo caminho e porquê. Nós também... Poder, dinheiro e interesses falam sempre mais alto. Estamos em Portugal!

    Cordiais saudações.
    Pedro Correia

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