quinta-feira, 22 de março de 2012

Ignorância, descuido ou falta de revisão?


Joséverson Goulart (ex-praticante de Gōjū-Ryū - 剛柔流 e Professor de Japonês), Denis Andretta (praticante de  Shitō-Ryū - 糸東流) e Adriana Sati Tanaka (praticante de Shōtōkan - 松濤館)   são experts que mostram preocupação em transmitir os seus conhecimentos de língua japonesa aos karateka (空手家).

A tal ponto que esta última, no último post do seu blog coloca a questão: "Para praticar karate devo ajaponesar-me? CLARO QUE NÃO!". Mas já anteriormente tinha abordado o assunto: "Quem pratica karate deve aprender a língua japonesa? Deve sim adquirir um conhecimento básico, nem que seja o mínimo.

Colocarem num cartaz de um estágio de Gōjū-Ryū  (剛柔流) o símbolo/ideograma do Kyokushinkai (極真会) é uma calamidade! Como diz David Morrell, no Japão "se não podemos controlar as calamidades que o mundo inflinge sobre nós, podemos, pelo menos, controlar a disciplina e a dignidade com que encaramos essas calamidades".




As diferenças de ideogramas são notórias. Por muitas competências, conhecimentos e sabedoria que possam ter os orientadores desse estágio, sentimo-nos, como praticantes de Gōjū-Ryū (剛柔流), enganados. Claro que o cartaz pode não ter sido elaborado por esses experts, os organizadores podem não saber japonês, claro que os designers podem nada saber de Karate-Dō (空手道), mas  nas Artes Gráficas há uma situação que se chama "revisão"... e aí deveriam ser chamados esses experts a opinar!

Ficou o cartaz mais bonito com um "arabesco" no centro? Ficou, mas, por favor, deixem de enganar os incautos!
アルマンド  イノセンテス

9 comentários:

  1. Agradecido pela lembrança da minha pessoa!

    Em minha humilde opinião o que ocorre nos dias de hoje são as três coisas em simultâneo...

    Ignoram... o sentido real dos termos... o que por si só já um descuido.

    Revisão? Para que? Se ninguém sabe japonês mesmo (os japoneses não estão aqui incluidos... rsrsrsrs)

    Em quase todo canto há esta péssima combinação: Ignorância, descuido e falta de revisão.

    Porém, quem procura acha... e da mesma forma... quem quer fazer um bom trabalho se esforça.

    Saudações,
    Denis Andretta.

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  2. OSS Inocentes Sensei:

    Hoje muito tem se perdido da Tradição Marcial. São raras as escolas que se tem a preocupação de ensinar a linguagem marcial de sua arte.
    Muitos instrutores acham que é perda de tempo, dedicar momentos de estudo do Tetsugaku. Enfatizam apenas a técnica. Quem perde com isso é o aluno, que tem sua formação incompleta.
    Um praticante sem conteúdo é apenas uma concha vazia. Até um chimpanzé aprende técnicas se adestrado. O conteúdo é o que diferencia o Artista Marcial do Atleta Marcial.
    Mais importante do que ensinar uma "arte", é saber o que se está ensinando. Fico feliz quando encontro Sensei que tem essa preocupação de manter a Tradição viva, em aspectos que equilibram a técnica, a filosofia e a espiritualidade das Artes Marciais.

    Um Grande Abraço!

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  3. Inocentes Sensei.

    Permita-me apenas colocar a minha simples opinião a respeito da falta de observação das regras elementares do "idioma japonês" apresentado no referido cartaz, pois existem alguns pontos que saltam à vista pela negativa:

    1º. Um sistema de trancrição fonético oficial dos ideogramas japonesas... não existe.
    Mas escrever as palavras japonesas "ao calhas" é a regra geral (a falta de pesquisa sobre a informação apresentada), por isso não me surpreende nada, nada.

    2º. Palavra japonesa com "plural" terminado em "s" ("Katas")... isso não existe!
    As palavras japonesas são SEMPRE escritas no singular: "os kata".
    Mais uma vez, um plural de palavras japonesas com base no idioma português é a regra geral (a falta de verificação da informação apresentada), portanto... não é nada de novo.

    3º. A palavra Kyokushinkai que está no centro do referido cartaz é a caligrafia do Mestre Ōyama Masutatsu, o que pode parecer um tanto "esquisita" aos oulhos de muitos, por isso, seguem a seguir as respectivas palavras de uma forma mais legível:

    - Kyokushinkai
    極 Kyoku
    真 Shin
    会 Kai

    e

    - Gōjū-Ryū
    剛 Gō
    柔 Jū
    流 Ryū

    É notória a diferença entre ambas expressões (já indicada pelo Inocentes Sensei).
    Mas, novamente... há alguma novidade?

    Concordo com Inocentes Sensei: talvez a falha tenha ocorrido na "revisão". Mas a realidade pura e dura é que o ERRO passou! E num estágio que supostamente era de Gōjū-Ryū traz no cartaz Kyokushinkai.

    "Qual é a relevãncia disso?" perguntariam alguns.
    Qualquer instrutor tenha a preocupação de ensinar "o certo" a respeito do Karate sabe a resposta para esta pergunta! (^_^)

    Devemos, por outro lado, refletir a respeito de que esses erros são o que encontramos em 99,99% das informações transmitidas a respeito das artes marciais japonesas ensinadas e (re)transmitidas no ocidente, onde a acomodação ao erro valida a informação incorreta, quase que se torna uma rotina de "verdades absolutas" defendida por um grande número de instrutores que não se querem dar ao trabalho de estudar o Karate-dō... Infelizmente.

    Não é o número de Dan que determina um Sensei, mas o seu conhecimento efetivo. Aprender certo, transmitir certo... é o mínimo que se espera de alquém que se propõe a ensinar, daí eu dizer que a corrida aos Dan não se compara à corrida pelo conhecimento (e esta última não vê a cor do cinto nem o número de Dan do seu portador).

    文武一 BUN BU ICHI.
    "A literatura (estudar) e o militarismo (treinar) devem ser como uma única coisa".

    (^_^)

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  4. Então agora os especialistas querem que saibamos falar japonês? Um oi-tsuky não é um murro ou um soco? Um mae-geri não é um pontapé frontal? Nem já no futebol se fala de corners, keepers ou off-sides. Não conhecemos os nomes das técnicas, das kata e dos estilos?
    Treinem, mais treino e menos livro.
    Cumprimentos!

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    1. Caro António Taborda.
      (In)felizmente o que acabaste de escrever é um "excelente" exemplo daquilo que temos falado em inúmeros foruns, isto é, a transmissão de informação incorreta, a acomodação ao erro e a pouca (ou nenhuma) vontade de realmente APRENDER Karate por um grande segmento praticantes. (Os Karateka não são a este nível de erro chamados.)
      Esta mentalidade errada é evidente na linha de pensamento irracional e pouco culta expressa pela frase "mais treino e menos livro".
      Por quê? Porque, para começar, "oi-tsuky" não existe!
      O que existe é oi-zuki... ("Oi-tsuky" é o produto, mais do que evidente, de uma "falta de livro" elementar da parte de quem o escreve).
      Além disso, a "falta de livro" é que perpetua a má instrução, pois - caso não soubéssemos - o tal "oi-tsuky" iria passar - para quem leu o comentário acima - como uma opinião fundamentada a respeito do Karate quando não passa de um erro quase "primário" da referida e menosprezada "falta de livro".
      Há ainda outro enorme equívoco nas tuas palavras quando dizes: "Então agora os especialistas querem que saibamos falar japonês?".
      Nunca foi dito, em parte alguma ao longo destes "posts" que para treinar Karate era necessário "falar" japonês (por favor, mostre-nos onde isto está escrito a fim de fundamentar a tua opinião)...
      O que temos dito e o que temos visto em todo forum sério sobre Karate é que devemos SABER (com letras maiúsculas) o MÍNIMO sobre a matéria que nos propomos ensinar. Naturalmente, isso é válido apenas para bons instrutores.
      No meu caso em particular, o que eu tenho dito é que se alguém NÃO é instrutor, escrever "oi-tsuky" está muito bom, até excelente! Porque, felizmente, não irá transmitir esse erro visível de pura "falta de livro" para outras pessoas e o erro irá ficar restrito.
      Mas, se uma pessoa é um "instrutor", um BOM instrutor (porque instrutores medíocres também existem), então esta pessoa tem de ter (ou deveria ter) o mínimo de interesse em aprender certo para ensinar certo. É isso que fazem os BONS instrutores.
      Acredito - honestamente - que a frase "Treinem, mais treino e menos livro" é aceitável se dita por alguém que não ensine Karate. Caso contrário estaremos diante de mais um daqueles conceitos deturpados e irrefletidos que são passados por "senseis" que acham que o Karate é um punhado de socos e chutes e que a teoria - que fundamenta a prática - não tem sentido.
      A situação caótica a nível do "ensino" desta arte está justamente na mentalidade equivocada e errada de que "suar o Dôgi" é a expressão máxima do Karate e que estudar a arte é algo que não se faz!
      Bons instrutores reconhecem a necessidade de "treinar e estudar" o Karate, pois têm preocupação de dar aos seus alunos um ensinamento correto tanto tecnico como teórico, ou seja, um ensino de qualidade.
      (^_^)

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  5. "Treinem, mais treino e menos livro" (!?)

    Por amor de Deus! Quem é que lhe diz que ele(s) não treinam? Podia continuar mas tinha que fazer referência a eventos como a "Kristallnacht" e depois o meu caro António Taborda tinha de ir à Wikipédia (ou pior, ler num livro mesmo) e isso tiráva-lhe tempo para o treino e a necessária recuperação activa.

    M. Camarão

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  6. Eu não ensino... treino! Para treinar e fazer kihon, kata e kumite correcto só preciso de treinar e de um bom instrutor...

    Mas obrigado pelas dicas

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  7. Caro António.
    Neste ponto estamos completamente de acordo:

    "Para treinar e fazer kihon, kata e kumite correcto só preciso de treinar e de um bom instrutor..."

    O Karate é uma arte muito interessante e, como bem sabes, cheia de pormenores. Muitas vezes, saber este "pormenor" faz bastante diferença! Por exemplo, desculpe-me por usar a frase seguinte, mas ela vai mostrar a questão do "pormenor":

    "Um oi-tsuky não é um murro ou um soco?"

    Na realidade, um Oi-zuki não é apenas "um murro ou um soco", pois quando "sabemos" realmente os termos básicos que utilizamos em Karate, definimos o Oi-zuki como "soco (murro) a avançar", onde:
    追い Oi - Avançar.
    突き Tsuki - Soco / murro.
    Aqui está o pormenor, a "diferença" de ensino/aprendizagem para a qual tentamos enfatizar a importância, pois "um soco" é diferente de "um soco a avançar".
    Pode-se ver, portanto, que alguma coisa foi perdida a nível de informação correta, não?
    António, ninguém sabe "tudo" e sempre que aprendemos algo novo, mais temos para aprender.
    Mas, para aprender algo, devemos estar "dispostos a aprender" e, em muitos casos, esta vontade é superada pelo comodismo ou pela ideia de que "já sabemos tudo" - há muito instalado no mundo do Karate.
    Daí a importância de Blogs como o do Inocentes Sensei: lançar questionamentos a respeito do que sabemos e criar um espaço aberto para comentarmos, sem necessidade de usar a covardia do anonimato, assuntos que - num passado bastante recente - nem de longe eram debatidos.
    Nesse passado bastante recente, criou-se uma atmosfera propícia para o desenvolvimento do comodismo mascarado como "verdades absolutas", onde muita informação começou a ficar fragmentada ou erroneamente transmitida, pois era passada mais como "tradição oral" (algo como "eu que é assim...") do que "escrita verificável". Neste contexto de pouca pesquisa e estudo do Karate, conceitos básicos assumiram interpretações diversas - chegando a variar de escola para escola dentro de um único estilo de Karate.
    É por isso que é importante TREINAR Karate, da mesma forma que é importante ESTUDAR Karate.

    Estamos sempre a aprender... enquanto quisermos aprender.
    (^_^)

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  8. Um murro... um soco... um papo-seco... um sopapo... um pão... uma sarda... quando não há alvo todas as setas acertam...

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